O DEUS PAI
"Pois vocês não
receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o
Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’. O
próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus"
(Romanos 8:15-16 NVI).
É comum ouvirmos a expressão “Deus é Pai” quando
alguém enfrenta dificuldades e espera Seu cuidado e proteção. E, de fato, Deus
é Pai em diversos sentidos: Ele é a fonte de todas as coisas, o Pai da criação,
o Pai de Israel como nação e o Pai dos cristãos por meio da fé. Acima de tudo,
Ele é Pai de Jesus Cristo, Seu Filho unigênito. Embora algumas concepções
modernas tentem restringir esse conceito, é essencial lembrar que Deus é
Espírito e Sua paternidade não se limita a noções humanas de gênero. Ele Se revela
como Pai através de um relacionamento de amor, cuidado e correção, esperando
obediência e comunhão em resposta.
No Antigo Testamento, Deus se apresenta como Pai de Israel,
criando, protegendo e guiando a nação, chamando-a à fidelidade à Sua aliança.
No entanto, Israel frequentemente se desviava, rejeitando esse relacionamento
paternal e buscando outros caminhos. Ainda assim, os profetas anunciaram um
tempo de restauração, quando Deus enviaria Seu Filho, aquele que corresponderia
plenamente ao Seu amor e propósito, cumprindo, de forma definitiva, a promessa
de redenção.
Além de Sua relação com Israel, Deus também estabeleceu um
vínculo especial com os reis da linhagem de Davi, prometendo ser Pai dos
descendentes reais e garantindo que um Rei Messias reinaria para sempre. Essa
promessa se cumpriu em Jesus Cristo, que não apenas é o Filho de Deus
encarnado, mas também revelou o Pai de forma única e perfeita. No batismo de
Jesus, Deus declarou: "Tu és o meu Filho amado, em quem me
agrado" (Marcos 1:11), confirmando essa relação eterna. O Novo
Testamento ensina que o Pai e o Filho compartilham uma comunhão inquebrantável,
e Jesus deixou claro que veio para revelar o Pai ao mundo. Ele afirmou: "Quem
me vê, vê o Pai" (João 14:9), demonstrando que conhecer Jesus é
conhecer o próprio Deus.
A filiação de Jesus ao Pai não se limita ao Seu nascimento sobrenatural,
pois Ele foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu de Maria sem a participação
de um pai humano. Assim, a relação de Jesus com o Pai vai além desse nascimento
milagroso, mas é eterna. João 1:18 declara: "Ninguém jamais viu a
Deus, mas o Deus unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido."
Em Sua oração em João 17, Jesus menciona a glória que compartilhava com o Pai
antes da criação do mundo (João 17:24-25). Esse relacionamento eterno entre o
Pai e o Filho é a base da nossa redenção, revelando a profundidade do amor
divino.
Mas a paternidade de Deus não se restringe a Cristo. Ela se
estende a todos os que creem. Os cristãos são chamados filhos de Deus, não por
mérito próprio, mas pela adoção divina, um privilégio concedido pela graça e
confirmado pelo Espírito Santo. O apóstolo Paulo ensina que aqueles que creem
recebem o Espírito de adoção, permitindo-lhes chamar Deus de "Aba,
Pai", uma expressão que revela intimidade e proximidade com Ele
(Romanos 8:15; Gálatas 4:6). Como filhos de Deus, os crentes também se tornam
co-herdeiros com Cristo, compartilhando a promessa da glória futura.
Entretanto, esse privilégio só é possível através de Jesus
Cristo, pois Ele declarou: "Ninguém vem ao Pai senão por mim"
(João 14:6). Somente através da fé em Cristo o ser humano pode desfrutar de um
relacionamento verdadeiro com Deus, experimentando Sua presença, amor e herança
eterna. Diante dessa realidade, a única resposta apropriada é louvor e
gratidão, reconhecendo o imenso privilégio de sermos chamados filhos de Deus.
João expressa essa verdade de forma profunda: "Vejam que grande amor
o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus!" (1 João 3:1).
Embora já desfrutemos da filiação divina, a plenitude dessa
realidade ainda não foi completamente revelada. Mas a promessa é certa: quando
Cristo retornar, seremos transformados à Sua imagem, refletindo Sua santidade e
glória. Como bem escreveu João: "Agora já somos filhos de Deus, mas
ainda não foi revelado plenamente o que haveremos de ser. No entanto, sabemos
que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, pois O veremos como
Ele realmente é" (1 João 3:2, NVI).
Essa verdade nos convida a viver com expectativa e fé,
confiantes de que um dia veremos o Senhor face a face e seremos plenamente
renovados em Sua presença. Nossa identidade como filhos de Deus deve
refletir-se em nossa vida diária, em nossa forma de agir, amar e servir. Se
somos filhos do Pai Celestial, devemos viver como tais, demonstrando Seu
caráter ao mundo.
Diante de tão grande privilégio, só nos resta exaltar o
nosso Pai e viver de modo digno da vocação que recebemos. "A Ele
seja a glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e
para todo o sempre. Amém!" (Judas 25).
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
14_sex_fev_25
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