ENTRE CAVALOS E CONFIANÇA: QUANDO A FÉ É POSTA À PROVA

"Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro, que se apoiam em cavalos... mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor!"  (Isaías 31:1)

Em tempos de crise, quando o medo aperta e o perigo bate à porta, é comum buscarmos soluções rápidas e visíveis. Foi exatamente isso que aconteceu com o povo de Judá nos dias do profeta Isaías. Diante da ameaça do poderoso exército assírio, os líderes de Judá decidiram fazer uma aliança com o Egito, acreditando que carros de guerra, cavalos e exércitos humanos que lá existiam poderiam garantir sua segurança.

Mas Deus, por meio de Isaías, repreende essa decisão. O problema não era buscar apoio estratégico, mas confiar mais nos recursos humanos do que no próprio Deus. A confiança que deveria estar firmada no Senhor foi desviada para alianças políticas, e isso revelou uma crise mais profunda: uma crise de fé.

Todos nós ansiamos por segurança. Quando estamos diante de ameaças — sejam financeiras, emocionais, físicas ou espirituais — queremos agarrar algo que pareça firme. E geralmente o que é visível nos dá essa falsa sensação de controle. Assim como Judá viu força no Egito, também somos tentados a confiar em dinheiro, cargos, pessoas influentes ou estratégias humanas.

Contudo, Isaías nos lembra: confiar nessas coisas pode ser perigoso. Não porque elas sejam más por si só, mas porque elas não têm poder para salvar. Somente Deus é digno de nossa total confiança.

Sabemos que a sabedoria de Deus é suficiente. Isaías afirma: “Todavia, também ele é sábio...” (v.2). É como se o profeta dissesse: “Vocês acham que estão sendo espertos buscando o Egito, mas Deus é muito mais sábio do que qualquer rei ou general!” Ele vê o que não vemos, age no tempo certo e é justo em tudo o que faz.

Enquanto a sabedoria humana se apoia em números, estratégias e alianças visíveis, a sabedoria de Deus se revela em verdade, justiça e fidelidade. Ele não precisa de cavalos de guerra para guardar os seus filhos — Seu agir é silencioso, mas sempre poderoso. Quantas vezes já não experimentamos essa proteção diária, constante e cheia de graça? Não é verdade?

O Senhor tem nos ensinado que fé não é cegueira — é profundidade. É exatamente o oposto do que muitos pensam. Às vezes, imaginamos que ter fé é ignorar a realidade ou dar um salto no escuro. Mas não é isso. Ter fé é enxergar além do que os olhos naturais conseguem ver. Enquanto a visão humana se detém nas ameaças, nos riscos e nos obstáculos, os olhos da fé contemplam o Deus que está acima de tudo, soberano e presente em cada detalhe.

Foi isso que o profeta Eliseu pediu a Deus quando seu servo, tomado de medo, viu o exército inimigo cercando a cidade: 'Senhor, abre os olhos dele para que veja' (2 Reis 6:17). E, ao ter os olhos espirituais abertos, o servo viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu. A fé nos permite ver essa realidade espiritual — que Deus está agindo, mesmo quando tudo ao redor parece ameaçador.

Crises, problemas e incertezas gritam ao nosso redor, mas quem confia no Senhor sabe que há uma mão invisível guiando todas as coisas. E mesmo quando o caminho parece incerto, quem anda com Deus nunca anda sozinho.

Em quem temos confiado? Essa é uma pergunta que cada um de nós precisa responder com sinceridade. Vivemos tempos instáveis — a economia balança, os relacionamentos enfrentam tensões, os medos se multiplicam. Em meio a tudo isso, somos desafiados a refletir, assim como Isaías desafiou o povo de Judá: em quem temos depositado nossa confiança? No que é visível e passageiro, ou no Deus eterno e fiel? Será que temos feito de Deus o último recurso, quando tudo mais falha? Ou Ele tem sido nosso primeiro refúgio, nossa rocha firme? O Senhor não é nosso plano “B” — Ele é o próprio e o único caminho da salvação.

Assim como no tempo de Isaías, Deus continua chamando o Seu povo ao arrependimento. Ele deseja que abandonemos nossos ídolos modernos — que podem ser o orgulho, o ego, o controle ou até mesmo a autoconfiança — e nos voltemos completamente para Ele.

A restauração espiritual começa com uma escolha: voltar os olhos para Deus e confiar nEle acima de tudo. E a boa notícia é que a misericórdia do Senhor continua disponível, geração após geração.

Hoje, Deus te convida a sair do “Egito” da autossuficiência e da dependência do homem. Ele te chama a colocar tua confiança nEle, a buscar a Sua face antes de qualquer solução visível. Volte seus olhos para o Santo de Israel. Ele é o teu socorro, tua força, tua paz.

Você está disposto a confiar plenamente em Deus, mesmo quando tudo parece incerto?

Que essa seja a sua e a minha decisão — confiar não no que vemos, mas na fidelidade do Deus que nunca falha.

Confiar em Deus é mais do que uma escolha espiritual — é um ato de coragem.
Não se trata de ignorar a realidade, mas de escolher acreditar que, acima de qualquer crise, existe um Deus que reina soberanamente e age com amor.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

17/mai/25

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