QUANDO A OPINIÃO SE DIVIDE

“Assim o povo ficou dividido por causa de Jesus.” (João 7:43 – NVI)

Vocês ainda se lembram das quatro operações da matemática? Fala pra mim: quais são?
Muito bem! Percebo que vocês ainda guardam os princípios básicos que aprenderam na infância. Essas coisas simples, mas essenciais, ficaram registradas em nossa memória e nos acompanham até hoje. Isso mostra como os fundamentos certos, quando bem ensinados, permanecem conosco pela vida inteira — mesmo quando os anos passam e os desafios aumentam.

Mas, se por acaso vocês não lembraram de todas, aqui vai uma ajudinha: são elas — adição, subtração, multiplicação e divisão. Quatro operações simples, mas fundamentais.

E por que trazer esse assunto à tona? Porque, quando se trata das coisas de Deus, existe uma dessas operações que é a mais difícil e, ao mesmo tempo, a mais perigosa: a divisão. Dividir uma conta, um espaço ou até uma responsabilidade pode até ser simples. Mas dividir opiniões quando o assunto é Jesus... isso pode ter consequências eternas.

Somar esforços em favor do bem é algo bonito de se ver. Multiplicar bênçãos é o que todos desejamos. Subtrair o pecado da vida é essencial. Mas dividir a opinião diante da verdade? Isso é um risco que não deveríamos correr.

Foi exatamente isso que aconteceu em João 7:40-43. Jesus havia acabado de ensinar publicamente com autoridade, sabedoria e graça. A multidão estava diante da Verdade, mas muitos não conseguiram reconhecê-la. O texto diz: “Alguns dentre o povo disseram: ‘Certamente este homem é o Profeta’. Outros disseram: ‘Ele é o Cristo’. Ainda outros perguntaram: ‘Como pode o Cristo vir da Galileia?’ [...] Assim o povo ficou dividido por causa de Jesus.”  (João 7:40-43 – NVI)

Mesmo com tantos sinais, mesmo com a clareza das palavras e com as profecias se cumprindo diante dos olhos deles, houve confusão. Houve debate. E houve divisão. Eles haviam aprendido sobre o Messias desde cedo, conheciam as Escrituras, sabiam das promessas... mas não conseguiram fazer a conexão entre o que sabiam e o que estavam vendo.

Essa mesma preocupação continuou ao longo do tempo e apareceu nas cartas de Paulo. Quando escreveu aos coríntios, ele fez um forte pedido: “Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer.” (1 Coríntios 1:10 – NVI). Paulo via o perigo de um corpo dividido por opiniões e preferências pessoais, mesmo entre os que já haviam crido. Ele sabia que a divisão atrapalha a união da igreja, enfraquece o testemunho dos cristãos e desvia a atenção do que realmente importa: Cristo, sua cruz e a mensagem viva do evangelho.

Faltou discernimento espiritual. Faltou fé viva. Faltou coragem para crer.

O mesmo pode acontecer conosco hoje. Podemos estar dentro de uma igreja, ouvindo a Palavra semana após semana, com a Bíblia em mãos e até no celular. Podemos conhecer versículos, ter histórias com Deus e até já termos experimentado milagres. Mas se o nosso coração estiver dividido, se a fé for apenas teórica, se a dúvida ocupar o lugar da convicção — então estaremos repetindo o erro daquela multidão.

Essa reflexão nos convida a olhar para dentro. Será que estamos guardando os fundamentos da fé com a mesma firmeza com que lembramos das lições da infância? Será que conseguimos reconhecer a voz de Jesus quando Ele nos chama? Ou temos nos perdido em meio a opiniões, julgamentos e incertezas? Assim instrui o apóstolo Paulo: "Examinem-se para ver se estão na fé; provem a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados!" (2 Coríntios 13:5 – NVI)

Jesus não veio para gerar confusão, mas para nos conduzir à verdade. Ele é a resposta que soma esperança à nossa vida, que multiplica graça sobre graça, que subtrai o pecado com o perdão da cruz — e que só divide quando é preciso separar o joio do trigo. Diante dEle, a decisão precisa ser clara, firme e pessoal.

E hoje, mais uma vez, estamos diante dessa escolha. Não sejamos como aqueles que conheciam a promessa, mas não reconheceram o Prometido. Que nosso coração não se divida. Que nossas convicções estejam firmadas na Palavra. E que nossa fé seja mais do que conhecimento — seja resposta viva à presença de Jesus.

Quem conhece a verdade, mas hesita em crer, corre o risco de viver dividido entre o saber e o não se entregar. Diante de Jesus, a neutralidade é impossível: ou cremos com firmeza, ou repetimos o erro da multidão.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

10/mai/25

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