"Contra
você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor" (Apocalipse
2:4, NVI).
No livro de
Apocalipse, Jesus elogia a igreja de Éfeso por sua perseverança, trabalho árduo
e discernimento ao rejeitar falsos mestres. Contudo, Ele a admoesta a retornar
ao primeiro amor. Esse chamado revela o desafio constante de manter o
fervor espiritual em meio às pressões culturais e religiosas de uma sociedade
dominada pela idolatria. O abandono desse amor não era apenas uma negligência
espiritual, mas um sinal de que o zelo pela verdade havia superado o amor
genuíno por Deus e pelo próximo.
Apesar de sua
dedicação à Obra do Senhor, a igreja de Éfeso deixou de viver o amor
sacrificial e incondicional que Paulo descreveu: “Vivam em amor, como
também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma
agradável a Deus” (Efésios 5:2, NVI). Esse amor deveria ser a base da
unidade da igreja, unindo dons e ministérios para um único propósito: refletir
a glória de Deus. Sem esse amor, até o maior zelo religioso se torna vazio.
Com o tempo, Éfeso
se tornou zelosa na doutrina, mas fria no amor. Identificava erros alheios, mas
ignorava sua própria frieza espiritual. Estava tão focada em se separar do
mundo que se afastou da verdadeira adoração a Deus. Embora demonstrasse zelo
doutrinário, faltava-lhe o amor que dá sentido a tudo. Jesus a corrige: “Conheço
as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode
tolerar pessoas más e que pôs à prova os que se dizem apóstolos, mas não são, e
descobriu que eles eram impostores” (Apocalipse 2:2, NVI), lembrando
que o amor é a base do relacionamento com Deus e com os irmãos.
O conselho de Jesus
foi direto e restaurador: “Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e
pratique as obras que praticava no princípio” (Apocalipse 2:5, NVI).
Ele os chama a refletir sobre onde perderam o caminho, arrepender-se e voltar à
prática do amor genuíno e do fervor inicial. Essa exortação é atemporal, pois
muitos cristãos hoje enfrentam o mesmo perigo: substituir o amor por obras,
regras ou religiosidade vazia.
Ao mesmo tempo,
Jesus ensina que o amor nunca deve ser uma desculpa para tolerar o erro. Deus é
amor, mas também é justo, e Sua correção sempre visa restaurar aqueles a quem
Ele ama. O profeta Naum declara: “O Senhor é Deus zeloso e vingador; o
Senhor toma vingança e se enche de ira. O Senhor se vinga dos seus adversários
e reserva sua ira para os seus inimigos. O Senhor é muito paciente, mas o seu
poder é imenso; o Senhor não deixará impune o culpado” (Naum 1:2-3,
NVI). Diferentemente da mentalidade descartável do mundo, Deus valoriza cada um
de nós e nos chama ao arrependimento, pois somos preciosos aos Seus olhos: "Visto
que você é precioso e honrado aos meus olhos, e porque eu o amo, darei homens
em seu lugar, e nações em troca de sua vida” (Isaías 43:4, NVI).
O primeiro amor é
puro e genuíno, uma entrega total ao Senhor. Quem ama dessa forma está disposto
a renunciar sua própria vontade para que Cristo cresça nele. Esse amor nos
molda à imagem de Jesus e nos enche do Espírito Santo, permitindo que vejamos o
próximo com compaixão, prontos para ajudar e restaurar. Como Pedro ensina: "Agora
que vocês purificaram as suas vidas pela obediência à verdade, visando ao amor
fraternal não fingido, amem sinceramente uns aos outros, de todo o coração”
(1 Pedro 1:22, NVI).
John Wesley disse: "Deixai
que o amor encha o vosso coração, e isso é o suficiente!".
Essa frase ecoa a essência do primeiro amor: um amor transformador que reflete
Cristo em nossas atitudes. Quando esse amor habita em nós, ele transcende
palavras, se manifesta em ações e cumpre o maior mandamento: "Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. [...] E o segundo é semelhante a ele: 'Ame o seu próximo como a
si mesmo’” (Mateus 22:37,39, NVI).
Nem todos estão
prontos para viver esse amor, pois ele exige renúncia, entrega e um coração
rendido a Deus. Mas, se você permitir que o amor de Cristo encha sua vida e
transborde sobre todos, mesmo sem receber amor em troca, ainda assim amará com
intensidade, refletindo o próprio coração de Jesus.
Esse amor
incondicional é o reflexo mais puro de Cristo em nós, capaz de transformar
vidas e iluminar até os lugares mais sombrios. O apóstolo João declara: “Nós
amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19, NVI).
Voltar ao primeiro
amor não é apenas um conselho, mas um chamado urgente à essência da fé cristã:
uma vida rendida a Deus, guiada pelo amor e sustentada pela graça. Não permita
que o zelo religioso, as ocupações ou as lutas da vida sufoquem seu amor por
Cristo.
Hoje, Deus nos
chama de volta ao primeiro amor. Você está pronto para responder a esse
chamado?
Que Deus, nosso
Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.
Pr. Décio Fonseca
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