JAIRO: UM PAI QUE BUSCOU JESUS POR SUA FILHA

“Não tenha medo; apenas creia.” Marcos 5:36 (NAA)

Quando meu primogênito ainda era um bebê, vivemos um episódio que jamais esquecerei. Ele começou a passar mal com febre alta e, de repente, teve uma convulsão. O desespero tomou conta de mim e da minha esposa. Ver aquela criança tão frágil se contorcendo em meus braços foi uma das experiências mais angustiantes que já enfrentamos. Corremos de um lado para o outro, tentando qualquer solução para reverter aquele quadro. Mas, diante da possibilidade real de perder um filho, todo recurso humano parece insuficiente. Foi nesse momento, quebrados e sem forças, que de nossa alma só saiu um clamor: “Senhor, tem misericórdia!”

Tal experiência me fez compreender, em parte, o que viveu Jairo. Sua história é uma das mais comoventes dos Evangelhos. Diante da doença da filha, ele não hesita: sai à procura de Jesus, crendo que só Ele pode intervir. A cena é marcante. Um pai angustiado se lança aos pés do Mestre, implorando por socorro. Nesse encontro entre desespero e fé, aprendemos lições profundas sobre o papel de um pai segundo o coração de Deus.

Jairo era uma figura respeitada em sua comunidade. Como líder da sinagoga, tinha prestígio e influência. Mas quando sua filha adoece gravemente, ele não envia um mensageiro, nem tenta resolver por meios institucionais. Ele vai pessoalmente até Jesus. Isso revela algo essencial: um pai verdadeiro não terceiriza sua responsabilidade diante da dor dos filhos. Ele se envolve, toma iniciativa, busca ajuda onde há esperança.

Mais do que isso, Jairo se humilha. Ele se ajoelha diante de Jesus, publicamente, mesmo correndo o risco de ser criticado pelos colegas religiosos. Para ele, a vida da filha valia mais do que qualquer reputação. Seu coração de pai o levou a se curvar diante daquele que tem todo poder. E é assim que começa a verdadeira liderança: com humildade. Muitos filhos jamais esquecerão o dia em que viram o pai orando, chorando e buscando ao Senhor por sua família.

Ao se encontrar com Jesus, Jairo não é vago. Ele é direto: sua filha está morrendo, e ele crê que, se Jesus tocar nela, ela viverá. Não pede qualquer bênção. Ele crê no toque restaurador do Mestre. Essa oração específica, confiante e insistente é o modelo da verdadeira intercessão. Pais que colocam seus filhos diante de Deus com fé e perseverança estão exercendo um dos papéis mais nobres que existem.

Mas a fé de Jairo é provada. No caminho até sua casa, Jesus é interrompido por uma mulher enferma. Enquanto aguardam, chega a notícia mais temida: “Sua filha morreu. Não incomode mais o Mestre.” Era o fim. Mas Jesus olha para Jairo e diz: “Não tenha medo; apenas creia.” A fé que antes era esperança agora precisa se tornar confiança. Mesmo diante da morte, o Senhor o chama a continuar crendo.

Quantos pais, ao receberem notícias difíceis sobre seus filhos — espiritualmente, emocionalmente ou fisicamente — sentem que já não há o que fazer? Contudo, a voz de Jesus ainda ecoa: Não tenha medo; apenas creia.” O tempo de Deus nunca é atraso. Sua voz é mais forte que qualquer diagnóstico. Quando Ele fala, até a morte obedece.

Jesus chega à casa de Jairo sem alarde. Entra no quarto da menina, toma-a pela mão e declara: “Menina, eu ordeno a você: levante-se!” A morte se retira. A tristeza se transforma em alegria. A presença de Jesus muda tudo. Onde havia lágrimas, agora há vida. Onde havia silêncio, agora há riso. Quando Jesus entra em casa, o milagre acontece.

Pais cristãos precisam entender que abrir as portas do lar para Jesus não é apenas um gesto religioso — é uma necessidade vital. Quando Cristo é bem-vindo no cotidiano da casa, quando há oração, leitura da Palavra e comunhão sincera, o ambiente é transformado. Jesus continua entrando em lares, restaurando famílias e reescrevendo histórias.

Jairo nos ensina que o maior legado de um pai não é financeiro, mas espiritual. O maior presente que um filho pode receber é saber que seu pai orava por ele, que lutava em oração, que nunca deixou de crer. Pais assim deixam marcas que nem o tempo nem a eternidade apagarão.

E você, pai? E você, mãe? Têm sido uma presença espiritual na vida dos seus filhos? Eles sabem que vocês oram por eles? Vocês têm levado suas lutas familiares aos pés de Jesus? Estão dispostos a crer – mesmo quando tudo parece ter chegado ao fim?

Não tenha medo. Apenas creia. O mesmo Jesus que entrou na casa de Jairo continua agindo hoje, trazendo vida, esperança e transformação onde há fé.

“O maior presente que um pai pode dar aos filhos é uma fé viva que os leve até Jesus. Porque, quando o lar se torna um altar, a presença de Cristo transforma dor em milagre e desespero em esperança.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

26/jul/25

 

O DEUS QUE SUPRE TUDO

“E o meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus.”  Filipenses 4.19 (NAA)

Todos nós temos muitas necessidades. Algumas são visíveis, como as de ordem física, de saúde ou financeiras. Outras são mais silenciosas, como as emocionais, familiares ou espirituais. São carências que nos acompanham no dia a dia e que, por mais que tentemos, nem sempre conseguimos satisfazer por nós mesmos. Algumas necessitam de certa urgência, apertam, doem. Outras vão se arrastando com o tempo, escondidas nos cantos do coração.

E é nesse cenário tão humano que o apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, nos entrega uma das promessas mais poderosas e reconfortantes da Bíblia. Ele declara com fé que Deus é capaz de suprir todas as nossas necessidades — todas, sem exceção — segundo as Suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus. Não segundo nossos esforços, nem segundo o que julgamos merecer, mas segundo a abundância que há no próprio Deus.

A verdade é que, por mais força, influência ou recursos que tenhamos, somos limitados. Por mais que façamos planos e trabalhemos com dedicação, há áreas em que simplesmente não conseguimos dar conta. A vida nos mostra, cedo ou tarde, que não podemos controlar tudo. E quando nossos limites aparecem, é ali que mais precisamos nos lembrar: Deus pode. Ele vê o que nos falta, conhece o que nem conseguimos expressar, e sabe exatamente onde, quando e como agir.

Se não conseguimos suprir muitas das nossas necessidades, temos um consolo seguro: servimos a um Deus que pode suprir todas elas. Ele não se assusta com nossa fragilidade, nem se atrasa em Sua fidelidade. Ele provê, fortalece, sustenta e guia. Quando os recursos acabam, quando a força se esgota, Deus ainda é suficiente. E aquilo que Ele promete, Ele cumpre — sempre.

Há algo ainda mais maravilhoso na promessa de Paulo: Deus não supre por causa dos nossos méritos, mas por causa da Sua natureza. Ele não faz isso porque somos bons, justos ou especiais. Ele o faz segundo as Suas gloriosas riquezas — ou seja, segundo a generosidade, o amor e o poder infinito que existem n’Ele. Ele dá com perfeição, sem falta, sem medida. Sua provisão não depende de desempenho humano, mas da graça que flui do Seu coração.

E essa provisão tem um nome, tem um canal claro: Cristo Jesus. É por meio d’Ele que recebemos tudo o que precisamos. Cristo é o elo entre o céu e a terra, entre a necessidade e a resposta, entre a limitação humana e a suficiência divina. Nele, encontramos graça, sustento, consolo, direção e salvação. Fora d’Ele, nada é garantido. Mas em Cristo, tudo nos é dado com abundância e propósito eterno.

Muitas vezes, confundimos o que queremos com o que realmente precisamos. Achamos que nossos desejos são necessidades absolutas, e quando eles não se realizam, sentimos que fomos abandonados. Mas Jesus, em Sua perfeita sabedoria, sabe separar com amor o que é vontade passageira do que é essencial para nossa vida e nosso crescimento. Ele não alimenta caprichos, mas cuida de nós com verdade, graça e profundidade. Ele supre o que realmente importa — ainda que, no momento, nem consigamos entender.

Essa promessa de Filipenses 4.19 não é um bilhete para conquistar tudo o que se deseja, mas um convite para descansar na suficiência de Cristo. Tudo o que de fato precisamos está n’Ele, e Ele nunca falha. A provisão pode vir de maneiras inesperadas, mas ela virá — do jeito certo, no tempo certo, com o propósito certo. Porque o nosso Deus é fiel para suprir todas as coisas.

O Deus que conhece cada necessidade é o mesmo que supre com perfeição, não segundo nossos méritos ou desejos, mas segundo Suas riquezas em Cristo Jesus — onde encontramos tudo o que verdadeiramente importa.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

25/jul/25

 

TÃO GRANDE SALVAÇÃO

"Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?" Hebreus 2:3a (NAA)

Ontem refletimos sobre o evangelho poderoso que recebemos — um evangelho que Paulo chama de dýnamis, a mesma raiz da palavra “dinamite” que conhecemos hoje. Um evangelho que não apenas informa, mas transforma. Que não apenas consola, mas confronta. Que chega até nós para revelar Jesus, o autor da nossa fé, e nos oferecer aquilo de que mais precisamos: a salvação.

Mas, diante disso, alguém pode perguntar: salvação de quê? Ou até mesmo dizer: não preciso ser salvo. A verdade é que muitos caminham assim — sem perceber o perigo de se afastar da verdade, de se acomodar, de ignorar a urgência do evangelho. É por isso que o autor da carta aos Hebreus nos alerta: precisamos dar atenção redobrada às verdades que temos ouvido, para que não nos desviemos. E ele ainda nos desafia com uma pergunta que deve ecoar em nossa consciência: como escaparemos, se negligenciarmos tão grande salvação?

Essa salvação foi anunciada primeiramente pelo próprio Senhor Jesus. Depois, foi confirmada por aqueles que a ouviram, os apóstolos, com testemunho e poder. E, por fim, foi selada em nossos corações pela ação do Espírito Santo. Não é uma ideia, uma doutrina fria ou uma teoria religiosa. É uma realidade viva e transformadora. E que fique bem claro:  só há salvação em Jesus.

O salmista já anunciava, e Hebreus reforça: para ser nosso Salvador, Jesus foi colocado, por pouco tempo, em posição inferior à dos anjos. Ele se humilhou. Ele assumiu nossa forma. Ele se fez homem. E Deus o exaltou, coroando-o de glória e honra, e colocando todas as coisas debaixo de Seus pés.

Ainda que não vejamos hoje todas as coisas sob domínio humano, vemos Jesus. Vemos aquele que, por amor, desceu até nós, sofreu, morreu, e agora está vivo — reinando. Ele passou pela morte para, pela graça de Deus, morrer por todos. E foi através do sofrimento que o Pai o tornou o autor da nossa salvação, o guia perfeito de todos os filhos que Ele deseja conduzir à glória.

Jesus é quem nos purifica dos nossos pecados. Ele nos chama de irmãos porque compartilhamos da mesma humanidade. Ele não se envergonha de se identificar conosco. Pelo contrário, assumiu a nossa carne e o nosso sangue, para que, por meio da morte, destruísse o diabo — aquele que tinha o poder sobre a morte — e libertasse todos os que viviam escravizados pelo medo.

A morte já não tem a última palavra. Cristo venceu. E é importante lembrar: Ele não veio para salvar anjos. Ele veio por nós. Ele veio por mim e por você. Ele veio por todos aqueles que, como diz a Escritura, são descendência de Abraão — isto é, todos os que creem.

Por isso, foi necessário que Ele se tornasse como nós em tudo. Para ser nosso Sumo Sacerdote — bondoso, fiel, compassivo — e assim oferecer o sacrifício definitivo pelos nossos pecados. Ele não veio apenas ensinar o caminho; Ele é o caminho. Ele não veio apenas nos observar de longe; Ele se fez um de nós, para nos alcançar de perto. E hoje, ainda que exaltado, continua intercedendo por nós diante do Pai.   "Meus filhinhos, estas coisas lhes escrevo para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 João 2:1 (NAA)

É por isso que podemos confiar. Só Jesus pode nos libertar da tentação e nos sustentar em meio às lutas. Porque Ele mesmo foi tentado e sofreu, e sabe como socorrer os que são tentados. Ele conhece nossas dores, nossas fragilidades, nossos limites. E ainda assim nos chama de irmãos. Ainda assim nos ama e nos convida à salvação. "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores." Romanos 5:8 (NAA)

A grande questão, então, não é se Deus está disposto a salvar — Ele está. A pergunta é: estamos atentos? Estamos ouvindo? Estamos respondendo? O perigo não está na falta de salvação, mas na negligência diante dela. O evangelho é poder de Deus. É Cristo, vivo, presente, oferecendo nova vida. Como, então, escaparemos, se o desprezarmos?

A salvação em Cristo não é apenas um livramento — é um reencontro. Um Deus que se fez homem para nos chamar de irmãos, vencer a morte em nosso lugar e nos conduzir, com amor e fidelidade, à verdadeira vida.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

24/jul/25

 

O PODER QUE TRANSFORMA VIDAS

“Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê...”  Romanos 1.16 (NAA)

O evangelho não é apenas uma mensagem sobre Deus. Ele é o próprio poder de Deus em ação — um poder que salva, transforma, restaura e conduz o ser humano à vida eterna. A palavra usada por Paulo para “poder” em Romanos 1.16 é a palavra grega dýnamis, que aparece mais de cem vezes no Novo Testamento. Ela não descreve força física, mas sim um poder espiritual ativo, eficaz e transformador.

Esse poder vem do próprio Deus. É Ele quem faz milagres, dá força aos que estão fracos, traz vida aos que estão mortos, liberta os que estão presos e guia toda a história. O evangelho não depende de ideias humanas, nem da forma como alguém fala ou das estratégias que usamos. É o próprio Deus agindo, de forma visível e invisível, para cumprir o Seu plano de salvação.

No entanto, vivemos tempos em que esse evangelho tem sido diluído. Muitos têm tentado esvaziar sua essência, substituindo-o por versões mais agradáveis ao gosto humano. O evangelho da prosperidade, por exemplo, coloca o homem no centro e confunde bênçãos materiais com salvação. Pode ser popular, mas não é verdadeiro. É um evangelho sem cruz, sem arrependimento e sem transformação.

Outro desvio é o evangelho centrado apenas em milagres e experiências. Sim, Deus realiza milagres, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Mas Jesus não veio apenas para aliviar dores físicas — Ele veio para salvar o pecador e nos livrar da condenação eterna. A salvação que Ele oferece vai além do corpo: transforma o coração e restaura a comunhão com Deus.

Também não podemos nos esquecer de outro risco: o evangelho do descompromisso, que ignora o senhorio de Cristo e promove uma fé sem obediência. A verdadeira salvação não é apenas adesão a uma igreja — é novo nascimento. É preciso, além de entrar na igreja da terra, ser parte da igreja do céu. Há muita adesão sem conversão. Mas o evangelho de Jesus não deixa o pecador como está. Ele regenera, santifica e conduz à glória.

Ao longo da história, grandes homens de Deus reconheceram a força transformadora do evangelho. Agostinho de Hipona, impactado por um trecho de Romanos, chamou o evangelho de “remédio divino para as enfermidades da alma”. Ele não o via como mera instrução, mas como instrumento vivo do Espírito para gerar fé e arrependimento.

Martinho Lutero, ao redescobrir a justiça de Deus revelada no evangelho, afirmou que essa mensagem não é doutrina fria, mas graça viva. Segundo ele, “o evangelho é a palavra de salvação, o poder de Deus que opera em nós a justiça divina, pela fé”.

João Calvino descreveu o evangelho como o meio pelo qual Deus comunica Sua graça aos eleitos. Para ele, o evangelho não apenas informa — transforma. Atua com eficácia nos que são chamados, regenerando o coração e fazendo filhos os que antes estavam distantes.

Charles Spurgeon dizia que o evangelho é poder em si mesmo, independentemente da aceitação humana. “Onde o evangelho é pregado com fé, vidas são restauradas.” Ele o via como a força que arranca o pecador das trevas e o conduz ao Reino do Filho.

John Stott declarou: “O evangelho é poder porque não apenas informa sobre salvação — ele confere salvação.” Não é um convite educado, mas uma operação espiritual de Deus no coração humano.

Mas até onde vai esse poder?

Esse poder ultrapassa qualquer limite humano. Transcende o natural, porque opera no sobrenatural. Age no íntimo, quebrando resistências, moldando o caráter e curando feridas. Rompe cadeias espirituais, alcança o perdido, sustenta a missão da igreja e conduz toda a história da criação à consumação.

O evangelho é dýnamis porque faz o que nenhuma filosofia, discurso ou esforço humano pode realizar: salva, liberta, transforma e prepara o homem para a eternidade. Tudo isso pelo Espírito Santo, que aplica essa Palavra viva ao coração.

Hoje, num tempo em que muitos confiam no marketing religioso, na persuasão ou nas aparências, somos chamados a lembrar: o que transforma não é o formato — é o conteúdo. Não é o pregador — é o Deus que fala por meio da Sua Palavra. O evangelho é poder porque é Deus se aproximando, revelando-se e chamando o pecador de volta para Si.

O evangelho é o poder vivo de Deus que não apenas anuncia salvação, mas a realiza — transformando o perdido, restaurando o quebrado e conduzindo à eternidade com Cristo.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

23/jul/25


 

DEUS FALOU COMIGO, DEUS QUER FALAR COM VOCÊ

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”  Hebreus 1:1,2 (ARA)

No domingo passado vivi algo que muitos chamariam de coincidência, mas que, para quem crê num Deus que governa com propósito, é mais do que isso — é direção. Nós que andamos com o Senhor sabemos: Ele fala. E quando fala, confirma. E quando confirma, é impossível ignorar.

Pela manhã, enquanto acompanhava a Escola Bíblica Dominical pelo YouTube, ouvi algo marcante do pastor que ministrava a lição. Ele disse que o Salmo 23 retrata a caminhada do servo — desde o momento em que ele conhece o Senhor até o dia do seu descanso eterno. Aquela imagem me tocou profundamente. A clareza dessa visão me inspirou a escrever uma devocional sobre esse salmo tão conhecido e, ao mesmo tempo, tão profundo. Em breve, com alegria, pretendo compartilhar com os irmãos essa reflexão, destacando esses detalhes que tanto me abençoaram.

Vocês conhecem bem o Salmo 23, que começa com uma declaração firme e reconfortante: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” Uma tradução mais próxima do original diria: “de nada terei falta”. Essa verdade sustentou Davi, fortaleceu gerações e continua a nos lembrar que, com Ele, nada nos falta — porque o Senhor nos basta. Nele encontramos tudo o que precisamos, pois Ele é plena e eternamente suficiente.

Mais tarde, à noite, durante o culto, algo ainda mais especial aconteceu. Meu amigo pessoal e pastor transmitia a mensagem com clareza, seguindo uma linha firme de raciocínio. Mas, ao final, pouco antes do último louvor, houve uma pausa. Ele desviou do plano inicial e fez uma pergunta à congregação que, embora simples, carregava grande profundidade: Por que os servos do passado, mesmo enfrentando tantas lutas, não se desviavam do propósito de Deus? As respostas da congregação vieram com coerência, cada uma com peso e verdade. Mas, naquele momento, o Espírito soprou uma frase no coração do pastor. E ele simplesmente disse:  “O Senhor nos basta. Esta é a resposta.”

Aquela frase ficou ecoando no meu coração. Parecia que Deus estava ligando tudo o que aconteceu no dia só para me mostrar uma coisa simples e importante: Ele é tudo o que eu preciso. Mas não parou por aí.

Após o culto, cheguei em casa com essa verdade pulsando no coração. Decidi ver o resultado do Fla-Flu, e lá estava: vitória do meu time por 1 a 0. O autor do gol? Pedro. Um servo do Senhor. Ele vinha de dias difíceis, envolvido em um episódio conturbado dentro do clube, que o afastou dos gramados por decisão do técnico. E justamente ele, após marcar o gol, tirou a camisa e revelou outra por baixo — preta, com letras vermelhas. Nela estava escrito: Jesus é o suficiente.”

Fiquei em silêncio. Arrepiado. Aquilo era mais que uma imagem bonita ou uma frase de impacto. Era a confirmação do que havia sido dito no púlpito algumas horas antes. Era a mesma mensagem que o Senhor havia plantado em mim pela manhã, através do Salmo 23. Em um único dia, Deus falou por meio da Palavra, da EDB, da pregação, de uma pergunta inesperada, de um gol de futebol — e até de uma camiseta. Uma mesma mensagem

Sim, o Senhor é o nosso Pastor. Ele nos guia por verdes pastos, restaura nossas forças, nos conduz por veredas de justiça. Ainda que passemos pelo vale da sombra, Ele está conosco. E mesmo quando não compreendemos o caminho, Sua presença basta. Nada nos falta quando Ele está.

Compartilho tudo isso não apenas como um relato curioso, mas como um testemunho vivo de que Deus fala. Muitas vezes imaginamos que Ele só se manifesta em momentos solenes ou em ambientes sagrados. Mas Ele é o Senhor de toda a vida — e, quando deseja nos ensinar algo, pode usar o que quiser e quem quiser: a pregação de um pastor, a pergunta de um servo, o gesto de um jogador ou a simplicidade de um versículo já tão conhecido. Por isso, mantenha-se atento. A voz do Senhor pode vir quando você menos espera.

Cristo é suficiente. Essa foi a mensagem que ecoou do começo ao fim do meu dia. Uma verdade que não apenas consola, mas que sustenta, direciona e dá sentido à nossa caminhada.

Como diz o salmista, O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” Que isso seja mais do que um versículo decorado. Que seja o fundamento sobre o qual repousamos nossa fé — e nossa vida inteira.

 “Deus fala conosco nas Escrituras, na pregação e até nos detalhes mais simples do cotidiano. Quando o coração está atento, toda a vida se torna um púlpito para a verdade de que Cristo é — e sempre será — o suficiente.”

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

22/jul/25

 

MARCAS NO CORPO OU MARCAS NA ALMA?

“Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no meu corpo as marcas de Jesus.” Gálatas 6:17( NAA)

A recente notícia sobre uma igreja em Balneário Camboriú, cujos membros fizeram tatuagens com referência a Mateus 24:14, reacendeu o debate sobre a verdadeira natureza das marcas que um cristão deve carregar. Embora a intenção dos participantes fosse lembrar o propósito de anunciar o Reino, a pergunta que surge é: será que a marca no corpo realmente expressa a essência do evangelho que deve transformar o coração?

O apóstolo Paulo também falou de “marcas”, mas com um significado bem diferente. Em Gálatas 6:17, ele afirma que carrega no corpo as marcas do Senhor Jesus. A palavra grega usada ali, stigmata, refere-se a feridas, cicatrizes e sofrimentos reais que ele experimentou por causa do evangelho — perseguições, prisões, apedrejamentos, fome e desprezo. Paulo não falava de algo estético ou simbólico. Falava de dores reais por causa de uma fé viva.

Mais adiante, no mesmo capítulo, ele declara que o que realmente importa não é a marca externa, mas a transformação interior: “nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser uma nova criatura” (Gálatas 6:15). Ou seja, o verdadeiro sinal do Reino não está na pele, mas no coração regenerado. O Espírito Santo não grava versículos em tinta, mas escreve a Lei de Deus na mente e no coração, conforme declara o escritor de Hebreus no capítulo 10, verso 16.

Não há nada de novo em buscar símbolos visíveis como forma de afirmar identidade espiritual. No Antigo Testamento, os judeus se orgulhavam da circuncisão; no Novo Testamento, alguns queriam exigir isso dos cristãos gentios. Paulo combateu essa mentalidade, ensinando que o sinal do novo nascimento é uma vida crucificada com Cristo — marcada pelo fruto do Espírito, pela santidade, pela renúncia de si mesmo e pela fidelidade à Palavra.

O risco de reduzir a fé a um símbolo externo é trocar a cruz pelo marketing. Transformar o evangelho em uma marca cultural — como bem alertou um internauta na reportagem — é secularizar o que deveria ser santo.

A geração atual precisa mais do que tatuagens com versículos; precisa de vidas escritas com o amor de Cristo. E essas vidas, embora talvez não brilhem nas redes sociais, são cartas vivas, lidas todos os dias pelo mundo. Como Paulo escreveu, são cartas de Cristo, “não escritas com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações humanos” (2 Coríntios 3:2–3 – NAA). O mundo não precisa apenas ver símbolos — precisa ler o caráter de Cristo impresso em cada discípulo verdadeiro.

É bem possível que muitos dos jovens que participaram da ação tenham agido com sinceridade — e isso não está em discussão. A sinceridade, por si só, não é condenável. O zelo pode ser legítimo, mas zelo sem discernimento é perigoso. Como disse o apóstolo Paulo: “Dou-lhes testemunho de que têm zelo por Deus, porém sem entendimento.” (Romanos 10:2 – NAA). Sinceridade não substitui clareza bíblica, e a boa intenção não anula a necessidade de fundamento sólido. O zelo precisa estar alinhado com a verdade, ou corre o risco de transformar expressão em exagero, e devoção em confusão.

Que sejamos uma geração marcada por dentro — não por uma arte gravada por mãos humanas na pele, mas pelo caráter de Cristo, impresso na alma – no coração – onde ninguém vê, mas todos percebem.

"A marca que o céu reconhece não está na pele, mas no coração; não é desenhada com agulha, mas com arrependimento, fé e obediência ao Senhor Jesus."

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

21/jul/25

 

O VALOR DE UM BOM NOME

“Mais vale o bom nome do que muitas riquezas; e ser estimado é melhor do que a prata e o ouro.” Provérbios 22.1 (NAA)

Papai sempre nos ensinou que o bom nome é uma das maiores riquezas que alguém pode deixar. Ele dizia que não tinha bens materiais para herdar aos filhos. Éramos pobres e vivíamos com simplicidade, mas havia algo que ele considerava mais precioso do que qualquer bem: uma vida espiritual coerente, ensino com valor e um nome limpo. Para ele, isso era legado — e dos mais duradouros.

Esse ensinamento de papai ecoa nas Escrituras. Em Provérbios 22.1, lemos que o bom nome vale mais do que muitas riquezas, e que ser estimado é melhor do que a prata e o ouro. Em um mundo onde tanto se busca prestígio, lucro e projeção, essa palavra soa como um chamado à essência. O nome que carregamos, a reputação construída ao longo da vida, ainda é — e sempre será — um tesouro que nenhum ladrão pode roubar.

Lembro que os mais antigos costumavam dizer que “um fio de bigode e a palavra dada valiam mais do que assinatura em papel”. Um simples aperto de mão bastava para selar compromissos, porque a honra falava mais alto do que qualquer cláusula escrita. Hoje, porém, vemos que muita coisa mudou. Em vez de confiança, temos desconfiança. Em vez de palavra firme, contratos longos e burocráticos. A verdade, muitas vezes, é ajustada conforme o interesse, e o caráter cede espaço para a conveniência.

Perdemos parte daquilo que um dia foi natural: a integridade silenciosa. Aquela que não precisa ser jurada, apenas vivida. Ser verdadeiro, honesto, coerente — não por obrigação, mas por convicção. Vivemos tempos em que a aparência vale mais que o conteúdo, a influência mais que a essência. Mas, como filhos da luz, não podemos nos conformar com isso.

A Bíblia nos adverte que vivemos dias maus. Paulo descreveu com precisão os tempos difíceis quando escreveu a Timóteo que, nos últimos dias, os homens seriam egoístas, amantes de si mesmos, orgulhosos, ingratos e desobedientes. Jesus também nos alertou sobre o esfriamento do amor por causa da multiplicação da maldade. E fez uma pergunta que atravessa os séculos: “Quando o Filho do Homem vier, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18.8).

Essas palavras não devem nos assustar, mas nos despertar. Mesmo com tudo isso ao nosso redor, ainda podemos ser encontrados fiéis. Podemos cultivar uma fé viva, um amor sincero e um nome que inspire respeito, mesmo que ninguém nos aplauda. Ainda há tempo de resgatar esses valores — começando por nós mesmos. Que nossa palavra volte a ter peso. Que a integridade seja mais do que um discurso. Que o nosso nome, mesmo simples, seja um reflexo de quem somos diante de Deus.

Ainda em Provérbios 22, no versículo 2, aprendemos uma lição de humildade: “O rico e o pobre têm isso em comum: o Senhor é o criador de ambos.” Aos olhos humanos, há muitos degraus e divisões. Mas diante do Criador, somos todos obra de Suas mãos. Essa verdade nos ensina que nenhum valor terreno nos faz mais importantes, e nenhuma falta de posses nos torna menores. Deus nos vê com equidade e espera de cada um o mesmo: um coração íntegro e um viver que O honre.

A herança mais nobre que podemos deixar não está em imóveis, números ou títulos. Está naquilo que vive em silêncio nas memórias de quem conviveu conosco. Está na lembrança de alguém que manteve a palavra, que tratou a todos com respeito, que viveu com honestidade mesmo quando ninguém estava olhando. Que sejamos esses homens e mulheres. Que nosso nome seja, sim, conhecido — não por grandeza humana, mas por fidelidade ao Deus que nos formou.

O bom nome é um legado silencioso que atravessa gerações — fruto de uma vida coerente com Deus, cultivada em humildade, sustentada na verdade e lembrada com honra.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

20/jul/25

  JAIRO: UM PAI QUE BUSCOU JESUS POR SUA FILHA “Não tenha medo; apenas creia.” Marcos 5:36 (NAA) Quando meu primogênito ainda era um be...