TRANSMITIR E VIVER A HERANÇA DA FÉ

“Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor, nem o que ele havia feito por Israel.”  (Juízes 2:10 – NVI)

Após a conquista de Canaã sob a liderança de Josué, o povo de Israel estava estabelecido na terra, mas não completou a missão dada por Deus. Muitos povos cananeus continuaram habitando ali, resultado da obediência parcial dos israelitas. Deus havia ordenado que expulsassem completamente aqueles povos para evitar a contaminação espiritual e moral, mas essa ordem foi negligenciada.

O capítulo 2 de Juízes apresenta um resumo profundo da situação espiritual de Israel após a morte de Josué e da geração que viveu os grandes feitos do Senhor. É nesse cenário que encontramos uma das maiores tragédias espirituais do povo: uma nova geração surgiu que não conhecia o Senhor.

Essa realidade expõe um erro que ainda hoje pode ser repetido: o conhecimento de Deus não é herdado automaticamente. A fé precisa ser ensinada com cuidado, vivida de verdade e mostrada sempre com o nosso exemplo.

Não basta levar nossos filhos aos cultos e às escolas Dominicais. É no dia a dia, dentro de casa, que seus corações devem ser formados com o temor do Senhor. Isso acontece através do nosso exemplo, da convivência amorosa, da leitura bíblica, da oração e do ensino prático da Palavra. Quando isso não acontece, o risco é o mesmo que Israel enfrentou: perder-se espiritualmente, mesmo morando na Terra Prometida.

Transmitir a herança espiritual é uma missão urgente e inadiável. Não se trata apenas de contar histórias bíblicas ou ensinar valores morais. É formar discípulos no lar, cultivando uma fé viva e pessoal. O maior legado que podemos deixar aos nossos filhos não é uma herança material, mas um coração inclinado ao Senhor. Quando os fundamentos da fé não são firmemente colocados, tudo ao redor começa a ruir — e foi exatamente isso que aconteceu com Israel.

O texto de Juízes também revela um segundo problema grave: a infidelidade. O povo que conhecia o caminho decidiu se desviar dele. A ausência de alicerces sólidos leva rapidamente à corrupção espiritual.

Sem comunhão verdadeira com Deus, cresce a tendência de se curvar aos ídolos modernos — como o prazer, o sucesso, a independência e a autoafirmação. Por isso, é urgente cultivar uma fidelidade constante ao Senhor, tanto na vida pessoal quanto na comunidade de fé. Como está escrito: “Contudo, nem aos seus juízes quiseram ouvir; prostituíram-se com outros deuses, adorando-os. Depressa se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, caminho da obediência aos mandamentos do Senhor” (Juízes 2:17 – NVI).

O capítulo 2 do livro de Josué mostra que a infidelidade de Israel não foi algo isolado, mas um padrão que se repetia. Por isso, Deus permitiu que os inimigos permanecessem entre eles, como uma forma de prova. Era uma maneira de testar a fidelidade do povo e ver se continuariam firmes nos caminhos do Senhor.

Quando uma geração falha em formar a próxima, os filhos enfrentam batalhas espirituais para as quais não estão preparados. Por isso, a nossa fidelidade hoje é uma semente que prepara os nossos filhos para resistirem amanhã.

Como está escrito: “Usarei esses povos para pôr Israel à prova e ver se guardam o caminho do Senhor e se o seguem como fizeram os seus antepassados” (Juízes 2:22 – NVI).

Deus não abandona seu povo sem aviso ou propósito. Ele permite situações difíceis para revelar o que há no coração, para ensinar, corrigir e formar caráter. A responsabilidade, no entanto, continua sendo nossa: transmitir a herança da fé com fidelidade e coragem.

Israel foi duramente castigado por sua infidelidade. O exemplo está diante de nós como um alerta e também como um chamado à responsabilidade. Hoje, também vivemos cercados por um povo que segue seus próprios deuses e costumes, alheios à vontade de Deus. Por isso, as palavras de Jesus em sua oração sacerdotal continuam atuais: “Não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno” (João 17:15 – NVI). Estamos no mundo, mas não pertencemos a ele. Precisamos ser luz, exemplo e testemunho — especialmente diante dos nossos filhos.

Não podemos repetir o erro de Juízes 2:19, quando o povo sabia qual era o caminho certo, mas escolheu não segui-lo. Nós conhecemos esse caminho, aprendemos a amar o Senhor e temos vivido nossas próprias experiências com Ele ao longo da jornada. Agora, o que Deus espera de nós é fidelidade. Precisamos passar essa fé adiante, com sinceridade, dedicação e firmeza. O futuro da fé na próxima geração depende da nossa obediência hoje.

A fé não se herda — se vive, se ensina e se transmite com fidelidade, ou corre o risco de desaparecer em uma geração.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

06/mai/25

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