MAIS QUE O CORPO: PRIORIDADES ESPIRITUAIS

“Pois o exercício físico é de algum valor, mas a piedade tem valor para tudo, porque tem promessas para a vida que agora é e para a que há de vir.” (1 Timóteo 4:8 – NVI)

No domingo passado, ao final do culto, durante a convocação para a reunião de terça-feira — que tem servido como preparação para a Escola Bíblica Dominical — meu pastor fez uma exortação importante. Ele chamou a atenção para a inversão de prioridades que tem ocorrido entre alguns membros. Muitos, segundo ele, têm deixado de valorizar aquele culto em especial, trocando esse momento de comunhão e edificação por outras atividades. Como exemplo, mencionou os que optam por ir à academia em vez de estarem reunidos com a igreja.

Na hora, confesso que, por dentro, dei uma risadinha pela forma direta como o apelo foi feito. Lembrei logo do versículo de Paulo que diz que o exercício físico “para pouco aproveita”. Mas aquela lembrança, que veio com humor, logo deu lugar a uma reflexão mais séria: será que Paulo estava realmente desprezando a prática de atividades físicas? Ou estaria ele apontando para algo muito mais profundo?

Durante muito tempo, usei esse versículo quase como desculpa para justificar minha própria falta de exercícios. Afinal, se o apóstolo disse que o exercício pouco aproveita, por que se preocupar com isso? Mas, olhando com mais cuidado para o texto e seu contexto, entendi que Paulo não está dizendo que o exercício físico não vale nada. Pelo contrário, ele reconhece que tem “algum valor”. Em outra carta, ele até nos lembra que o corpo é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19). O que ele está criticando não é o cuidado com o corpo, mas a inversão de prioridades.

O problema é quando o cuidado com o físico se torna mais importante do que o cuidado com a alma. Quando o culto é deixado de lado por causa da academia, ou quando a oração perde lugar para outras atividades, o desequilíbrio se instala. Paulo está dizendo que, entre o que tem valor passageiro e o que tem valor eterno, a escolha deve ser clara. Cuidar do corpo é bom — e necessário. Mas cuidar da alma é essencial.

Ao escrever a Timóteo, Paulo enfatiza a piedade, ou seja, uma vida com Deus vivida com seriedade, reverência e constância. Essa piedade tem valor tanto para o presente quanto para o futuro eterno. Ela molda o nosso caráter, nos fortalece nas dificuldades, nos orienta nas decisões e nos prepara para encontrar o Senhor. Nenhuma disciplina física, por mais útil que seja, pode oferecer esse tipo de benefício.

Por isso, não devemos cair no erro de desprezar o culto, a comunhão, a leitura da Palavra ou a vida de oração. Esses são os verdadeiros alimentos da alma. O culto público, em especial, não é apenas um hábito religioso — é compromisso com Deus e com o Corpo de Cristo. É onde somos edificados, corrigidos, renovados e enviados. Substituí-lo por qualquer outra atividade revela um coração distraído com o que é passageiro e enfraquecido quanto ao que é eterno. "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia." (Hebreus 10:25 – NVI)

Vale dizer: cuidar da saúde física é bom. É um sinal de sabedoria e mordomia com o corpo que Deus nos deu. O desequilíbrio está quando qualquer cuidado — seja físico, emocional ou até familiar — passa a ocupar o lugar da comunhão com Deus. O problema nunca é a academia, o trabalho ou o descanso. O problema é quando essas coisas se tornam mais importantes que a presença de Deus. Quando isso acontece, o culto se torna dispensável, e a alma, aos poucos, vai sendo deixada com fome.

O convite de Paulo não é para abandonarmos o cuidado com o corpo, mas para colocarmos a vida com Deus em primeiro lugar. A piedade não apenas nos prepara para a eternidade, mas transforma a maneira como vivemos hoje. Quem cultiva uma vida piedosa vive com equilíbrio, entende suas prioridades e encontra força no Senhor para todas as áreas da vida.

Em resumo, o exercício físico tem seu valor, sim. Mas ele nunca deve ocupar o lugar da vida espiritual. O culto é alimento para a alma, e o compromisso com o Corpo de Cristo é essencial, insubstituível e eterno.

“Quando o corpo se torna prioridade e a alma fica em segundo plano, trocamos o eterno pelo passageiro — mas a piedade ainda é o exercício que vale para toda a vida.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

07/mai/25

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