A LINGUAGEM DO CÉU

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor; estes três. Porém o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:13 (NAA)

Sabemos que Cristo é o centro de todas as coisas: do universo, da igreja, das Escrituras e do nosso coração. Para revelar a profundidade desse mistério e expressar de forma palpável a essência de Seu caráter, Deus escolheu uma palavrinha bem pequena: amor.

O amor é o fundamento de tudo, porque Deus não apenas ama — Ele é amor. Cada ação do Pai, cada plano traçado, cada promessa feita e até cada correção recebida tem como origem essa fonte eterna. Não há nada que Deus faça fora da motivação do amor. Mesmo quando não entendemos Seus caminhos, podemos ter certeza de que eles estão revestidos desse amor que tudo sabe, tudo vê e tudo deseja restaurar.

A Bíblia inteira carrega o perfume do amor de Deus. Ele está presente não apenas nos textos mais conhecidos, mas em cada detalhe da revelação divina. O amor pulsa nas entrelinhas da Lei, ecoa nas advertências dos profetas, resplandece nos evangelhos e se prolonga até as últimas páginas do Apocalipse. Toda a Escritura é, na verdade, uma longa carta de amor — escrita por um Pai que nunca desistiu dos filhos.

Dias atrás, li um texto que chamava 1 Coríntios 13 de o “hino do amor cristão”. E é exatamente isso. Um cântico que exalta o amor que nasce em Deus Pai e se encarna perfeitamente em Jesus, seu Filho. Nesse capítulo, Paulo não coloca o amor ao lado dos dons espirituais. Ele deixa claro que os dons são diversos e dados conforme a vontade soberana de Deus. Cada dom tem seu tempo, seu propósito, sua medida. Nem todos terão os mesmos dons — mas todos são chamados ao amor.

O amor, ao contrário dos dons, não é uma concessão divina ocasional — é uma exigência constante. Ele não está reservado a alguns, nem limitado a determinadas funções. O amor é o caminho mais excelente. Ele não é mais um dom, mas a base que sustenta todos os outros. Porque sem amor, todos os dons se tornam vazios. Falar bonito não adianta. O conhecimento se torna soberbo. A fé se torna fria. A generosidade se transforma em vanglória. Tudo perde o sentido quando o amor não está presente.

Esse amor não é apenas uma virtude bonita. Ele é uma prática diária, uma escolha constante, uma forma de viver que espelha o caráter de Cristo. O amor é paciente, é bondoso. Não inveja, não se orgulha, não maltrata. Não busca os próprios interesses, não se irrita com facilidade, não guarda rancor. Ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Esse amor não é humano — é divino. E por isso mesmo, não se explica, vive-se.

Não pretendo, aqui, tentar definir o amor, pois ele é maior do que qualquer explicação. O amor verdadeiro é inexplicável porque ele se revela na cruz, não no dicionário. Ele não cabe em teorias ou discursos. Ele se mostra no silêncio, na entrega, na compaixão, no perdão. E quem experimenta o amor de Deus não se preocupa em explicá-lo — apenas em reparti-lo.

O amor é como um espelho da presença de Deus em nós. Ele se manifesta em um abraço de mãe, no cuidado silencioso de um filho, na comunhão da igreja, no perdão oferecido a quem nos fere. Amor que acolhe, que espera, que insiste. Amor, amor, amor... em tantas formas, vozes e rostos. Mas em sua origem, há sempre uma só fonte: Deus. Porque “todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 João 4:7).

A fé nos faz olhar para o alto. A esperança nos faz olhar para frente. Mas o amor nos ensina a olhar para o lado — para o próximo. A fé nos liga a Deus, a esperança nos sustenta, mas o amor nos torna semelhantes a Cristo. E é por isso que ele é o maior. Porque um dia, quando estivermos diante de Deus, não precisaremos mais de fé — pois O veremos face a face. Não precisaremos mais de esperança — pois tudo estará plenamente cumprido. Mas o amor continuará. Porque o amor é eterno. Ele é a linguagem do céu.

E, diante de tantos idiomas que se falam na terra, eu me pergunto: qual será a língua que falaremos no céu? Eu respondo: a linguagem do amor.

 “O amor não é apenas o maior dos dons — é a única linguagem que continuará sendo falada quando a fé for vista e a esperança for cumprida.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

14/jul/25

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