REBELDIA: A RAIZ DO PECADO

“A rebelião é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria.”  1 Samuel 15:23 (NVI)

Lembro da minha juventude nos anos 70, uma época em que, para muitos jovens, ser rebelde era quase uma exigência cultural. Rebeldia era vista como sinônimo de força, autenticidade e liberdade. Essa ideia ganhou força e se espalhou por meio de músicas que exaltavam a desobediência, roupas que quebravam padrões tradicionais e um estilo de vida que promovia a quebra de limites. A rebeldia, antes tida como perigosa, passou a ser celebrada como um valor. Mas, por trás de tudo isso, havia muitos corações vazios, tentando encontrar um sentido para a vida — e errando o caminho.

Desde o início da Bíblia, o pecado é revelado não apenas como um erro moral, mas como um ato de rebeldia contra a autoridade de Deus. Quando Adão e Eva desobedeceram no Éden, não foi apenas uma falha de comportamento. Eles escolheram colocar sua própria vontade acima da do Senhor. O pecado nasceu quando o ser humano duvidou da palavra de Deus, seguiu outra voz e decidiu ser o seu próprio guia. A rebeldia, portanto, não é apenas quebrar regras, mas romper a confiança e rejeitar o senhorio do Criador.

Essa postura está presente em toda a história bíblica. A rebelião não precisa ser barulhenta — às vezes, ela se esconde em atitudes disfarçadas de boas intenções, mas que ainda resistem à vontade de Deus. É como dizer: “Eu sei o que é melhor para mim.” É o espírito que prefere seguir os impulsos do próprio coração, mesmo sabendo que o coração humano é enganoso e instável.

O pecado não fere apenas a santidade de Deus — ele quebra a relação de obediência e confiança para a qual fomos criados. Entender o pecado como rebeldia nos ajuda a enxergar sua gravidade, mas também destaca a beleza do arrependimento. Porque o arrependimento verdadeiro não é apenas sentir remorso, é reconhecer que saímos do lugar de submissão e escolher voltar humildemente à direção de Deus.

Um exemplo claro disso é o rei Saul. Em 1 Samuel 15, ele foi instruído por Deus a destruir completamente os amalequitas, mas decidiu obedecer parcialmente, poupando o que lhe parecia melhor. Quando confrontado, tentou justificar sua desobediência com motivos religiosos. Deus, porém, respondeu de forma firme por meio do profeta Samuel: rebelião e insubordinação são tão graves quanto feitiçaria e idolatria, porque ambas colocam o homem no lugar de Deus. No fundo, a rebeldia é isso: tomar para si o trono que pertence ao Senhor.

E toda escolha de rebeldia tem um preço. A Bíblia afirma: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23a). A separação gerada pelo pecado atinge nosso relacionamento com Deus, afeta nossos vínculos com as pessoas ao nosso redor e até fragmenta nossa própria identidade. Adão e Eva foram expulsos do jardim, Caim se afastou da presença do Senhor, o povo no deserto pereceu sem alcançar a terra prometida, e Israel, repetidamente, colheu o fruto amargo de sua desobediência.

Muitos hoje acreditam que seguir seus próprios caminhos é liberdade. Mas a rebeldia, mesmo quando parece libertadora, aprisiona. A independência sem Deus promete autonomia, mas entrega escravidão. Ela nos isola, nos endurece, nos afasta da verdadeira paz.

É por isso que o arrependimento é essencial. Ele é o caminho de volta. Deus não abandona o rebelde — Ele chama de volta. Em 2 Crônicas 7:14, o Senhor declara: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei...”. Arrependimento é mudança de rota, é entrega renovada, é retomar a caminhada debaixo da vontade de Deus.

E foi exatamente para isso que Jesus veio. Ele se fez carne, habitou entre nós e deu Sua vida para reconciliar os rebeldes com o Pai. Ele estende a mão aos que se afastaram, oferece perdão aos que erraram, restaura o coração dos que desejam recomeçar. Em Cristo, temos a chance de voltar ao propósito original: viver sob a direção de Deus, com amor, confiança e obediência.

A rebeldia tenta tirar Deus do trono, mas o arrependimento nos devolve ao lugar onde a vontade do Senhor volta a ser nossa maior segurança.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

22/jun/25

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