VIAJAR PELO TEMPO

Esqueçam o que se foi; não vivam no passado.  Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo.” (Isaías 43:18,19, NVI)

A memória é realmente extraordinária; ela guarda nossas lembranças do passado e nos faz viajar pelo tempo. Acredito que essa capacidade de recordar seja um presente de Deus. Quando folheio minhas fotos antigas, é como se caminhasse por tempos distantes, reencontrando rostos queridos. Às vezes, nem preciso de fotos — basta fechar os olhos para que uma imagem mental me transporte para momentos que aquecem o coração e reacendem boas recordações.

A memória é uma grande aliada na jornada de perseverança, revivendo promessas de Deus que nos sustentam e acendendo testemunhos que fortalecem nossa fé. Em momentos de dificuldade, recordar como fomos conduzidos no passado nos dá forças para continuar. Cada lembrança de livramento e provisão é um lembrete de que o Senhor permanece fiel, inspirando confiança para seguir em frente. Como diz a Escritura: “Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança: ” (Lamentações 3:21, NVI).

O versículo de Isaías 43:18-19 nos traz uma profunda reflexão sobre o valor do presente e a importância de deixar o passado para trás, acolhendo o que Deus está realizando de novo. “Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova!”, diz Deus ao Seu povo, incentivando-o a abrir os olhos para uma nova realidade. Ele promete abrir um caminho no deserto e fazer brotar riachos no ermo, uma metáfora poderosa sobre Sua capacidade de transformar situações estéreis e difíceis em fontes de vida e renovação.

As Escrituras relatam como o povo de Israel mantinha a fidelidade ao recordar a Lei do Senhor e Suas promessas. A história dos Hebreus é marcada por essa busca constante de rememorar a palavra de Deus e os atos de livramento que Ele operou em suas vidas. Quando permaneciam firmes em Suas promessas, encontravam força e consolo. No entanto, quando se afastavam e negligenciavam essas lembranças, enfrentavam duras consequências. Por isso, a história de Israel nos ensina sobre a importância de manter viva a lembrança das promessas divinas, algo que pode nos ajudar a atravessar as provações e a nos tornar mais próximos de Deus.

Isaías 43 fala também de um novo momento que seria inaugurado através da vinda de Cristo, o “caminho” para a reconciliação entre a humanidade e Deus. Quando Deus diz “Esqueçam o que se foi; não vivam no passado,” Ele está convocando Seu povo a deixar para trás o peso das antigas alianças e a abrir o coração para o novo tempo que chegaria com Jesus, o Messias prometido. Cristo veio para estabelecer o Reino dos Céus e se apresentou como “o Caminho, a Verdade e a Vida” (João 14:6), oferecendo uma forma completamente nova de relacionamento com Deus.

O deserto e o ermo mencionados nesse versículo representam lugares áridos e sem vida, simbolizando a condição espiritual da humanidade antes da chegada de Cristo. Na promessa de “abrir um caminho no deserto e riachos no ermo,” Deus revela Sua intenção de transformar esse estado de desolação em vida abundante. Essa promessa se cumpre em Cristo, que veio ao mundo como fonte de “águas vivas” (João 7:37-39), oferecendo-nos o Espírito Santo que guia, renova e sustenta nossa fé.

 A obra de Jesus em nossas vidas é justamente essa renovação. Ele se torna o caminho pelo qual encontramos a reconciliação e a paz com Deus, além de nos conduzir ao Reino dos Céus, que nos foi prometido. Esse novo momento, predito por Isaías, simboliza o tempo da graça, onde todos aqueles que creem em Cristo têm acesso a Deus. Dessa forma, Jesus não apenas nos resgata da separação e do pecado, mas nos dá uma nova esperança, sustentada pela presença do Espírito Santo.

A metáfora de Deus “abrir um caminho no deserto” e fazer brotar “riachos no ermo” expressa o poder divino de transformar até os lugares mais áridos em fontes de vida. Este versículo de Isaías é um convite para que confiemos em Deus e em Sua capacidade de trazer renovação, mesmo em meio às dificuldades e aparentes impossibilidades. Ele nos inspira a crer que, por mais desafiador que seja o caminho, Deus é capaz de criar oportunidades de renovação e nos guiar por trilhas seguras.

Por fim, essa promessa de Isaías não é apenas uma palavra de consolo para o povo de Israel, mas também uma mensagem universal de esperança para todos nós. Nos desertos de nossa jornada, onde as dificuldades parecem insuperáveis e a esperança escassa, Deus nos lembra que Ele é o Deus do impossível, capaz de transformar desolação em vida e criar caminhos onde não há saídas visíveis. Ele nos convida a olhar para frente, a abandonar o passado e a confiar que Ele está fazendo algo novo, algo que trará esperança e renovação à nossa caminhada.

Que possamos, então, abraçar essa promessa, confiando que Deus continua a realizar coisas novas em nossas vidas e que, em Sua fidelidade, Ele nos sustenta em todos os momentos.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca 

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