CONFLITOS DA ALMA E O PODER DA GRAÇA

“Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”
Romanos 7:24 (NVI)

Quem nunca enfrentou um conflito interior que atire a primeira pedra. Todos nós, sem exceção, lidamos com essa realidade. O conflito faz parte da condição humana desde a queda. Quando Adão pecou, a natureza humana foi corrompida. O coração, antes completamente voltado para Deus, passou a se inclinar para o egoísmo, a desobediência e a autossuficiência.

A Bíblia nos alerta sobre isso: “O coração é enganoso e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). É dessa fonte instável que brotam tantas lutas internas. Por mais que a mente saiba o que é certo, os desejos nem sempre caminham na mesma direção. Surge, então, a batalha entre o querer e o fazer, entre o ideal e a realidade, entre o espírito e a carne.

O apóstolo Paulo descreveu essa tensão com uma honestidade tocante em sua carta aos Romanos. Ele não fala como um incrédulo, mas como um homem salvo pela graça que reconhece o conflito que ainda habita dentro de si. Ele afirma: “Porque no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente...” Romanos 7:22-23 (NVI). E conclui com um grito de angústia que também é um clamor de consciência: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” Romanos 7:24 (NVI)

Essa confissão revela mais do que fraqueza — revela lucidez espiritual. Paulo sabia que, por si só, não venceria a luta. Ele reconhecia que havia uma guerra interior entre o bem que desejava fazer e o mal que, por vezes, ainda praticava.

Por mais estranho que pareça, o conflito interior não é sinal de fracasso, mas de que há vida espiritual. Ouça o que vou dizer: quem está morto espiritualmente nem sente essa luta — apenas se entrega ao pecado sem resistir. A pessoa regenerada, porém, passa a sentir essa tensão porque agora possui o Espírito Santo, que o chama à santidade. Como ele mesmo explicou aos gálatas: “Porque a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.” Gálatas 5:17 (NVI)

Esse conflito é parte do processo de santificação. A carne ainda está presente, mas o Espírito trabalha, dia após dia, para moldar em nós a imagem de Cristo. E a boa notícia é que Paulo não termina sua reflexão em desespero. Após o lamento, ele aponta a solução: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” Romanos 7:25 (NVI)

E logo em seguida, ele anuncia a libertação que todo crente pode experimentar: “Agora, pois, já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.” Romanos 8:1 (NVI)

A vitória sobre os conflitos interiores não está na força de vontade, nem em estratégias humanas, nem na busca por paz interior através de métodos de autoajuda, isolamento ou filosofias que propõem o autoconhecimento como chave. A verdadeira vitória está em Cristo, na comunhão com Ele e na vida conduzida pelo Espírito Santo. É Ele quem nos convence, fortalece, consola e transforma.

Sim, o conflito interior é real e constante. Ele nos lembra de que ainda estamos em construção. Mas também é sinal de que o Espírito de Deus está operando em nós. A luta faz parte da jornada cristã, mas não caminhamos sozinhos. Cristo venceu por nós, e por meio dEle podemos vencer também.

O conflito interior revela nossa fragilidade, mas também a presença do Espírito em nós. Em Cristo não há condenação, pois nEle encontramos força para lutar e graça para vencer.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

04/jul/25

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