O MEDO E A MISSÃO

“Jonas se aprontou, mas foi na direção contrária, a fim de fugir do Senhor. Desceu ao porto de Jope, onde encontrou um navio que estava de partida para Társis. Comprou a passagem e embarcou para Társis, a fim de fugir do Senhor.” Jonas 1:3 NVT

Nosso coração, muitas vezes, nos engana e nos leva a agir contrariamente à vontade de Deus. Não são poucas as vezes em que nos encontramos fazendo exatamente o oposto do que Deus deseja. Jonas é um exemplo clássico na Bíblia de alguém que fugiu para não cumprir uma ordem de Deus, e os motivos para sua desobediência ficam evidentes na narrativa de sua história. Esses motivos o levaram a desobedecer a uma ordem direta de Deus, e são exemplos que, como servo obedientes, devemos evitar.

O medo do fracasso seria um desses motivos. O nome Jonas em hebraico significa “pomba”, uma ave utilizada para enviar mensagens a longas distâncias. No entanto, o “profeta-pomba” não parece estar com um GPS confiável!

O receio de Jonas em pregar em Nínive estava relacionado à hostilidade e à reputação dos ninivitas. Nínive era uma grande cidade assíria conhecida por sua maldade e pela crueldade de seus habitantes. Jonas temia que, ao pregar arrependimento e advertência de Deus, os ninivitas se voltassem contra ele ou não o ouvissem. Alguns pregadores optam por ir a locais onde sabem que serão convincentes, renunciando à vontade de Deus. No entanto, Jonas esqueceu de uma verdade fundamental: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Primeira lição: O medo não deve ser uma barreira para cumprirmos uma ordem de Deus. 

Jonas se considerava superior aos ninivitas e não desejava que eles alcançassem a salvação. Esse sentimento tinha raízes raciais e culturais. Entretanto, Nínive era uma cidade de grande importância diante de Deus. (Jonas 3:3)

A passagem de Filipenses 2:5-8 nos lembra da atitude exemplar de Cristo Jesus: “Mesmo sendo Deus, Ele não considerou a igualdade com Deus algo a que devesse se apegar. Pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.” Jonas, contrariando o projeto de Deus, redefiniu a realidade em seus próprios termos, com pensamentos e sentimentos distorcidos.

Segunda lição: somos chamados a pregar a graça. Portanto, é essencial compreender a graça em seu sentido mais profundo. Quando compartilhamos a mensagem da graça, estamos anunciando a boa notícia de que somos salvos, perdoados e transformados por meio desse presente divino, sem fazer prejulgamentos ou escolher público alvo. 

Nossa meta deve ser o agir de acordo com os ensinamentos do segundo Jonas – Jesus Cristo – que deixou sua zona de conforto, o esplendor de sua glória, para ministrar não apenas às pessoas boas e bem educadas – pessoas politicamente corretas - mas também àqueles que queriam machucá-lo e abusar dEle e conduzi-lo à morte, como de fato o fizeram. Esse Jonas que se manifestou no Novo Testamento, diferentemente daquele, cuja história é narrada no Velho Testamento, humilhou-se e foi obediente até à morte mais horrenda daquela época. Ele fez muito mais do que somente pregar às multidões. Ele teve que morrer por eles.

Enquanto o primeiro Jonas foi dado como morto, o segundo Jonas – Jesus – morreu e ressuscitou ao terceiro dia, tudo por amor a um povo pecador.

Jonas foi lançado em meio a um mar furioso, assim como Jesus foi jogado em uma tempestade abrasadora, recebendo toda a punição divina que nós merecíamos por nossa má conduta. De maneira voluntária, Ele se lançou nessa tempestade, enfrentando-a por mim e por você.  “Ninguém a tira de mim, mas eu mesmo a dou. Tenho autoridade para entregá-la e também para tomá-la de volta, pois foi isso que meu Pai ordenou". João 10:18 NVT – Cristo afundou em uma tempestade de terror para que não precisássemos ter medo de nenhuma outra tempestade em nossas vidas. “Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados.” Isaías 53:5 NVT

De forma singular o livro de Jonas termina com um questionamento: “Acaso não devo ter compaixão dessa grande cidade?” Jonas 4:11 NVT. Essa pergunta, não foi respondida por Jonas dando a entender ter sido direcionada a cada um de nós.

Assim como Jonas, vivemos em grandes cidades, cercados por pessoas difíceis de serem amadas e evangelizadas. A questão que se coloca é: vamos mudar nosso rumo e buscar um distanciamento fugindo de nossa responsabilidade e comissionamento, assim como Jonas fez? Para qual Jonas devemos olhar como modelo: o primeiro, que foi tragado pelo grande peixe, ou o último, que morreu e ressuscitou e com grande amor nos amou primeiro?

Quando comissionados por Deus, qual exemplo devemos seguir? Temos a responsabilidade, como seguidores de Cristo, de compartilhar o amor de Deus e levar a mensagem do evangelho a todos. Somos convidados diariamente a sair de nossa zona de conforto e nos envolver ativamente na propagação da fé. “Agora vá! Eu estarei com você quando falar e o instruirei a respeito do que deve dizer". Êxodo 4:12 NVT

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca


2 comentários:

  1. Essa comparação de Jonas com o Senhor Jesus ganhou novos ângulos com este texto, pr. Décio. Me levou a pensar ainda que essa última pergunta - sem resposta por parte de Jonas - assim como a pergunta de Isaque a Abraão, ganhou reposta definitiva no segundo Jonas, que respondeu com Sua própria vida e conquistou definitivamente para todos nós uma cidade, a Nova Jerusalém. Em Jesus estão TODAS as respostas. Grande e fraterno abraço, na paz do Senhor Jesus.

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  2. Amado Pr. Josué. Você sempre cirúrgico em seus comentários, sendo direto, eficaz e assertivo. Observações precisas e habilidosas, atingindo exatamente o ponto esperado. Obrigado pelo feedback. Deus abençoe seu ministério. APDSJ.

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