QUANDO FALTA PÃO NA CASA DO PÃO

“E levantou-se ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe; porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor se lembrara do seu povo, dando-lhe pão.” (Rute 1:6, ARA)

A fome é uma dor que vai além do estômago vazio. Ela corrói o corpo, silencia a mente e enfraquece a alma. Não se trata apenas da ausência de alimento, mas da presença constante da necessidade, da urgência e da vulnerabilidade. Quem já sentiu fome de verdade sabe: ela esgota as forças, embaralha os pensamentos e deixa marcas profundas no coração. Rouba dignidade, altera o humor e distorce a percepção da vida. Em muitos, gera revolta; em outros, silêncio. Mas em todos, revela a fragilidade humana diante da mais básica das carências.

O primeiro capítulo de Rute nos apresenta uma realidade assim. A fome havia chegado a Belém, a cidade cujo nome significa "casa do pão". Mas faltava pão. O lugar que simbolizava provisão se tornara escasso. E então, uma família decide sair em busca de sustento, partindo para Moabe — uma terra pagã, idólatra, distante da aliança com Deus. Elimeleque não teve uma direção divina para deixar Belém. Ao contrário de Abraão, que saiu por ordem do Senhor, Elimeleque agiu por desespero, e o resultado foi catastrófico: a morte tomou conta da casa, os filhos se foram, os casamentos se desfizeram e o futuro parecia perdido.

Falta pão na casa do pão. Este também é o retrato de muitas igrejas em nossos dias. Lugares que carregam o nome de Cristo, mas não oferecem o Pão da Vida. Há estrutura, há eventos, há programação — mas não há alimento para a alma. O púlpito está cheio de palha, mas vazio da Palavra Viva. Muito ritual, pouco espiritual. Gente faminta sendo entretida, não alimentada.

Vivemos um tempo semelhante ao da igreja de Laodiceia (Apocalipse 3:17), que se achava rica e bem suprida, mas estava cega, pobre e nua. O mundo está faminto — não apenas de pão material, mas de sentido, de esperança, de verdade. Faminto do alimento para a alma – o Pão Vivo. E a escassez da Palavra de Deus é uma das maiores crises da nossa geração. Muitos têm a receita do pão, sabem os ingredientes, mas não têm o Pão. Dizem: “vem que tem pão!”, mas não há mesa posta, nem cheiro do alimento divino no ar.

Rute 1:1 nos mostra o que acontece quando falta pão: as pessoas deixam a casa do pão. Procuram alternativas, buscam respostas em lugares onde não há aliança, e muitas vezes, como Elimeleque, trocam a promessa pela sobrevivência. Moabe pode parecer solução temporária, mas é lugar de perigo espiritual. Moabe oferece o mundo — mas tira a fé, a identidade e, muitas vezes, a própria vida.

Quantos hoje, por não encontrarem alimento em suas igrejas, decidem “ser crentes em casa”, desligam-se do corpo, afastam-se da comunhão. Mas, como Elimeleque, acabam expondo a si e a sua casa ao risco. Quando falta pão, a saída não é ir para Moabe — é buscar ao Senhor para que Ele traga o pão de volta para Belém.

Em Rute 1:6, lemos: “Noemi soube em Moabe que o Senhor havia visitado o seu povo, dando-lhe pão.”

Essa é a virada. É o Senhor quem visita. É Ele quem supre. Somente Deus pode reverter o diagnóstico da escassez. E quando o povo ouve que há Pão na casa do pão, os famintos começam a voltar. É o que aconteceu com o filho pródigo: ao lembrar da casa do pai, ele disse: “Lá há pão com fartura!” (Lucas 15:17). E voltou. Porque onde há pão, há retorno. Onde há pão, há restauração. Onde há pão, há reconciliação.

Quando há Pão em nossas igrejas — Pão verdadeiro, Palavra viva, revelada e ungida — as pessoas não apenas voltam: elas permanecem. E não vêm sozinhas… trazem outros famintos com elas. Assim como Rute que, ao ver a fé de Noemi reacender, escolheu acompanhá-la até Belém. Ela disse: “O teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus.” (Rute 1:16)

Imagine o impacto se a notícia corresse hoje: “Há Pão na casa do pão!” Quantos famintos correriam para nossas igrejas? Quantos desviados retornariam? Quantos corações endurecidos se quebrantariam?

E você? Quando as pessoas te procuram em busca de consolo, direção ou esperança — você tem Pão para oferecer? Não se trata de ter respostas prontas, mas de ter intimidade com o Pão Vivo que desceu do Céu. O mundo não precisa de discursos bonitos — precisa de gente que carrega o Pão do Céu no coração e nos lábios.

Se o Senhor visitar a Sua igreja com Pão fresco, nossos bairros, cidades e nações serão impactados.

Vamos anunciar com coragem: em nossas igrejas há Pão! E mais do que isso: nós encontramos o Pão. Em nossa igreja, pregamos o Evangelho Eterno, o Pão vivo — Jesus, o Pão que desceu do céu, está entre nós e tem nos alimentado dia após dia. Ele é real, é presente, é suficiente.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

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