NÃO TIRE
CONCLUSÕES PRECIPITADAS
"Quem responde antes de ouvir comete insensatez e
passa vergonha." (Provérbios 18:13, NVI)
O julgamento é uma prática inevitável em nossa vida diária,
pois constantemente somos chamados a avaliar pessoas, situações e decisões. No
entanto, nem sempre julgamos com a devida reflexão ou baseados na verdade.
Muitas vezes, opiniões são formadas a partir de impressões superficiais ou de
uma falsa sensação de conhecimento.
Conheço pessoas que se dizem especialistas em tudo; qualquer
assunto que você mencione, estão prontas para te dar uma aula, mesmo sem o
devido entendimento. Esse tipo de atitude destaca a necessidade de discernirmos
não apenas o que ouvimos, mas também como formamos nossos próprios julgamentos.
A Bíblia nos dá orientações claras sobre o tema. Em Mateus
7:1, Jesus adverte: "Não julguem, para que vocês não sejam
julgados." Essa passagem nos chama à humildade, lembrando que,
como falhos, não temos o direito de emitir julgamentos injustos ou
precipitados. Entretanto, em João 7:24, Ele também ensina: "Não
julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos."
Essas instruções não são contraditórias, mas complementares.
Somos exortados a não sermos hipócritas em nossos julgamentos (Mateus 7:3-5),
mas a buscarmos um "reto juízo", sempre fundamentado na
verdade e no conhecimento. Como diz Provérbios 18:15: "O coração do
que tem discernimento adquire conhecimento; os ouvidos dos sábios saem à sua
procura." Além disso, Mateus 7:15 nos adverte a estarmos atentos
aos falsos profetas, exigindo que usemos discernimento espiritual para
identificar o que é verdadeiro.
Um exemplo marcante de julgamento piedoso está na história
do rei Salomão ao decidir sobre a disputa de duas mulheres que alegavam ser a
mãe de uma criança (1 Reis 3:16-28). Em vez de julgar com base em aparências ou
pressões externas, Salomão pediu sabedoria a Deus e usou uma abordagem que
revelou a verdade. Sua decisão não apenas resolveu o conflito, mas também
demonstrou a importância de buscar a sabedoria divina antes de emitir qualquer
julgamento. "E todo o Israel ouviu o veredicto do rei e passou a respeitá-lo
profundamente, pois viu que ele possuía sabedoria divina para administrar a
justiça" (1 Reis 3:28, NVI).
Outro exemplo está na atitude de Jesus diante da mulher
adúltera, em João 8:1-11. Os líderes religiosos estavam prontos para
apedrejá-la com base na Lei, mas Jesus desafiou suas motivações ao dizer: "Se
algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela"
(João 8:7, NVI). Aqui, Jesus não ignorou o pecado, mas chamou à reflexão,
mostrando que o julgamento deve ser exercido com humildade e graça,
reconhecendo nossas próprias falhas.
Por outro lado, vemos exemplos negativos de julgamentos
precipitados. Em Números 13:31-33, os espias que foram enviados a Canaã
julgaram que seria impossível conquistar a terra prometida, baseando-se no medo
e nas aparências. Sua falta de fé levou o povo ao desespero e à rebeldia contra
Deus. Isso nos ensina que julgamentos baseados na incredulidade ou no
pessimismo podem desviar-nos do propósito divino. "Mas o justo
viverá pela fé" (Habacuque 2:4, NVI).
Paulo também aborda o julgamento piedoso em sua carta aos
Gálatas. Ele exorta os irmãos a corrigirem uns aos outros com mansidão,
cuidando para não caírem na tentação do orgulho ou da condenação precipitada: "Irmãos,
se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão
restaurá-lo com mansidão" (Gálatas 6:1, NVI). Aqui, vemos que o
julgamento deve ser feito com o objetivo de restaurar, não de condenar.
Ao refletir sobre esses exemplos, entendemos que julgar de
maneira piedosa significa buscar a verdade com base na Palavra de Deus,
evitando tanto a superficialidade quanto a hipocrisia. O apóstolo Paulo resume
bem esse princípio em Romanos 2:1: "Portanto, você, que julga, os
outros é indesculpável, pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga,
visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas."
Por fim, a verdadeira justiça e discernimento vêm da
comunhão com Deus. Tiago 1:5 nos encoraja: "Se algum de vocês tem
falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e
lhe será concedida." Essa sabedoria nos capacita a julgar com base
na verdade, na graça e no amor, honrando a Deus em nossas atitudes e palavras.
Portanto, somos chamados a julgar de maneira justa e
piedosa, reconhecendo nossas limitações, buscando a sabedoria divina e agindo
com compaixão. Que nossas palavras e atitudes reflitam o caráter de Cristo,
promovendo a edificação e a justiça em tudo que fazemos.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
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