QUANDO O QUE É MEU SE TORNA DO SENHOR

"Contudo, nada do que um homem possui e consagra irrevogavelmente ao Senhor, seja ser humano, animal ou propriedade familiar, pode ser vendido ou resgatado; tudo consagrado assim é coisa santíssima ao Senhor."  Levítico 27:28 (NVI)

Levítico 27:1-14 trata de votos e consagrações feitos voluntariamente ao Senhor. Em outras palavras, fala sobre pessoas que, movidas por gratidão, fé ou compromisso, dedicavam algo a Deus — seja uma pessoa, um animal ou uma propriedade.

Nos versículos de 1 a 8, o assunto trata da consagração de pessoas ao Senhor, observando-se que não se trata da entrega para o serviço sacerdotal, mas sim de um voto voluntário, no qual a pessoa dizia: “Senhor, consagro a Ti o valor dessa pessoa.” Era feita então uma avaliação monetária, baseada na idade e no sexo (algo comum no contexto cultural da época). Porém, se a pessoa não tivesse recursos para pagar esse valor, o sacerdote ajustava o preço segundo a possibilidade do ofertante.

A partir dos versículos 9 a 13, o assunto se volta para a consagração de animais. Se fosse um animal puro (ou seja, aceito para o sacrifício), ele não podia ser trocado. Se o animal fosse impuro (não aceitável para o sacrifício), a pessoa poderia resgatá-lo, pagando seu valor com um acréscimo de 20%.

Por fim, o versículo 14 trata da consagração de uma casa ao Senhor, com o mesmo princípio de avaliação feita pelo sacerdote.

Esses votos não eram obrigatórios, mas espontâneos — uma expressão de adoração e gratidão. A lei estabelecia regras para que o voto não fosse feito de maneira irresponsável ou leviana. Era uma forma de lembrar que tudo pertence a Deus, e que até nossos bens mais preciosos podem e devem ser usados para a Sua glória.

Analisando esse ritual e fazendo uma correlação com a nossa experiência com o Senhor, concluímos que, em nossos dias, os compromissos voluntários com Deus devem ser levados a sério.

Hoje, muitos fazem promessas a Deus (“Se o Senhor me der isso, eu farei aquilo…”), mas esquecem ou não cumprem. O ensino de Levítico nos lembra que promessas feitas a Deus não são brincadeira. Quando assumimos um compromisso — seja com tempo, recursos, serviço ou consagração pessoal — devemos honrar com responsabilidade. "Quando você fizer um voto a Deus, não demore a cumpri-lo, pois ele não se agrada dos tolos. Cumpra o voto que fizer. É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir."  Eclesiastes 5:4-5 (NVI)

Mesmo em nossos dias, a consagração continua sendo uma prática relevante. Embora não façamos mais votos com pagamentos monetários como em Levítico, ainda somos chamados a consagrar nossa vida, família, trabalho e recursos a Deus.

Como exemplo, em nossas igrejas, os pais consagram seus filhos ao Senhor; há jovens que consagram seus dons e talentos para o Reino. E tudo isso demonstra nosso amor por Deus. Da parte dEle, certo é que Ele valoriza a motivação e o coração do ofertante.

Lá no tempo de Moisés, quando esses votos foram estabelecidos, eles não eram exigidos; eram frutos de um coração grato e voluntário. Da mesma forma, hoje, Deus continua se agradando de quem oferece com alegria, e não por obrigação. "Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria."  2 Coríntios 9:7 (NVI). Deve haver, em todo esse procedimento de amor, um caráter de justiça e equidade nos compromissos, senão vejamos:

A adaptação dos valores conforme a condição do ofertante (v.8) mostra que Deus não explora ninguém, mas ajusta as exigências com justiça. Isso inspira também nossa maneira de agir na igreja e na sociedade: com equidade, sensibilidade e misericórdia.

Tal procedimento, de igual forma, nos remete à prática da mordomia cristã. O ensino de Levítico 27 aponta para a ideia de que somos administradores, e não donos de nossos bens e talentos. Somos chamados a dedicar tudo o que temos e somos ao Senhor — com sabedoria, gratidão e reverência.

Será que tenho oferecido meu tempo, meus dons, meus recursos ou apenas promessas vazias? Deus não exige o que não temos, mas Se alegra com o que entregamos de coração.

Que nossa entrega seja verdadeira, voluntária e cheia de alegria.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

11/jun/25

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