E ME FARÃO UM SANTUÁRIO

“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” Êxodo 25:8 (NVI)

O capítulo 25 de Êxodo marca um momento importante na trajetória do povo de Israel pelo deserto. Depois de libertá-los com mão poderosa do Egito e conduzi-los até o Monte Sinai, onde estabeleceu com eles uma aliança, Deus começa agora a revelar algo ainda mais profundo: o desejo de habitar no meio do Seu povo. E para isso, dá a Moisés as instruções para a construção do Tabernáculo — um santuário móvel que acompanharia os israelitas em sua jornada rumo à Terra Prometida.

É verdade que a presença de Deus já se manifestava de forma visível e contínua. Durante o dia, uma nuvem os guiava e os protegia do sol escaldante do deserto. À noite, uma coluna de fogo aquecia o acampamento e afastava os perigos dos animais selvagens. No entanto, o Tabernáculo representava algo a mais: um espaço de encontro, de adoração, de comunhão — um lugar onde o povo pudesse se achegar a Deus e reconhecer sua total dependência d’Ele.

Nos versículos de 1 a 9, o Senhor fala diretamente com Moisés e o orienta a recolher uma oferta entre os israelitas. Mas o que mais chama a atenção não é a lista dos materiais que deveriam ser doados — ouro, prata, tecidos, madeira — e sim a forma como essa oferta deveria ser entregue. O versículo 2 é claro: “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar.”

A oferta, portanto, não era um imposto ou uma obrigação imposta à força. Era um ato de voluntariedade, movido pelo coração. Deus não queria apenas materiais para um santuário. Ele desejava que cada contribuição fosse expressão de gratidão, amor e reconhecimento da Sua bondade. Era como se dissesse: “Quero que o que vocês me derem venha do coração, não das mãos apenas, ou do que sobrar.”

Já no versículo 8 encontramos outra pérola: “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles.”

Esse é o verdadeiro propósito: Deus deseja habitar entre o Seu povo. O tabernáculo seria o ponto visível dessa presença, um lugar de encontro, adoração e comunhão. Mas o que Deus ansiava mesmo era algo maior — não apenas estar no meio do povo, mas dentro de cada um deles.

O tabernáculo do deserto era apenas uma sombra de algo mais profundo e eterno. Deus queria que o homem reconhecesse, de coração, sua total dependência do Criador. Essa realidade só se tornou possível plenamente com a vinda do Espírito Santo. Em Pentecostes, quando o Espírito desceu sobre os discípulos, cumpriu-se o desejo mais profundo de Deus: habitar no coração do homem, não mais em tendas ou templos físicos.

Hoje, o verdadeiro santuário de Deus não é feito de madeira, ouro ou linho fino — é feito de carne e sangue, de vidas rendidas ao Senhor. Como Paulo afirma em 1 Coríntios 3:16: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?”

Com a encarnação de Cristo, Ele veio e habitou entre nós. Com a descida do Espírito Santo, passou a habitar dentro de nós. O plano de Deus sempre foi mais profundo do que estruturas físicas: Ele deseja fazer do nosso coração Sua morada permanente.

Portanto, o chamado continua atual. Deus ainda busca corações voluntários, movidos por amor, dispostos a ofertar não apenas bens, mas a própria vida como expressão de adoração. Ele deseja construir santuários vivos, onde Sua presença seja percebida e revelada ao mundo. Um povo que carrega Sua glória não em tendas ou templos, mas no caráter, nas escolhas e na caminhada diária.

Ofereçamos, então, com gratidão, tudo o que temos e somos. Que o Senhor encontre em nós um lugar para habitar — não um espaço físico, mas um coração quebrantado, disponível e cheio do Espírito.

Deus não busca apenas ofertas feitas com as mãos, mas corações que se entregam com amor — pois Seu maior desejo é habitar, não em tendas, mas em nós.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

29/jun/25

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