CUIDADO COM AS
JANELAS ABERTAS
“A morte subiu
pelas nossas janelas e entrou em nossas fortalezas; eliminou das ruas as
crianças e das praças os jovens.”
(Jeremias 9:21 – NVI)
Esse também é um assunto recorrente e por demais triste e preocupante em nossos dias. Como diz a Palavra de Deus, vivemos dias difíceis. A dor de tantas famílias que têm perdido seus filhos, muitas vezes dentro de casa, diante de uma tela, deveria nos acordar para uma realidade que não pode mais ser ignorada.
O inimigo não tem mais precisado arrombar portas — ele tem
entrado sorrateiramente pelas janelas digitais, encontrando espaço onde deveria
haver proteção, diálogo e presença. É sobre isso que precisamos refletir, com
urgência e com o coração aberto.
O versículo que nos serve de base para a reflexão de hoje descreve
uma cena triste e profundamente perturbadora: a morte entrando pelas janelas
das casas e atingindo justamente os mais vulneráveis — crianças e jovens. É
como se o inimigo tivesse encontrado livre acesso para invadir aquilo que
deveria ser nosso lugar mais seguro: o lar. O impressionante é que essa
palavra foi escrita há tantos séculos, e, ainda assim, nunca pareceu tão atual
quanto agora.
Essa advertência parece muito distante até que a realidade
nos sacode. Recentemente, o Brasil se entristeceu com a morte de Sarah Raíssa,
uma menina de apenas 8 anos, que perdeu a vida após participar de um desafio
viral da internet. Ela foi encontrada desacordada ao lado de um frasco de
desodorante e do celular. A suspeita é que tenha seguido um vídeo de redes
sociais, achando que era apenas uma brincadeira. Mas o que parecia inofensivo
acabou se tornando fatal.
Esse caso nos faz lembrar de Jeremias 9:21. A morte entrou
pelas janelas. Só que, hoje, as janelas têm outro formato: são os celulares,
tablets, computadores e redes sociais. A tecnologia entrou nas casas, mas
também abriu portas para que conteúdos perigosos alcancem nossos filhos. Nem
sempre conseguimos ver o que eles estão assistindo, ouvindo ou seguindo — e é
aí que mora o perigo.
A Bíblia nos orienta claramente: “Ensina a criança no
caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.”
(Provérbios 22:6 – ARC)
E esse detalhe é muito importante: ensinar no caminho,
e não apenas sobre o caminho. Ensinar no caminho significa caminhar junto,
acompanhar de perto, dar exemplo. Não adianta apenas apontar o que é certo — é
preciso viver o certo ao lado deles. Muitas crianças estão crescendo sem esse
acompanhamento. Elas aprendem a usar o celular antes mesmo de aprender a orar.
Aprendem a seguir influenciadores antes de conhecer a Palavra de Deus.
Infelizmente, muitos pais têm terceirizado essa missão.
Deixam que a escola, a internet, os amigos e os influenciadores digitais
eduquem seus filhos. Mas a responsabilidade de ensinar no caminho é da família.
E não se trata de controlar tudo, mas de criar um ambiente onde a criança se
sinta segura para falar, perguntar e ser orientada com amor e firmeza.
A morte entrou pelas janelas da casa de Jeremias. E tem
entrado pelas telas nas casas de hoje. Não podemos ignorar isso. Precisamos
fechar as brechas, vigiar o que entra e proteger o que Deus nos confiou.
No passado, Deus orientou o povo a marcar as portas com o
sangue do cordeiro, para que o anjo da morte não tocasse suas casas. Hoje, não
usamos mais sangue literal, mas precisamos cobrir nossa casa com oração, com
vigilância e com a presença de Deus. O sangue de Jesus ainda nos protege. Mas é
preciso agir com sabedoria e responsabilidade.
A maior proteção que podemos oferecer aos nossos filhos não
é um celular novo ou uma senha de segurança. É estar presente. É sentar à mesa,
conversar, orar com eles, ensinar a Palavra e mostrar, com a vida, o que
significa andar com Deus.
Sarah se foi cedo demais. Que essa dor não passe em vão. Que
desperte pais, mães e líderes. Que nos leve a fechar as janelas por onde o mal
tem entrado e a abrir o coração dos nossos filhos para o que realmente importa. Não podemos proteger nossos filhos de tudo,
mas podemos ensiná-los a discernir o certo do errado, a buscar a Deus, a
confiar em Jesus e a dizer "não" ao que destrói.
Na tarde de ontem, depois de tirar um cochilo com meu
netinho de apenas um ano e nove meses, vivi um daqueles momentos que misturam
graça e revelação. Ele acordou, sentou-se na cama, e na penumbra do quarto me
olhou e disse com a voz ainda meio sonolenta: “Vovô.” Respondi: “Oi, Léo.”
Então, com aquela fala infantil e doce, completou: “Fui lavado no sangue do
Cordeiro.” — o estribilho de um louvor que ele aprendeu na igreja e,
certamente, ficou gravado em sua mente e no seu coração. Na hora, foi engraçado
e espontâneo — difícil conter o riso diante de uma cena tão inusitada. Mas,
logo depois, fiquei em silêncio, tomado por uma profunda reflexão: nossos
filhos e netos estão, de fato, lavados, guardados e protegidos pelo sangue do
Cordeiro Jesus?
Que cada lar se transforme em uma fortaleza espiritual. Que
cada pai e mãe se levantem como guardiões do seu lar. E que cada criança cresça
no caminho, com pais que não apenas apontam a direção, mas caminham junto com
elas — sob a proteção poderosa do sangue do Cordeiro sobre os nossos amados.
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca
22/ter/abr/25
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