O PERIGO DOS PROBLEMAS MAL RESOLVIDOS NA FAMÍLIA

"Porque com a espada perseguiu seu irmão, e reprimiu toda a compaixão, mutilando-o furiosamente e perpetuando para sempre a sua ira." (Amós 1:11b, NVI)

O livro de Amós nos alerta sobre os efeitos devastadores dos conflitos familiares não resolvidos. O ressentimento dos edomitas contra os israelitas, originado na rivalidade entre Esaú e Jacó, perdurou por gerações, transformando-se em um embate contínuo que marcou a história de ambas as nações. Esse exemplo bíblico nos ensina que mágoas não tratadas podem crescer com o tempo, afetando não apenas as relações pessoais, mas até mesmo sociedades inteiras. O ódio e a ira de Edom contra Israel não surgiram de um dia para o outro, mas foram alimentados ao longo dos anos, sem que houvesse reconciliação.

A história de Esaú e Jacó revela que essa rivalidade começou dentro de casa, incentivada por seus próprios pais, Isaque e Rebeca. Em vez de promoverem um relacionamento saudável entre os filhos, cada um demonstrou preferência por um deles – Rebeca favorecia Jacó, enquanto Isaque tinha predileção por Esaú. Essa atitude gerou um ambiente de competição, ressentimento e divisão, levando a conflitos duradouros. Muitas famílias ainda sofrem com esse mesmo problema: quando um filho é tratado de maneira diferente do outro, favorecido em detrimento do irmão, um ambiente de desunião se instala, trazendo consequências negativas.

Nos dias atuais, esse ensinamento continua relevante. Pequenas atitudes dentro do lar podem gerar grandes feridas emocionais. Quando os pais elogiam constantemente um filho enquanto criticam o outro, demonstram afeto a um e ignoram as necessidades do outro, ou fazem comparações injustas, esses gestos podem criar ressentimentos profundos que acompanham os filhos por toda a vida. A consequência disso pode ser a insegurança, baixa autoestima e até mesmo a quebra de laços familiares, levando a distanciamentos irreversíveis.

O texto de Amós destaca que Edom "reteve sua indignação para sempre", indicando que a mágoa nunca foi resolvida. Muitas famílias vivem essa realidade: desentendimentos que se prolongam por anos, tornando-se barreiras emocionais que impedem a restauração dos relacionamentos. O que começou como uma pequena discordância pode crescer até se tornar um muro intransponível. Como cristãos, precisamos agir antes que isso aconteça, buscando a reconciliação e promovendo um ambiente de amor e justiça dentro do lar.

A Bíblia nos ensina que os pais têm um papel essencial na formação do caráter de seus filhos. Efésios 6:4 nos orienta: "Pais, não irritem seus filhos; antes, criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor." Isso significa que os pais devem tratar seus filhos com equidade, reconhecendo a individualidade de cada um e ensinando-os a valorizar e respeitar uns aos outros. Mais do que palavras, o exemplo dos pais dentro do lar determinará a forma como os filhos irão se relacionar no futuro.

Outro princípio bíblico importante está em Efésios 4:26-27: "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo." Esse ensinamento nos mostra que os conflitos familiares precisam ser resolvidos rapidamente, antes que se tornem raízes de amargura que podem contaminar gerações futuras. O perdão é a chave para evitar que ressentimentos se perpetuem dentro da família.

Jesus nos ensina em Mateus 5:9: "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." Como servos do Senhor, devemos buscar a paz em nossos lares, evitando desentendimentos prolongados e promovendo a reconciliação. Se há algo mal resolvido dentro da família, a hora de tratar é agora. Pequenos gestos de amor, palavras de perdão e disposição para restaurar relacionamentos podem evitar que conflitos se tornem feridas incuráveis.

Assim como a rivalidade entre Esaú e Jacó impactou não apenas suas vidas, mas também seus descendentes, nossas atitudes dentro do lar podem determinar o futuro das próximas gerações. Se queremos lares saudáveis e famílias unidas, devemos agir com sabedoria, equilíbrio e amor, evitando favoritismos e buscando sempre a reconciliação. Afinal, uma família fortalecida nos princípios de Deus reflete o propósito divino e é um testemunho vivo do amor de Cristo.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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