A ORAÇÃO DO SERVO

“Ouve, Senhor, a minha oração, dá ouvidos à minha súplica; responde-me por tua fidelidade e por tua justiça.”  (Salmos 143:1)

Você já teve sua integridade ameaçada ou se sentiu indignado diante de caluniadores? Esse salmo de Davi surge como uma oração pessoal de defesa. Embora o rei de Israel jamais buscasse justificar-se diante de Deus, vemos aqui o clamor de um espírito oprimido, que apresenta um lamento profundo. Nos versos, Davi expressa a angústia que o impulsiona a lutar por dias melhores e a confiar no Senhor para enfrentar suas batalhas.

Davi não tem dúvidas sobre a assistência de seu Deus; ele sabe que o Senhor escuta suas orações, por mais fracas e quebrantadas que sejam. Essa também é a nossa experiência: servimos a um Deus que nos ouve. Somos ansiosos por sermos ouvidos, e o Senhor conhece bem nossa fragilidade. Desejamos Sua atenção, e Ele nunca nos decepciona. O olhar de misericórdia do nosso Deus está sobre cada um de nós e os Seus ouvidos sempre atentos ao nosso clamor. (Salmos 34:15, NVI).

Alguns podem até pensar que nossa situação é mais difícil do que a de outros e que exige uma atenção especial. Contudo, temos um justo Juiz que acompanha cada um de nossos desafios e os julga com misericórdia. Ele conhece nossas lutas e nos trata com compaixão, sempre atento às necessidades de Seus filhos.

Davi não apresentou mérito algum diante de Deus, pois sabia que era apenas um servo inútil. Afinal, ninguém pode permanecer diante de Deus com base na lei, pois seríamos prontamente condenados. (Salmos 143:2). Comparecemos, sim, pela graça e pelos méritos de Jesus, Seu Filho Amado, em quem temos plena aceitação. De igual forma, nos colocamos diante do Senhor conscientes de que não podemos alegar inocência perante Seu tribunal. Nossa súplica, porém, permanece: “Pai, em nome de Teu Filho Jesus, ouve a minha oração.”

Em seu lamento, Davi revela sua total dependência de Deus. Ao declarar no verso 6, minha alma tem sede de ti, o rei expressa a sensação de estar seco, como um solo árido que anseia pela chuva restauradora. Nada mais lhe traria contentamento senão a presença de Deus. Assim também somos nós nessas horas. Não levantamos apenas nossas mãos aos céus, mas rasgamos nosso coração, certos de que a água viva nos será dada em abundância. “Mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna". (João 4:14, NVI).

Às vezes, profundamente aflitos, imploramos que o Senhor se apresse, temendo, em nossa fragilidade humana, que Seu auxílio possa chegar tarde demais. É por isso que o salmista clama: ouve-me depressa. Comentando sobre essa urgência, Spurgeon diz: “A misericórdia tem asas nos calcanhares quando a miséria está no limite. Deus não falhará quando nosso espírito desfalecer; Ele apressará Seu curso e virá até nós nas asas do vento.”  (Spurgeon, Charles H., Tesouros de Davi, Vol. 3, f. 835, 2024).

Suplicamos ao Senhor porque a fé nos conduz a uma confiança plena n'Ele, certos de que jamais seremos decepcionados. Uma alma confiante permanece inabalável. Nosso Deus, todo-poderoso, não permitirá que nossa esperança naufrague. Ele é quem nos fortalece e nos capacita a superar as dores e desafios diários.

Ao final, Davi declara: “E no teu amor leal, aniquila os meus inimigos; destrói todos os meus adversários, pois sou teu servo.” (Salmos 143:12, NVI). Esta declaração carrega um peso profundo. Esse pedido revela sua total dependência e confiança na justiça de Deus. Davi reconhece que sua defesa e vitória vêm exclusivamente do Senhor, e não de sua própria força ou mérito.

O uso do termo "amor leal" (ou hesed no hebraico) indica a confiança de Davi na fidelidade e misericórdia de Deus, que Ele age em favor dos que Lhe pertencem. A súplica de Davi não é por vingança pessoal, mas pela destruição de tudo que se opõe a ele como servo de Deus. Ele se coloca sob o cuidado divino, certo de que o Senhor, em Seu amor leal, protegerá Seu servo e eliminará as forças que o ameaçam.

Que o Senhor nos ensine a orar como Davi, com a mesma humildade e confiança espiritual que ele demonstrou. Que possamos, em nossas orações, refletir uma fé genuína e segura, depositando tudo no caráter e na fidelidade de Deus, sabendo que Ele nos ouve e age em favor dos que Nele confiam.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

 

 

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