ORGANIZAÇÃO E
CUIDADO NO CULTO: LIÇÕES DE NEEMIAS 11
“Petaías, filho de Mesezabeel, dos filhos de Zerá,
filho de Judá, estava à disposição do rei, para todos os negócios relativos ao
povo.” (Neemias 11:24 – NAA)
O capítulo 11 de Neemias descreve como o povo reorganizou a
vida em Jerusalém após a reconstrução dos muros. A cidade estava protegida, mas
ainda pouco habitada. Por isso, Neemias e os líderes lançaram sortes para
definir quais famílias passariam a morar ali, enquanto outras permaneceriam em
suas localidades.
Viver em Jerusalém exigia renúncia, e aqueles que se
voluntariaram foram honrados e abençoados — pois se colocaram à disposição
do rei. Isso nos ensina sobre o valor do serviço realizado com disposição,
renúncia e amor pela Obra de Deus.
A partir do verso 3, o capítulo apresenta os diferentes
grupos que se comprometeram com essa missão: líderes, sacerdotes, levitas,
homens valentes, porteiros e servos do templo. Cada um assumiu sua
responsabilidade, revelando a importância da organização na preservação da vida
espiritual do povo. Dentre todos os nomes citados, os versículos 23 e 24 ganham
destaque por trazerem duas figuras estratégicas: os cantores levitas e
Petaías.
O versículo 23 mostra que os cantores recebiam sustento
diário por ordem do rei. Ainda que não se mencione qual rei deu essa ordem, é
provável que tenha vindo do período persa, quando os judeus receberam apoio
oficial para a restauração de Jerusalém. Esdras 6:9-10 confirma essa prática: o
rei Dario determinou que tudo o que fosse necessário para o culto fosse
fornecido diariamente, sem falta. Isso revela que até autoridades estrangeiras
reconheciam a importância da adoração ao Deus de Israel.
A partir dessa realidade, aprendemos que Deus valoriza o
culto com ordem, zelo e constância. Ele deseja que o louvor, a adoração e o
serviço em Sua casa aconteçam com dignidade. Os cantores naquele momento eram
sustentados para se dedicarem totalmente ao ministério. Entendemos hoje, que esse
sustento vem do Senhor. É Ele quem capacita. Não basta ter talento ou domínio
técnico sobre música e instrumentos. O verdadeiro sustento é espiritual e nasce
da santificação, da leitura da Palavra e da oração.
Hoje, o Senhor continua desejando que aqueles que servem no
ensino, na música, na intercessão e no cuidado pastoral tenham condições de
exercer seu chamado com alegria e sem sobrecarga. Ele mesmo provê força,
direção e os recursos necessários – tanto materiais quanto espirituais – àqueles
que O servem com fidelidade. Por isso, devemos valorizar os que se dedicam ao
ministério, sabendo que Deus habita no meio dos louvores, e a adoração deve ser
tratada com reverência e entrega.
Já o versículo 24 nos apresenta Petaías, descendente de
Judá, que atuava como conselheiro do rei em assuntos relacionados ao povo. Essa
figura emblemática era mais do que um diplomata. Ele representa aqueles que se
colocam à disposição do Rei — o Senhor — para serem usados conforme Sua
vontade. Seu nome significa “O Senhor abre”, e isso reforça o papel que
ele cumpria: alguém posicionado para abrir caminhos, representar o povo e
servir ao rei com fidelidade.
Assim como Petaías foi colocado estrategicamente para
interceder e servir, a Igreja hoje é chamada a ser esse canal de abertura
espiritual entre o céu e a terra. Ela anuncia o Reino, proclama o Evangelho e
convida o mundo a entrar pela porta estreita que conduz à vida — Jesus
Cristo. Deus continua levantando servos fiéis e sábios para cumprir papéis
específicos em Seu Reino. Cada membro que se entrega com disposição pode ser
usado poderosamente por Ele.
Outro aspecto marcante de Neemias 11 é o espírito de serviço
voluntário. Morar em Jerusalém era desafiador, mas alguns se ofereceram
espontaneamente e outros foram sorteados. Isso nos lembra que servir ao Senhor
exige entrega, disposição e, muitas vezes, renúncia. A obra de Deus precisa de
pessoas que estejam dispostas a assumir responsabilidades, mesmo que isso
implique deixar o conforto. Esse tipo de entrega agrada ao coração de Deus.
Como nos ensina 1 Coríntios 15:58: “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se
firmes e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês
sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.”
Neemias 11 nos ensina que o Reino de Deus não é feito de
improvisos. Há ordem, há funções bem definidas e há honra no cumprimento de
cada tarefa. Quando cada um entende seu papel e o cumpre com zelo, a Igreja
caminha com equilíbrio, edificação e propósito.
Como é bom quando chegamos à nossa igreja e vemos tudo
fluindo em perfeita harmonia: o acolhimento dos obreiros logo na chegada, as
classes bem organizadas por faixa etária, as professoras preparadas para
ensinar com dedicação, o grupo de louvor afinado, os hinos que tocam
profundamente o coração durante os cultos, a mensagem revelada sendo entregue
com clareza pelo pastor ou pelo obreiro escalado, e a atenção cuidadosa dada
aos visitantes ao final de cada culto. Tudo isso é fruto da ação do Espírito
Santo por meio de pessoas que se colocam à disposição para servir.
Quando cada membro do corpo de Cristo cumpre seu papel com
amor e responsabilidade, a presença de Deus se manifesta com poder, trazendo
edificação, consolo e transformação.
Que possamos seguir esse exemplo, organizando nossas igrejas
com reverência e discernimento, lembrando que não se trata de fazer como
queremos, mas como o Espírito Santo orienta.
Lembremos sempre: a Igreja é de Cristo. Que haja
reconhecimento dos que servem, e que cada um de nós esteja disposto a
colocar-se nas mãos do Senhor com fidelidade.
“Quando cada membro do corpo entende seu lugar, serve com
dedicação e depende do sustento que vem do Senhor, a Igreja avança com ordem,
propósito e louvor que agrada a Deus.”
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
13/mai/25
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