O REI E O PEÃO

"Da mesma forma como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo." (Hebreus 9:27, NVI).

Esta semana, ao assistir a um filme, ouvi uma frase que me levou a uma profunda reflexão: "Quando acaba o jogo, o rei e o peão voltam para a mesma caixa." Essa simples sentença revela uma verdade incontestável sobre a efemeridade da vida e a igualdade diante do destino final.

No tabuleiro de xadrez, o rei e o peão desempenham funções distintas, com diferentes níveis de importância e poder. No entanto, independentemente das estratégias adotadas e dos movimentos executados durante a partida, ao seu término, ambos compartilham o mesmo destino: retornam para a mesma caixa.

Assim também é a vida: nossas posições, conquistas e status podem diferir, mas a finitude nos nivela a todos. Diante dessa realidade, o que realmente importa não é o que acumulamos, mas o legado que deixamos e a forma como vivemos.

Essa realidade é amplamente ensinada na Bíblia. Em Eclesiastes 3:20, está escrito: "Todos vão para o mesmo lugar; vieram todos do pó, e ao pó todos retornarão." Esse versículo reforça a ideia de que, por mais distintas que sejam nossas condições e conquistas terrenas, todos compartilhamos a mesma finitude. Os ricos e poderosos, assim como os humildes e simples, terão o mesmo fim físico. Isso nos leva a refletir sobre o que realmente importa na vida, uma vez que títulos, bens materiais e status não têm valor na eternidade.

A igualdade diante da morte também nos ensina sobre humildade. Muitas vezes, a sociedade nos faz acreditar que há pessoas mais importantes do que outras, baseando essa ideia em riqueza, poder ou fama. No entanto, Jó 34:19 nos lembra que Deus "não dá preferência aos príncipes e não favorece o rico em prejuízo do pobre, pois todos são obra de suas mãos." Deus não mede o valor de alguém pelos critérios humanos; para Ele, todos têm o mesmo valor e são igualmente preciosos. A arrogância e a busca desenfreada por status são enganosas, pois, no final, nenhum desses fatores pode mudar o destino inevitável da humanidade.

Diante disso, surge uma questão importante: se tudo nesta vida é passageiro, o que realmente importa? A resposta está no propósito com que vivemos. Segundo a Palavra de Deus, a verdadeira grandeza não está no poder ou na riqueza, mas na forma como conduzimos nosso caráter e nosso relacionamento com Deus. Mateus 6:19-20 nos exorta: "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam." Ou seja, o que permanece para sempre não são os bens materiais, mas as ações e valores que cultivamos ao longo da vida.

A perspectiva cristã nos ensina que a vida não termina com a morte. O destino eterno é muito mais relevante do que qualquer conquista terrena. João 11:25-26 registra as palavras de Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim não morrerá eternamente." Isso nos lembra que, enquanto o corpo físico é perecível, a alma continua. Portanto, a maior preocupação do ser humano não deve ser a posição que ocupa neste mundo, mas sim onde passará a eternidade.

Muitas pessoas dedicam suas vidas à busca de sucesso, status e riquezas, mas acabam negligenciando o que realmente importa. A verdade é que nenhuma conquista deste mundo pode ser levada além da morte. Tudo o que acumulamos – riquezas, status, poder – permanece aqui. O que realmente perdura são as escolhas que fazemos em relação a Deus e ao próximo. Nosso legado não se mede pelo que possuímos, mas pelo impacto que deixamos e pela eternidade que escolhemos. "Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:36, NVI).

A humildade e a gratidão também são virtudes que devem guiar nossa vida, pois demonstram que compreendemos o verdadeiro propósito da existência. Charles Spurgeon afirmou que "agradecer deve ser um hábito tanto quanto pedir." A gratidão nos lembra de que tudo o que temos vem de Deus e que somos apenas mordomos dos recursos e oportunidades que Ele nos concede. O apóstolo Paulo reforça essa ideia ao dizer: "Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus." Isso significa que devemos valorizar mais o que somos e menos o que possuímos.

A frase do xadrez, portanto, não apenas nos ensina sobre a igualdade diante da morte, mas também nos desafia a viver de forma sábia e significativa. Se tudo nesta vida é temporário, devemos direcionar nossos esforços para aquilo que tem valor eterno. A humildade, o amor ao próximo e a fé são os verdadeiros legados que podemos deixar. No final, o que contará não será o que conquistamos materialmente, mas o quanto vivemos de acordo com a vontade de Deus. "De nada vale a riqueza no dia da ira divina, mas a retidão livra da morte." (Provérbios 11:4, NVI).

Portanto, quer sejamos um "rei" ou um "peão" nesta vida, uma verdade permanece: todos retornaremos à mesma "caixa". O que realmente terá valor não será o que acumulamos, mas como vivemos, o bem que fizemos ao próximo e, acima de tudo, nossa relação com Deus.

Que, em nossa jornada nesta terra, possamos caminhar com sabedoria, humildade e gratidão, sempre conscientes de que o verdadeiro tesouro não se encontra neste mundo passageiro, mas na eternidade preparada para nós por Cristo, o Senhor, desde a fundação do mundo.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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