CHAMADOS À
SANTIDADE: UM CONVITE À CONSAGRAÇÃO
“Durante sete dias você fará expiação pelo altar e o
consagrará; e o altar será santíssimo; tudo o que o tocar será santo.” Êxodo 29:37 (NVI)
Muitos dos ritos, liturgias, figuras e fatos do Velho
Testamento estão intimamente ligados com o proceder da Igreja no Novo
Testamento. O texto de Êxodo 29:1-37 faz parte das instruções que Deus deu a
Moisés para a consagração dos sacerdotes, especialmente Arão e seus filhos,
para o serviço no tabernáculo. Esse capítulo é muito importante porque mostra
como era o culto a Deus naquele tempo. Ele faz parte da história da construção
do tabernáculo e de como Deus separou os sacerdotes para O servirem.
Ali encontramos um rico conjunto de símbolos que apontam
para Cristo e para a vida cristã. Cada detalhe do ritual nos lembra de que se
aproximar de Deus exige pureza, entrega e consagração — algo que não
conseguimos produzir por nós mesmos, mas que recebemos pela graça, por meio do
sacrifício perfeito de Jesus.
O capítulo começa com o sacrifício pelo pecado (v.14). Antes
que o sacerdote pudesse servir, era necessário que o pecado fosse tratado. Não
há como servir a Deus de maneira aceitável sem primeiro sermos purificados.
Isso nos leva diretamente à cruz. Jesus, o Cordeiro de Deus, foi levado para
fora da cidade e ali morreu, carregando nosso pecado. Seu sacrifício definitivo
nos abriu um novo e vivo caminho de acesso ao Pai.
Logo em seguida, a oferta queimada ao Senhor (v.18) nos
lembra que a vida do servo de Deus deve ser uma entrega total. No holocausto,
nada ficava para o ofertante; tudo era queimado. Assim foi a entrega de Jesus.
Ele não reteve nada. E assim deve ser nossa resposta a tão grande amor:
oferecer nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
Outro símbolo marcante é o carneiro da consagração (v.22). O
sangue desse carneiro era colocado em partes específicas do corpo do sacerdote
— o lóbulo da orelha, o polegar da mão direita, o polegar do pé direito —
sinalizando que tudo em nossa vida deveria estar consagrado: o que ouve, o que
faz, o caminho que percorre. Que lição poderosa para nós! Em Cristo, fomos
chamados a uma vida de consagração integral.
A oferta movida diante do Senhor (v.24) era um gesto de
apresentação. Ao ser movida perante Deus, aquela oferta declarava que tudo
pertencia a Ele. É um convite para que hoje apresentemos nossas vidas, nossos
dons e nossos recursos diante do Senhor com esse mesmo espírito de entrega e
adoração.
O texto também fala da porção que ficava para o sacerdote
(v.26), um lembrete de que Deus cuida e provê para aqueles que O servem. Ele
não chama ninguém para o serviço sem cuidar de suas necessidades. Mas também
nos lembra que as bênçãos do Senhor são santas e devem ser recebidas com
reverência.
A obrigação perpétua (v.28) mostra que essa prática não era
passageira, mas algo que se estenderia de geração em geração. Isso aponta para
a realidade da Igreja hoje: não fomos chamados para uma consagração ocasional,
mas para um sacerdócio contínuo. Somos sacerdotes em tempo integral — em casa,
no trabalho, na igreja, em todo lugar.
Um verso especialmente profundo é o 33: "comerão
das coisas com que for feita a expiação... são santas." Isso nos
lembra da mesa do Senhor, da comunhão que temos com Cristo em Sua morte e
ressurreição. É um privilégio que não pode ser tratado com leviandade. Só
aqueles que foram santificados por Seu sangue devem participar da comunhão com
reverência e gratidão.
Por fim, o verso 37 sela toda a mensagem: “o altar
será santíssimo; tudo o que o tocar será santo.” No Novo Testamento,
Cristo é o nosso altar. E tudo o que é verdadeiramente tocado por Ele é
transformado. Não há santidade que venha de nós mesmos. Mas, quando nos
rendemos a Jesus, Seu Espírito nos santifica e nos capacita a viver de maneira
que agrada a Deus.
Que essa visão do Velho Testamento renove em nós o senso de
reverência, entrega e consagração. Fomos chamados para ser um povo santo, um
sacerdócio real. Que nossas vidas sejam, dia após dia, apresentadas como
ofertas vivas diante do Senhor.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
17/jun/25
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