A PREOCUPAÇÃO NÃO
PODE ROUBAR NOSSA PAZ
"Tu guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito
está firme, porque em ti confia" (Isaías 26:3, NVI).
Quantas preocupações passam por nossa mente ao longo de um
único dia? Desde questões simples até desafios mais complexos, nossa mente
parece estar sempre ocupada com algo. Mas será que toda essa preocupação
realmente nos ajuda ou apenas nos sobrecarrega emocionalmente? Se por um lado a
preocupação pode nos impulsionar a buscar soluções, por outro, quando
descontrolada, pode se transformar em um fardo que rouba nossa paz.
A ciência explica que a preocupação ativa nosso sistema
cognitivo, nos colocando em estado de alerta e incentivando a busca por
informações e soluções. O psicólogo britânico Graham C.L. Davey, especialista
em ansiedade e saúde mental, aponta que há evidências de que a preocupação está
ligada a um estilo de vida voltado para a resolução de problemas. Muitas
pessoas afirmam que isso as ajuda a “pensar construtivamente” sobre os
desafios que enfrentam. No entanto, sem equilíbrio, a preocupação pode se
tornar um ciclo vicioso de ansiedade, onde a mente permanece inquieta e
sobrecarregada.
Acabei de ler esta semana o livro de Ruth A. Tucker sobre a
primeira-dama da Reforma, A Extraordinária Vida de Catarina Von Bora,
uma leitura que indico especialmente a todos que apreciam biografias. Tucker
dedica todo o capítulo 10 do livro ao tema da preocupação, intitulado "Pare
de se preocupar, deixe Deus se preocupar: o excesso de preocupação em
Wittenberg." Essa abordagem reforça como, ao longo da história, mesmo
grandes figuras da fé enfrentaram a inquietação, mas aprenderam a descansar na
providência de Deus.
A Bíblia reconhece que as preocupações fazem parte da vida,
mas nos ensina a lidar com elas de maneira saudável. Em vez de sermos dominados
pela preocupação, devemos entregar nossas inquietações a Deus por meio da
oração. Confiar no Senhor nos traz paz e nos liberta da ansiedade excessiva. "Não
andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com
ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo
Jesus" (Filipenses 4:6-7, NVI).
A Bíblia também nos ensina que há uma grande diferença entre
preocupação e sabedoria. Planejar o futuro e agir com prudência são atitudes
incentivadas nas Escrituras. Como diz Provérbios 21:5: "Os
planos bem elaborados levam à fartura; mas o apressado sempre acaba na
miséria." O erro não está em pensar no futuro, mas em permitir que a
preocupação se transforme em medo e insegurança, paralisando nossa fé. A
questão central é: confiamos em Deus enquanto buscamos soluções, ou nos
deixamos consumir pelo medo do que pode acontecer?
Jesus abordou diretamente essa questão no Sermão do Monte,
ao falar sobre a preocupação com o amanhã. Em Mateus 6:25-27, Ele nos
ensina: "Portanto, eu lhes digo: não se preocupem com a sua própria
vida, quanto ao que comer ou beber; nem com o seu próprio corpo, quanto ao que
vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante
do que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam
em celeiros, contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor
do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora
que seja à sua vida?" (NVI)
Jesus não está incentivando a passividade ou a
irresponsabilidade, mas nos mostrando que a ansiedade excessiva não traz
benefícios. Confiar na provisão divina não significa deixar de planejar, mas
sim descansar na certeza de que Deus está no controle. Se a preocupação pode
nos levar a buscar soluções, essa busca deve ser feita com discernimento e fé.
Em Lucas 14:28, Jesus nos ensina a agir com prudência: "Qual
de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o
preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?" Deus
nos dá inteligência e capacidade de planejamento, mas tudo isso deve ser
acompanhado de uma confiança inabalável n’Ele. A verdadeira paz não vem da
ausência de problemas, mas da certeza de que Deus nos sustenta em qualquer
circunstância.
A preocupação pode nos levar a agir de forma proativa, mas
nunca deve ser maior do que nossa fé. Em 1 Pedro 5:7, encontramos uma
direção clara para lidar com a ansiedade: "Lancem sobre ele toda a
sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês." Diante disso,
surge um questionamento essencial: onde está nossa confiança? Estamos
permitindo que a preocupação nos afaste da paz que Deus nos oferece? Em vez de
sermos consumidos pela inquietação, devemos usá-la como um lembrete para buscar
a Deus e confiar em Sua provisão.
Que possamos, dia após dia, aprender a descansar no Senhor,
sabendo que Ele cuida de nós. A verdadeira paz não está na ausência de
desafios, mas na certeza de que Deus está no controle. Se entregarmos nossas
ansiedades a Ele, viveremos com leveza, gratidão e confiança, sabendo que nada
foge das mãos do Pai.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
13_qui_mar_25
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