ENTRE DUAS PORTAS: A DECISÃO QUE ABRE O CÉU

“Abram os portões para que entre a nação justa, a nação que se mantém fiel.”
(Isaías 26:2. NVI)

No universo simbólico das Escrituras, poucas imagens são tão recorrentes e significativas quanto a da porta. Portas abrem e fecham realidades. Elas separam espaços, determinam limites e, sobretudo, convidam à decisão. Entrar ou não entrar, abrir ou manter fechada, seguir adiante ou permanecer parado — tudo isso passa por uma porta. A Bíblia apresenta múltiplas dimensões desse símbolo, e entre tantas, duas se destacam em Apocalipse: a porta do coração e a porta do céu.

Em Apocalipse 3:20, Jesus se apresenta do lado de fora da porta, batendo. Ele diz: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.”  A imagem é íntima, próxima, relacional. Jesus não está diante de multidões, mas diante de um coração. A linguagem é pessoal: “Se alguém ouvir...”. Não se trata de uma imposição ou de uma invasão, mas de um convite amoroso que espera resposta. A porta do coração representa a decisão que cada um de nós precisa tomar: deixar ou não Cristo entrar.

Pouco depois, em Apocalipse 4:1, encontramos uma cena completamente diferente: “Depois disso olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu.” Ali, João é chamado a subir, a ver, a contemplar a realidade celestial. É a porta da revelação, da adoração, da eternidade. Diferente da primeira, essa porta já está aberta. Ela não depende da ação humana, mas é fruto da graça de Deus que dá acesso ao Seu trono. No entanto, o que conecta as duas portas é o tempo e a ordem: a visão da porta aberta no céu só vem depois da resposta à porta que bate aqui na terra.

Esse paralelismo é profundo. A porta do coração precisa ser aberta agora, no tempo da graça. É a porta da fé, da obediência e da comunhão. Quando ela se abre, Cristo entra, transforma e sela o coração com Sua presença. E então, um dia, o mesmo Cristo — que antes batia do lado de fora — nos chamará de dentro da eternidade, dizendo como disse a João: “Suba para cá”.

Entre uma porta e outra, está toda a jornada espiritual da vida cristã. Uma começa com o ouvir: “Se alguém ouvir a minha voz...”. A outra, com o ver: “Depois disso olhei...”. A porta da fé se abre pelo ouvir; a porta da glória se contempla pelo ver. Primeiro, abrimos a porta da intimidade com Cristo. Depois, Ele mesmo nos convida à eternidade com Ele.

As Escrituras ainda reforçam o simbolismo da porta em outras passagens, como por exemplo: a porta do aprisco, onde Jesus diz: “Eu sou a porta das ovelhas.” (João 10:7, NVI); a porta da oportunidade, mencionada em Apocalipse 3:8 como aquela que ninguém pode fechar; a porta da justiça, onde os salmos dizem: “Pelo Senhor é que o justo entra.” (Salmos 118:20, NVI); e a porta da decisão, onde o coração escolhe abrir ou manter fechada a presença do Salvador.

Portas não falam apenas de passagem, mas de propósito. E cada uma das portas descritas na Palavra aponta para Cristo como o centro: Ele é Aquele que bate, Aquele que convida, Aquele que abre, Aquele que é a própria porta.

Por isso, é necessário dizer: quem ignora a primeira porta, jamais verá a segunda. Aqueles que recusam o convite de Cristo aqui, também não ouvirão a voz que chama “Suba para cá” no grande dia. Por outro lado, aqueles que hoje abrem seu coração a Jesus terão a certeza de que o céu está aberto sobre eles.

Portanto, não há porta mais urgente a ser aberta do que a do coração. Não se trata de emoção passageira, mas de um ato de entrega e fé. E uma vez aberta essa porta, a alma é selada com esperança, pois a eternidade nos aguarda com uma porta já aberta no céu, pronta para receber os que ouviram, creram e se renderam ao chamado do Cordeiro.

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