UM CORAÇÃO FIEL A DEUS

“Mas é judeu quem o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no Espírito, e não segundo a letra; e o louvor que recebe não vem dos homens, mas de Deus.” Romanos 2:29 (NAA)

Nem todo aquele que frequenta uma igreja, conhece a Bíblia ou participa dos cultos diários está, de fato, salvo. Essa é uma verdade que precisamos encarar com seriedade. A fé cristã não é apenas um conjunto de práticas externas, mas uma transformação profunda no interior do ser humano. Foi exatamente isso que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Roma, alertando sobre o perigo da falsa religião — aquela que impressiona por fora, mas está vazia por dentro.

Jesus, durante seu ministério, confrontou religiosos que viviam de aparências. Chamou-os de "sepulcros caiados": belos por fora, mas por dentro cheios de impureza e hipocrisia. Não é difícil encontrar, ainda hoje, pessoas que confundem religiosidade com conversão.

Conhecer versículos, ter um cargo na igreja ou ter passado pelas águas do batismo não são, por si só, sinais de um coração transformado. Como Jesus disse em Mateus 7:21: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” Entre falar e fazer a vontade de Deus há uma grande distância que só pode ser vencida por uma fé viva e verdadeira.

Jesus também contou a parábola do fariseu e do publicano (Lucas 18:9-14) para denunciar a atitude de quem se julga espiritualmente superior aos outros. O fariseu era fiel aos costumes, jejuava, ofertava, mas seu coração estava cheio de orgulho. Já o publicano, quebrantado e consciente de sua condição, foi quem saiu justificado diante de Deus. A verdadeira espiritualidade não se mede por aparência, mas pela humildade e sinceridade do coração.

Desde os tempos antigos, Deus já deixava claro que não se impressiona com o que os olhos humanos veem. Quando Samuel foi ungir um novo rei para Israel, ele se surpreendeu com a aparência dos filhos de Jessé. Mas o Senhor o corrigiu: “O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1 Samuel 16:7).

O profeta Ezequiel também falou de um coração novo: “Dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo” (Ezequiel 36:26). Isso aponta para a verdadeira conversão, aquela que não apenas modifica comportamentos, mas transforma o ser por dentro.

Mesmo homens de Deus como Davi pecaram. O Salmo 51 é um clamor sincero de arrependimento após ele cometer um erro grave. A Bíblia não esconde seus tropeços, justamente para nos ensinar que o mais importante não é uma vida sem falhas, mas um coração que se quebranta e se volta para Deus. Quando o coração está errado, tudo mais está comprometido — ainda que as obras pareçam corretas.

Em Isaías 1:13, Deus repreende o povo por manter os rituais e festas enquanto o coração permanecia distante. Ele rejeita toda religiosidade vazia. O mesmo aconteceu em 2 Crônicas 30, quando o povo celebrou a Páscoa sem a purificação devida. Fizeram algo aparentemente bom, mas fora do padrão de sinceridade exigido por Deus.

Há caminhos que aos olhos humanos parecem certos, mas o seu fim é de morte (Provérbios 14:12). Por isso, devemos nos lembrar de que a fé verdadeira não busca o aplauso dos homens, mas o louvor de Deus. A fé genuína que Deus aprova começa no íntimo — onde só Ele vê.

A Bíblia nos convida a examinar o nosso próprio coração. O apóstolo Paulo escreveu: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1 Coríntios 11:28). Um dia, todos prestaremos contas diante do Senhor. Que até lá, possamos cuidar do nosso coração, tratando dele com arrependimento, fé e sujeição. Porque é ali, no coração, que a obediência sincera nasce e agrada ao Senhor.

"A verdadeira fé não se mostra nas mãos que levantamos, mas no coração que se rende. Deus vê o que os olhos não enxergam — e é ali, no secreto, que Ele encontra os Seus."

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

12/jul/25

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