UNIDADE: UM CHAMADO À PAZ

“Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”
Efésios 4:3 (NAA)

Não sei ao certo quantas denominações cristãs existem hoje no Brasil. Mas sei que é um número expressivo. Em muitos bairros, encontramos diversas igrejas espalhadas por ruas inteiras — algumas em casas, outras em pequenas garagens adaptadas — onde, em sua maioria, há pessoas sinceras que proclamam o nome de Jesus como Salvador.

No entanto, o que preocupa não é o número de igrejas, mas a rivalidade que, por vezes, surge entre elas. Cada uma defende sua doutrina como sendo a mais fiel às Escrituras. E embora muitas dessas interpretações tenham fundamento bíblico, a maneira como são tratadas pode gerar disputas, e não unidade.

No tempo dos apóstolos, a preocupação de Paulo não era com o número de congregações, mas com a concordância no falar e a ausência de divisões entre os irmãos. Ele exorta os cristãos de Corinto a buscarem unidade de pensamento e parecer, como vemos em 1 Coríntios 1:10. Essa preocupação continua profundamente atual. O Espírito Santo ainda nos chama à unidade — não à uniformidade forçada, mas à comunhão verdadeira, baseada no amor e na maturidade espiritual.

A igreja de Corinto é um retrato claro dos riscos da desunião. Ali, grupos se formavam em torno de líderes humanos: uns diziam ser de Paulo, outros de Apolo, outros de Pedro, e outros ainda de Cristo — como se Cristo estivesse dividido. Paulo reage com firmeza. A fé não está apoiada em homens, mas no Cristo crucificado. E quando perdemos isso de vista, abrimos espaço para orgulho, competição e disputas que enfraquecem o corpo – que é a igreja.

Esse chamado à pureza no falar e à verdade que edifica é urgente. Precisamos abandonar discursos marcados pela vaidade, pela defesa cega de posições e pela falta de sensibilidade espiritual. As palavras revelam o coração, e o coração da igreja precisa estar em sintonia com o coração do Pai.

Hoje, mais do que nunca, é necessário vigilância no que dizemos — seja nas redes sociais, nas conversas nos corredores da igreja ou nos encontros informais. Que nossas palavras sirvam para reconciliar, edificar e promover a paz, e não para levantar muros entre irmãos que servem ao mesmo Senhor.

A divisão entre o povo de Deus se tornou algo visível demais. Paulo não ignorava esse risco. Ao usar a palavra grega schismata (divisões), ele falava de fraturas, rupturas dentro da igreja. Ele enxergava, já nos primeiros tempos da igreja, o perigo de preferências humanas se sobreporem à centralidade de Cristo. E isso enfraquece o testemunho da igreja no mundo.

Para Paulo, a unidade da igreja é mais do que uma ideia bonita: é uma expressão do próprio evangelho. Cristo não morreu para que formássemos grupos rivais, mas para fazer de nós um só corpo. Mesmo com diferentes dons, formas de adoração e estilos de culto, somos todos parte de um mesmo corpo — o corpo de Cristo.

Divisões internas prejudicam a comunhão, entristecem o Senhor e afastam aqueles que estão buscando a fé. Paulo não nega a diversidade — ela é natural e até saudável —, mas nos convida a preservar a unidade no essencial, a cultivar o respeito nas diferenças e a manter o amor acima de tudo.

O que está faltando entre nós, povo de Deus?

Talvez o primeiro passo seja cuidar do modo como falamos. Que nossas palavras sejam temperadas com graça e verdade, refletindo o caráter de Cristo e não as paixões humanas. E como consequência, devemos buscar com sinceridade a unidade, reconhecendo que pequenas diferenças não podem se transformar em grandes muralhas entre irmãos que caminham rumo ao mesmo céu.

Afinal, quantas placas denominacionais haverá no céu? Você já parou para pensar nisso? O céu não será dividido por nomes de igrejas, doutrinas secundárias ou preferências litúrgicas. Lá, só haverá um povo: o povo remido pelo sangue do Cordeiro. E se vamos viver juntos por toda a eternidade, por que não começamos a viver em unidade desde já?

“A verdadeira unidade não se constrói com igualdade absoluta, mas com corações rendidos ao mesmo Senhor, que escolhem amar acima de qualquer diferença.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

13/jul/25

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