UMA REFLEXÃO SOBRE A PERFEIÇÃO

“Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês". Mateus 5:48 (NVI)

A expressão popular “ninguém é perfeito” carrega em si uma verdade amplamente reconhecida: todos nós somos falhos, cheios de imperfeições e limitações. No entanto, quando nos deparamos com passagens bíblicas, como Mateus 5:48, que nos instrui a sermos “perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”, somos levados a refletir sobre o que realmente significa a perfeição. Esta aparente contradição entre o que se considera perfeito na vida cotidiana e a exigência divina revela nuances importantes, as quais merecem ser exploradas.

Na visão bíblica, a perfeição transcende a mera ideia de estar livre de falhas. Em uma passagem do livro de Êxodo, vemos que Deus escolhe Moisés, mesmo sabendo de suas limitações, demonstrando que os defeitos humanos não são impedimentos para cumprir um propósito maior. O que se busca na perfeição, nesse contexto, é a realização do que fomos criados para ser. Portanto, ser perfeito é alinhar-se com a vontade do nosso Senhor, buscar constantemente o crescimento e a evolução, mesmo que tenhamos fraquezas. “Disse, porém, Moisés ao Senhor: ‘Ó Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem no passado nem agora que falaste a teu servo. Não consigo falar bem!’ Disse-lhe o Senhor: ‘Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor? Agora, pois, vá; eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer’". Êxodo 4:10-12 (NVI).

É importante reconhecer que a perfeição de Deus é de uma natureza incomparável. Deus é apresentado nas Escrituras como o exemplo máximo de excelência; em Salmos 18:30, lemos que “todas as suas promessas são comprovadamente verdadeiras”, e Tiago 1:17 reforça que “nele não há variação”. Essa perfeição é imutável e perfeita em todos os aspectos. No entanto, a boa notícia é que, apesar de nossas fragilidades, somos chamados a nos aproximar desse ideal.

A promessa de que podemos ser perfeitos, mesmo com nossas imperfeições, é um alicerce poderoso para nossa jornada espiritual. O apóstolo Paulo nos exorta a não nos conformarmos com este mundo, mas a nos transformarmos pela renovação da mente. Essa transformação nos permite entender e nos alinhar com a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. É nesse processo de submissão e aprendizado que podemos alcançar um estado de perfeição sob a ótica divina.  “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2 (NVI).

A ideia de que a perfeição é um espelho da glória de Deus, nos leva a um entendimento mais profundo sobre o que significa ser perfeito. Não se trata de uma busca egoísta por status ou reconhecimento, mas de refletir as qualidades de Deus em nossa vida. A perfeição, nesse sentido, é uma jornada contínua, um chamado ao crescimento pessoal e espiritual. Ao aceitarmos nossas limitações e, ao mesmo tempo, nos esforçarmos para ser melhores, estamos imitando o caráter de Deus. “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo.” 1 Coríntios 11:1 (NVI).

Além disso, a possibilidade de aperfeiçoamento contínuo é uma esperança revigorante. A cada passo dado na direção da santidade, conforme Provérbios 4:18 indica, estamos nos movendo para mais perto do propósito que Deus tem para nós. O processo de aperfeiçoamento é marcado pela humildade e pela disposição de aprender, reconhecer erros e buscar a ajuda divina. Essa humildade é crucial, pois, como diz Tiago 4:10, “humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará”.

É vital, portanto, que compreendamos a perfeição não como um estado final, mas como um caminho a ser trilhado. Essa visão nos permite lidar com nossas falhas de maneira mais construtiva, sem nos sentirmos desanimados ou frustrados. Ao invés de buscarmos a perfeição em termos de perfeição absoluta, podemos focar em ser o melhor que podemos ser em cada etapa de nossa vida.

Em conclusão, a jornada espiritual em direção à perfeição, sob a luz das Escrituras, é um convite a viver de maneira mais plena e consciente. Enquanto reconhecemos nossas falhas e limitações, também somos encorajados a olhar para a possibilidade de ser moldados pela vontade de Deus. Assim, seremos capazes de refletir a Sua glória, não por sermos impecáveis, mas por buscarmos incessantemente viver em harmonia com o propósito para o qual fomos criados. E assim, na fragilidade da nossa humanidade, encontramos a essência da verdadeira perfeição. Que possamos, portanto, sempre aspirar a sermos mais semelhantes ao nosso Amado Jesus, confiantes de que, mesmo com nossas imperfeições, podemos brilhar a luz divina no mundo.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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