O QUE SOMOS ALÉM DAS APARÊNCIAS?

"Assim como a água reflete o rosto, o coração reflete quem somos de verdade." (Provérbios 27:19)

É fascinante perceber como a essência do ser humano vai muito além daquilo que é visível. Podemos conviver com alguém por anos e, ainda assim, não o conhecer completamente. Isso porque grande parte do que somos está oculta nos nossos pensamentos, emoções e intenções. Nossa vida interior é um universo particular, repleto de experiências, sonhos e lutas silenciosas que nem sempre conseguimos expressar. Enquanto nossas palavras e ações revelam fragmentos da nossa identidade, há muito mais em nós do que aquilo que os outros podem perceber.

Mark Twain expressou essa verdade ao afirmar: "Uma pequena parte da vida de uma pessoa são seus atos e suas palavras. Sua vida real é conduzida em sua cabeça e não é conhecida por ninguém além dele mesmo." Essa reflexão nos leva a questionar até que ponto realmente conhecemos alguém. Muitas vezes, julgamos as pessoas por sua aparência ou comportamento, sem considerar o que pode estar acontecendo internamente. Cada indivíduo carrega uma história, e essa história nem sempre pode ser vista a olho nu.

Nossos atos e palavras representam apenas uma fração do que realmente somos. Muitas vezes, sorrimos quando estamos tristes, demonstramos confiança quando sentimos medo e mantemos a calma enquanto enfrentamos tempestades internas. Isso mostra como a vida exterior e a vida interior podem ser opostas, evidenciando a complexidade do ser humano. Jesus já alertava sobre essa dualidade ao dizer: "Vocês julgam por padrões humanos; eu não julgo ninguém" (João 8:15, NVI). Enquanto olhamos para o que é visível, Deus conhece cada detalhe do nosso coração.

Mesmo convivendo diariamente com alguém, nunca teremos acesso total ao que se passa dentro dele. Por isso, é um erro julgar precipitadamente com base apenas no que enxergamos. Quantas vezes interpretamos mal o comportamento de alguém por não compreender suas lutas internas? Alguém que se isola pode estar enfrentando dores profundas; um semblante sério pode esconder preocupações e inseguranças. O ser humano tende a julgar pela aparência, mas a essência muitas vezes permanece oculta.

A Bíblia reforça essa limitação do olhar humano ao relatar a escolha de Davi como rei de Israel. Quando Samuel viu Eliabe, irmão mais velho de Davi, pensou que ele fosse o escolhido por sua aparência imponente. No entanto, Deus respondeu: "Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (1 Samuel 16:7, NVI). Esse versículo nos ensina que Deus não se impressiona com o exterior, pois Ele conhece profundamente cada pessoa.

Essa realidade deveria nos levar a uma reflexão sobre nossa própria vida interior. Diante de Deus, não há máscaras ou aparências; Ele conhece nossas intenções, nossos anseios e até mesmo os sentimentos que tentamos esconder. Jeremias 17:10 diz: "Eu, o Senhor, sondo o coração e examino a mente, para recompensar cada um de acordo com a sua conduta". Isso significa que, mais do que tentar impressionar as pessoas, devemos buscar um coração íntegro diante do Senhor.

O verdadeiro caráter de uma pessoa não é medido apenas por suas ações visíveis, mas também pela forma como ela expressa gratidão. Charles Spurgeon dizia: "A gratidão deve ser um hábito tão presente quanto a oração". Ou seja, além de pedir a Deus, devemos desenvolver uma atitude constante de reconhecimento por tudo o que Ele já fez. A gratidão não depende das circunstâncias, mas da maneira como enxergamos a vida.

Aqueles que possuem um coração agradecido conseguem ver bênçãos até mesmo nos momentos difíceis. Eles compreendem que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28) e que cada desafio pode trazer crescimento. Por outro lado, a ingratidão revela uma visão limitada, onde o foco está apenas no que falta, e não no que já foi recebido.

O desafio para cada um de nós é viver de forma autêntica, sem nos preocuparmos tanto com a opinião alheia, mas sim com a maneira como Deus nos enxerga. A empatia deve ser uma prática constante, pois nunca sabemos o que a outra pessoa está enfrentando. Precisamos aprender a olhar além das aparências, compreendendo que cada ser humano carrega dentro de si um mundo invisível aos nossos olhos.

Por fim, mais importante do que parecer bem aos olhos do mundo é estar bem diante de Deus. Ele nos conhece por completo e nos convida a viver com verdade, humildade e gratidão. Quando escolhemos cuidar do nosso coração, fortalecemos aquilo que realmente importa e vivemos uma vida que reflete o caráter de Cristo. Afinal, como Jesus nos ensinou, "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4:4, NVI).

Se o mundo se preocupa apenas com a superfície, que possamos ser aqueles que valorizam o que é eterno.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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