O PERIGO DA
ESTAGNAÇÃO E O CONVITE DE JESUS
"Façam isso, compreendendo o tempo em que
vivemos. Chegou a hora de vocês despertarem do sono, porque agora a nossa
salvação está mais próxima do que quando cremos" (Romanos 13:11, NVI).
Li esta semana uma frase atribuída à ex-primeira-ministra da
Inglaterra, Margaret Thatcher, bastante interessante e carregada de sabedoria
prática: “Ficar parado no meio da estrada é muito perigoso. Você corre o
risco de ser atropelado pelo trânsito dos dois sentidos.”
Essa citação ressalta o perigo da inércia e da indecisão,
especialmente em momentos que exigem ação e posicionamento. Permanecer
estagnado, sem tomar decisões ou avançar, expõe a pessoa a riscos vindos de
todas as direções. A falta de movimento e de escolha pode ser tão ou mais
perigosa do que tomar decisões equivocadas, pois quem permanece imóvel se torna
um alvo fácil das circunstâncias que se movimentam ao seu redor.
Curiosamente, essa ideia de que a paralisia pode ser
prejudicial também está presente nas Escrituras. A Bíblia nos apresenta
exemplos de pessoas que, em algum momento de suas vidas, estavam “à beira do
caminho” — uma metáfora para aqueles que, por diversos motivos, se
encontravam estagnados, marginalizados ou sem direção.
Um desses exemplos é o cego Bartimeu, mencionado em Marcos
10:46-52. Ele estava sentado à beira do caminho, em Jericó, provavelmente
acostumado à rotina de pedir esmolas e ser ignorado pela multidão. No entanto,
quando ouviu que Jesus passava por ali, não se deixou paralisar pela sua
condição ou pelas vozes que tentavam silenciá-lo. Pelo contrário, decidiu agir:
clamou por misericórdia com insistência, superando a passividade que o mantinha
à margem. Sua atitude de romper com a inércia resultou em cura e transformação
total de sua vida.
Bartimeu é um exemplo claro de que quem permanece “à
beira do caminho” pode permanecer na escuridão e na exclusão, mas quem
decide agir, mesmo enfrentando críticas e obstáculos, encontra novas
possibilidades.
Outro exemplo marcante está na parábola do semeador, narrada
em Mateus 13:1-9 e explicada posteriormente por Jesus em Mateus 13:18-23. Nela,
uma parte das sementes lançadas cai à beira do caminho. Essas
sementes não penetram no solo e, por isso, tornam-se presas fáceis das aves que
as devoram. O terreno à beira do caminho representa corações endurecidos,
pessoas que ouvem a Palavra, mas não a acolhem nem permitem que ela produza
frutos.
Novamente, vemos a ideia de que permanecer inerte no "caminho",
sem se aprofundar ou tomar uma decisão, expõe a pessoa às influências que a
impedem de frutificar espiritualmente. O evangelho exige um posicionamento
firme. Quem permanece em uma postura indiferente ou superficial corre o risco
de perder as oportunidades que Deus oferece. "Vocês não me
escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a
fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome" (João
15:16, NVI).
Esses exemplos bíblicos, aliados à frase de Margaret
Thatcher, nos levam a refletir sobre a urgência de tomar decisões e evitar a
estagnação, especialmente em nossa caminhada com Deus. Vivemos em um mundo em
constante movimento, onde as circunstâncias se transformam rapidamente.
Permanecer inerte ou indeciso diante das situações da vida pode nos fazer ser
arrastados pelas correntes das dificuldades ou atropelados pelas pressões que
nos cercam.
Existem momentos em que é indispensável reunir coragem para
dar o próximo passo, mesmo quando a incerteza tenta nos paralisar. Nesses
momentos, a melhor escolha é buscar a direção de Deus, confiando que Ele é quem
guia nossos passos com sabedoria e amor. Avançar com fé, sob Sua orientação, é
o caminho seguro para enfrentar os desafios e não ser vencido pela passividade
ou pelo medo. "Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele
agirá" (Salmos 37:5, NVI).
Na vida espiritual, permanecer “no meio do caminho” é
perigoso. A indecisão entre seguir a Cristo de todo o coração ou continuar
apegado às coisas deste mundo pode ser fatal para a alma. Jesus mesmo alertou: "Quem
não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha" (Mateus
12:30). A fé verdadeira exige definição, compromisso e ação. Permanecer neutro,
esperando que as coisas simplesmente aconteçam, é uma posição de
vulnerabilidade.
Portanto, a mensagem que tanto a frase de Margaret Thatcher
quanto as passagens bíblicas nos deixam é clara: não podemos permanecer parados
no meio do caminho. É perigoso ficar em cima do muro, indecisos ou acomodados.
Precisamos agir, tomar decisões e seguir adiante, especialmente na jornada
espiritual. A vida cristã é uma caminhada, e quem caminha precisa se mover,
ainda que com passos pequenos, mas firmes na direção correta.
Que, assim como Bartimeu, tenhamos a ousadia de clamar, nos levantar e seguir a Jesus, sem permitir que nada nos impeça de nos aproximar d’Ele. Que possamos ser como a semente que caiu em boa terra, acolhendo a Palavra com um coração fértil e produzindo frutos que glorifiquem a Deus. E, acima de tudo, que não sejamos sufocados pelas preocupações e pressões deste mundo, mas avancemos com firmeza, guiados pela direção do Senhor.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
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