CARACTERÍSTICAS DE
UM MESTRE
“Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há
em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 2:1, NVI)
Quando Paulo chegou a Derbe e Listra, encontrou um discípulo
chamado Timóteo, filho de uma judia crente e de pai grego. Os irmãos em Listra
e Icônio davam um excelente testemunho de sua vida e caráter (Atos 16:1-2).
Esse detalhe sobre a origem de Timóteo revela o quanto ele era capaz de navegar
em diferentes culturas, algo importante para seu ministério. O jovem Timóteo
despertou grande interesse em Paulo, impressionado com seu desenvolvimento
pessoal e espiritual. Paulo, ao observar seu crescimento, decidiu levá-lo em
suas viagens missionárias, onde Timóteo foi testado e provado em várias
situações. Sua reputação era inquestionável entre os irmãos.
As cartas que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo contêm
profundas exortações e conselhos práticos, dirigidos não apenas ao jovem
discípulo, mas a todos os que seguiriam a mesma trajetória de ensino e
liderança. Entre essas orientações, destaca-se o convite a se fortificar na
graça de Cristo. Paulo não aconselha Timóteo a buscar força em sua própria
capacidade, mas a se fortalecer em algo além de si mesmo: “fortifique-se na
graça que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1, NVI).
Este chamado à força vai além de uma motivação comum. Paulo
estava falando de uma força que não provém de habilidades físicas ou
intelectuais, mas que tem como única fonte a “graça que há em Cristo Jesus”.
Essa graça não é algo que podemos conquistar ou fabricar, mas é um dom de Deus,
oferecido aos que confiam e dependem de Sua provisão divina. Essa força
sobrenatural era necessária para que Timóteo enfrentasse os desafios de seu
ministério, especialmente ao ensinar e pastorear a igreja.
Paulo, como mestre, entendia que o ensino cristão deve ser
replicável. Ele instruiu Timóteo a transmitir o que aprendeu a pessoas de
confiança, capazes de repassar o conhecimento a outros. Esse princípio de
multiplicação é central no discipulado cristão, garantindo que a sã doutrina
seja preservada e transmitida com fidelidade. Paulo enfatizava que apenas
pessoas idôneas deveriam compartilhar essas verdades, assegurando a integridade
da mensagem (2 Timóteo 2:2).
Aquele que ensina enfrenta, inevitavelmente, situações que
podem despertar temor ou insegurança. Não é fácil estar na posição de líder
espiritual e instrutor. Paulo, consciente disso, incentiva Timóteo a ser
corajoso e resiliente. “Suporte comigo os sofrimentos, como bom soldado de
Cristo Jesus.” (2 Timóteo 2:3. NVI). A vida de um servo de Deus,
especialmente no papel de ensino, não é isenta de dificuldades, pressões e,
muitas vezes, perseguições. Assim como um soldado é treinado para a batalha, o
mestre cristão também deve estar preparado para as lutas espirituais e
emocionais que encontrará ao longo de sua jornada.
Para enfrentar os desafios, o que ensina precisa de um
conhecimento sólido da Palavra de Deus, com fundamentos profundos para se
posicionar com confiança diante de confrontos. Não basta ter boas intenções; é
necessário ser um estudioso dedicado. Paulo orienta Timóteo a ser um obreiro
aprovado, que maneja bem a palavra da verdade (2 Timóteo 2:15). Isso ressalta
que o ensino cristão é sério e requer comprometimento. O mestre deve buscar
profundo entendimento das Escrituras, sendo guiado pelo Espírito Santo, para
transmitir a verdade com clareza e precisão.
Além disso, o mestre cristão deve seguir regras
estabelecidas por Deus. Assim como um atleta que se submete às regras de uma
competição, o que ensina precisa aprender a seguir os princípios divinos. A
força reside em não se deixar levar pelas suas próprias emoções ou desejos, mas
em submeter-se à vontade de Deus. Como Paulo afirma: “...nenhum atleta é
coroado como vencedor, se não competir de acordo com as regras. (2 Timóteo
2:5 NVI). Aqui, Paulo enfatiza a importância da obediência. O sucesso no
ministério não depende apenas do conhecimento, mas da submissão à direção e ao
tempo de Deus.
O ensinador pode ser comparado a um lavrador, cujo trabalho
exige paciência, perseverança e força. Ele prepara a terra, semeia, cuida da
plantação e enfrenta dificuldades, esperando pela colheita. Da mesma forma, o
mestre planta a Palavra de Deus no coração dos ouvintes, cuidando com amor e
oração, confiando em Deus para o crescimento espiritual. Paulo nos ensina que o
lavrador que trabalha arduamente deve ser o primeiro a colher os frutos de seu
esforço. A recompensa, embora demorada, é certa para quem persevera (2 Timóteo
2:6).
Assim como Paulo encorajou Timóteo, o Espírito Santo nos
fortalece hoje para perseverarmos no desafio de ensinar a Palavra de Deus.
Devemos buscar a sabedoria e força que vêm do Senhor, lembrando que Ele está
conosco nessa missão. O chamado de fazer discípulos, conforme Jesus ordenou em
Mateus 28:19, permanece para todos os cristãos. O ensino cristão é desafiador,
exigindo força espiritual e dependência da graça de Cristo. Ao nos fortalecer
n'Ele, podemos enfrentar os desafios do ministério, certos de que nossa
recompensa virá de Deus.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
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