A IGREJA NO PLANO
ETERNO DE DEUS
"Ele nos salvou e nos chamou com uma santa
vocação, não por causa das nossas obras, mas por causa da sua própria
determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos
eternos" (2 Timóteo 1:9, NVI).
Desde o princípio, a Igreja nunca foi apenas um evento
histórico, mas uma realidade profética e eterna, concebida no coração de Deus
antes mesmo da criação do mundo. A Palavra nos ensina em Efésios 1:4-5: "Porque
Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados
como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua
vontade."
Antes que o tempo existisse, Deus já havia determinado um
povo para Si, separado para viver em comunhão com Ele. Essa igreja, que não é
fruto da vontade humana, mas sim do propósito divino, foi gerada no coração de
Deus, sendo formada por aqueles que Ele escolheu para pertencerem ao Seu Reino.
A Igreja não é fruto de uma decisão humana ou de uma
circunstância histórica. Ela sempre esteve no plano soberano de Deus,
aguardando o momento de sua revelação progressiva. Ao longo das Escrituras,
podemos enxergar os sinais dessa manifestação divina sendo construídos ao longo
dos séculos.
Em Gênesis 3:15, encontramos a primeira promessa da
redenção: "Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua
descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá
o calcanhar." Esse versículo, conhecido como Protoevangelho,
anuncia a vinda de Cristo, aquele que esmagaria a cabeça da serpente e traria
salvação para a humanidade. Desde então, Deus começou a preparar um povo para
Si, o que futuramente se consolidaria como a Igreja.
Dentro desse plano progressivo, encontramos na arca de Noé
uma tipologia clara da Igreja. Assim como a arca serviu como refúgio para
aqueles que creram na palavra de Deus e foram preservados do juízo divino, a
Igreja representa o abrigo seguro para todos os que confiam em Cristo. 1 Pedro
3:20-21 faz essa conexão ao afirmar que a arca simboliza a salvação que agora
temos em Jesus: "Na arca, poucas pessoas, apenas oito, foram salvas
por meio da água, e isso representa o batismo que agora também salva vocês – não
a remoção da sujeira do corpo, mas o compromisso de uma boa consciência diante
de Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo."
Seguindo esse plano progressivo, Abraão foi chamado para dar
origem a uma linhagem separada para Deus. Ele não foi apenas o pai de Israel,
mas o pai da fé, apontando para um povo que não seria formado apenas pela
descendência natural, mas sim por aqueles que creriam na promessa divina. Gálatas
3:7 confirma isso: "Estejam certos, portanto, de que os que são da
fé, estes é que são filhos de Abraão."
Mais tarde, Deus habita entre os homens por meio do
tabernáculo e do templo, que serviam como sombra da realidade futura. Ambos
representavam a presença de Deus no meio do Seu povo, mas apontavam para algo
maior: a Igreja, que se tornaria o verdadeiro templo do Espírito Santo. Paulo
esclarece essa verdade em 1 Coríntios 3:16: "Vocês não sabem que são
santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?"
Quando Cristo veio ao mundo, Ele chamou discípulos e os
treinou para estabelecer o alicerce da Igreja. Seu ministério foi o preparo de
um novo povo, não mais baseado em descendência física, mas na fé em Sua obra
redentora. Como Ele mesmo declarou em João 10:16: "Tenho outras
ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas
ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor."
Com Sua morte e ressurreição, Cristo estabelece o fundamento
inabalável da Igreja. Foi através de Seu sacrifício que a porta foi aberta para
judeus e gentios serem reconciliados em um só corpo. Efésios 2:14 explica: "Pois
ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de
inimizade."
Finalmente, no Pentecostes (Atos 2), a Igreja é manifestada
de forma visível e poderosa na Terra, quando o Espírito Santo desce e capacita
os discípulos a cumprirem a missão de pregar o Evangelho. Ali não nascia algo
novo, mas se revelava o que Deus já havia planejado desde a eternidade.
Por isso, não podemos limitar o início da Igreja ao
Pentecostes, pois sua origem está na mente eterna de Deus. A Igreja sempre
existiu no propósito divino e foi sendo revelada de maneira progressiva até sua
plena manifestação. Como disse Jesus em Mateus 16:18: "E eu lhe digo
que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
Hades não poderão vencê-la."
A Igreja não é um prédio, uma organização ou uma ideia
humana. Ela é o corpo vivo de Cristo, formado por todos aqueles que foram
chamados para a redenção. Como Colossenses 1:18 afirma: "Ele é a
cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os
mortos, para que em tudo tenha a supremacia."
E essa Igreja segue firme, avançando até o dia glorioso em
que Cristo voltará para buscar Sua noiva – a Igreja fiel – e consumar Seu Reino. Apocalipse 19:7
proclama: "Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois
chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou."
Que possamos viver como essa Igreja gloriosa, conscientes de
que fazemos parte de um plano eterno, cuja fundação não está em mãos humanas,
mas na soberania de Deus.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
23_dom_mar_25
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