A FIGUEIRA, A FÉ E OS FRUTOS QUE DEUS ESPERA

“Vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela, mas nada encontrou, a não ser folhas. Então lhe disse: ‘Nunca mais dê frutos!’ Imediatamente a árvore secou.” Mateus 21:19 (NVI)

Numa manhã, a caminho de Jerusalém, Jesus sentiu fome. Ao avistar uma figueira frondosa à beira da estrada, aproximou-se para procurar frutos. Mas, embora estivesse cheia de folhas, não havia nada para comer. Era só aparência. Diante disso, Jesus declarou: “Nunca mais você dê fruto!” E, para espanto dos discípulos, a figueira secou na hora. O que parecia apenas um gesto radical de alguém com fome, na verdade era uma profunda lição espiritual e profética.

Esse não foi um milagre aleatório, nem uma atitude impulsiva. A figueira simbolizava algo muito maior. Na tradição bíblica, a figueira muitas vezes representa Israel — o povo escolhido por Deus, que recebeu promessas, profetas, o templo, os rituais e toda uma estrutura religiosa. Do lado de fora, tudo parecia cheio de vida — muitas folhas. Mas, por dentro, faltavam os frutos que o Senhor tanto esperava: justiça, humildade, arrependimento, fé verdadeira.

Essa repreensão não era nova. Vários séculos antes, os profetas já haviam alertado sobre uma fé de aparência, um culto vazio, uma adoração apenas de palavras. Isaías, por exemplo, disse que o povo honrava a Deus com os lábios, mas o coração permanecia distante (Is 29:13). Com esse gesto diante da figueira, Jesus confirma que o mesmo problema persistia: aparência sem essência. E por isso, a nação enfrentaria juízo — não por falta de estrutura, mas por não ter produzido o que era esperado de um povo tão privilegiado.

Essa lição atravessa o tempo e nos alcança. Hoje, também corremos o risco de ter muitas folhas e pouco fruto. Há igrejas cheias de atividades, posições e títulos, mas onde falta o quebrantamento, a verdade, a compaixão, o Espírito. E o mais sério: muitos se expõem como árvores frondosas, tocando trombetas, anunciando frutos que não existem. Mas Jesus não se deixa enganar. Ele se aproxima, examina, e sabe o que está de fato em nosso coração.

Aquela figueira representava uma propaganda enganosa: folhas que prometiam frutos, mas não entregavam nada. E Jesus tem o direito de esperar frutos em nossa vida. Ele se aproxima de cada um de nós com discernimento perfeito, e quando encontra apenas aparência sem vida, não se agrada. Isso é um chamado à sinceridade, ao arrependimento, e a uma fé prática que dá frutos.

Jesus usou esse momento não só para advertir, mas também para ensinar sobre fé. Diante do espanto dos discípulos, Ele disse: “Se tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não só isso, mas até ordenar que um monte se lance ao mar.” Ele muda o foco da figueira para o coração do discípulo. A verdadeira fé não é decorativa nem teórica. É viva, confiante, e age com autoridade segundo a vontade de Deus.

E completa: “Tudo o que pedirem em oração, se crerem, receberão.” Isso não significa que Deus atenderá qualquer desejo egoísta, mas que a fé genuína, alinhada ao coração do Pai, tem poder. Quando oramos com sinceridade, buscando a vontade do Senhor, coisas extraordinárias acontecem — para glória d’Ele, não para a nossa.

A figueira seca ainda fala conosco. Deus não está interessado em aparência. Ele quer transformação. Busca frutos verdadeiros: ações que nascem de um coração renovado, fé que se revela nas escolhas do dia a dia, humildade que se expressa em amor. Quando Ele encontra isso, derrama graça com generosidade. Mas, quando há só folhas, Ele confronta — e esse confronto também é graça. Porque o mesmo Jesus que secou a figueira foi o que curou, alimentou e perdoou. Ele não quer nos excluir, mas nos transformar.

Que nossa vida não seja um teatro religioso. Que nosso coração seja terra boa, e nossa fé, raiz firme. Que não fiquemos apenas com folhas que impressionam, mas que sejamos árvores carregadas de frutos que glorificam ao Pai. E que, em oração, encontremos n’Ele a força para viver com autenticidade diante de Deus e dos homens.

“Deus não se impressiona com folhas vistosas, mas se alegra com frutos verdadeiros. A fé que Ele honra é aquela que brota do coração, transforma atitudes e confia no Seu poder mesmo quando tudo parece seco.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

27/jun/25

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