A ARTE DE FALAR COM PRUDÊNCIA

“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se,” Tiago 1:19 (NVI)

O versículo de Tiago 1:19 nos lembra de que devemos ser “prontos para ouvir, tardios para falar, tardios para se irar”. Essa orientação nos oferece uma reflexão profunda sobre a relação entre silêncio, fala e sabedoria. Em um mundo saturado de vozes e opiniões, o verdadeiro desafio não reside apenas em falar, mas em saber quando e como fazê-lo. A capacidade de comunicação é um presente divino, e entender seu valor e limites pode transformar nossa vida pessoal e espiritual.

Deus nos dotou com a fala, uma ferramenta poderosa que nos permite expressar pensamentos, compartilhar sentimentos e nos conectar com os outros. Através das palavras, construímos significados e formamos laços. No entanto, é essencial reconhecer que essa habilidade deve ser exercida com responsabilidade. O ato de falar não é uma liberdade irrestrita; é um privilégio que deve ser dominado. Nesse contexto, o silêncio surge como um elemento essencial na busca pela sabedoria. “A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto.” Provérbios 18:21 (NVI)

O silêncio, muitas vezes subestimado, pode ser uma joia preciosa. Em Eclesiastes 3:7, encontramos a afirmação de que há “tempo de falar e tempo de calar”. Essa sabedoria antiga nos ensina que existem momentos em que a melhor resposta é a ausência de palavras. Em situações onde a impulsividade pode levar a mal-entendidos ou feridas, o silêncio se torna uma escolha inteligente. É uma maneira de preservar relacionamentos e evitar conflitos desnecessários. Em vez de reagir de forma precipitada, reservar um tempo para refletir pode ser o caminho para uma comunicação mais eficaz.

Além de ser uma forma de evitar conflitos, o silêncio pode também ser uma expressão de esperança e confiança em Deus. A Palavra de Deus nos ensina que é bom esperar silenciosamente pela salvação do Senhor. Esse tipo de silêncio é uma demonstração de fé, um reconhecimento de que há um tempo e um propósito divinos para todas as coisas. Ao silenciar, abrimos espaço para a ação de Deus em nossas vidas, permitindo que Ele se manifeste de maneiras que, muitas vezes, não conseguimos entender. “É bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor. É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem. Leve-o sozinho e em silêncio, porque o Senhor o pôs sobre ele. Ponha o seu rosto no pó; talvez ainda haja esperança.”  Lamentações 3:26-29 (NVI).

O silêncio também é um ato de reverência e adoração. Habacuque 2:20 nos lembra que “o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”. Nesse sentido, o silêncio é uma postura de humildade e respeito, um reconhecimento do poder soberano de Deus. Quando nos calamos diante d'Ele, expressamos nossa confiança de que Ele está no controle, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas.

A sabedoria, por sua vez, se manifesta na capacidade de controlar a língua. Provérbios 17:27-28 nos ensina que “o que retém suas palavras possui entendimento”. O sábio é aquele que pondera antes de falar, considerando o impacto de suas palavras sobre os outros. Falar sem pensar é um comportamento imprudente que pode causar danos irreparáveis. A verdadeira sabedoria nos ensina a medir as palavras, a ser cautelosos e a considerar o contexto antes de nos pronunciarmos.

O exemplo de Jesus é iluminador nesse aspecto. Mesmo sendo o Verbo que se fez carne, Ele optou pelo silêncio em momentos cruciais, como em Mateus 26:63, quando não se defendeu diante das acusações. Esse silêncio não foi fraqueza, mas uma demonstração de controle e propósito. Ele sabia que algumas situações exigem uma resposta que vai além das palavras. Às vezes, o silêncio é mais eloquente do que qualquer discurso. “Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: "Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos." Mateus 26:63 (NVI)

Diante de desafios e situações difíceis, a escolha do silêncio ou da fala medida pode fazer toda a diferença. Deixar que Deus fale por nós é uma estratégia poderosa. Muitas vezes, nossas palavras podem ser insuficientes, mas Deus sempre sabe o que dizer. Em Romanos 8:26, aprendemos que “o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. Assim, em momentos de confusão ou dor, o silêncio se torna uma oportunidade para permitir que Deus se manifeste, trazendo conforto e clareza.

Além disso, essa prática de silenciar a voz interior e ouvir a voz de Deus também se aplica a como interagimos com os outros. Muitas vezes, somos tentados a preencher o espaço com palavras, mas a escuta ativa é uma habilidade que deve ser cultivada. Quando ouvimos com atenção, mostramos respeito e consideração pelo outro, criando um ambiente propício para a comunicação saudável.

Em suma, a arte de falar com prudência e o valor do silêncio são elementos cruciais na busca pela sabedoria. A fala é uma bênção, mas deve ser usada com discernimento. O silêncio, por sua vez, é uma escolha que pode nos levar a uma compreensão mais profunda de nós mesmos e de Deus. Ao cultivar a disposição de ouvir e refletir antes de falar, tornamo-nos mais sábios e, consequentemente, mais capazes de impactar positivamente aqueles que nos cercam. Que possamos, portanto, buscar essa sabedoria em nossas interações diárias, lembrando sempre que, em muitas situações, o silêncio pode ser a resposta mais poderosa que podemos oferecer.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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