LONGANIMIDADE: A PACIÊNCIA QUE VEM DO ALTO

“Revesti-vos de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.”
(Colossenses 3:12 – NVI)

Em tempos de pressa, intolerância e relacionamentos frágeis, falar sobre longanimidade pode parecer estranho — ou até antiquado. Mas essa virtude bíblica, listada entre os frutos do Espírito em Gálatas 5:22, é uma das expressões mais belas do amor cristão.

A palavra “longanimidade” vem do latim longa (longo) e animus (alma, ânimo), e significa, literalmente, “ânimo longo”. Em outras palavras, é a capacidade de suportar com paciência, generosidade e firmeza as ofensas, as limitações e as demoras — sem perder a calma, o equilíbrio e, sobretudo, o amor.

Longanimidade é mais do que esperar o tempo passar. É esperar com graça. É continuar crendo, mesmo quando tudo em nós pede desistência. É o tipo de paciência que não vem da natureza humana, mas do Espírito de Deus agindo em nós.

Tenho orado por isso. Tenho pedido ao Senhor que me dê um coração longânime. E digo isso com sinceridade: não falo como alguém que domina esse caminho, mas como quem está trilhando-o, dia após dia. Assim como você, também passo por situações em que seria muito mais fácil reagir com dureza, levantar a voz, cortar relações ou simplesmente virar as costas. Mas a longanimidade exige outra postura — um coração que escolhe amar, perdoar, esperar e suportar.

A longanimidade está profundamente ligada à paciência, mas voltada mais para o jeito como lidamos com as pessoas e com Deus. Trata-se de uma resistência amorosa, uma perseverança estendida ao outro com misericórdia e esperança, mesmo diante da ingratidão, da provocação ou do descaso.

É aguentar firme sem deixar o coração ficar duro. É seguir amando, mesmo sabendo que ninguém é perfeito. É não desistir das pessoas, nem dos projetos e sonhos que Deus colocou no nosso coração — porque a gente sabe que Deus também não desistiu de  mim e de você.

Ser longânimo é seguir o exemplo de Jesus. Ele nos mostrou, com a própria vida, como viver com paciência, compaixão e amor. Um dos exemplos mais fortes que Ele nos deixou foi justamente esse: a maneira como nos trata com tanta paciência.

Jesus não nos trata como merecemos por causa dos nossos erros. Pelo contrário, Ele nos dá tempo, nos oferece oportunidades e nos alcança com a Sua graça, esperando que a gente se arrependa e volte pro caminho certo. “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9 – NVI)

Se Deus age assim conosco, como podemos não agir da mesma forma com os outros? Eu sei que não é fácil — e falo com sinceridade: não é mesmo. Mas isso faz parte da caminhada com Deus.

Ser longânimo não é ser fraco. Pelo contrário, é ter uma força que vem do alto, uma força que sabe esperar, que sabe confiar. Não é ficar parado sem fazer nada, mas é ser fiel no tempo de Deus, mesmo quando tudo em volta diz pra desistir.

Um pai que suporta com amor as crises de um filho rebelde, orando e esperando com fé no agir do Senhor, está exercendo longanimidade. Um servo ou uma serva que, mesmo sendo injustiçado, escolhe manter o coração firme, sem rancor, confiando que Deus está vendo e agirá no tempo certo, está vivendo essa virtude de forma poderosa.

Essas atitudes não nascem do esforço humano, mas de um coração moldado pelo Espírito Santo. São gestos silenciosos, mas profundos, que revelam uma fé viva, uma esperança persistente e um amor que permanece.

A longanimidade é, portanto, um testemunho precioso do caráter de Cristo em nós. Ela constrói pontes onde muitos preferem erguer muros. Ela sustenta relacionamentos onde o mundo sugere desistência. Ela semeia esperança onde a dor e o desgaste parecem ter a última palavra.

Talvez hoje você esteja sendo testado: no lar, no trabalho, na sua igreja, nos relacionamentos, ou até dentro de si. Talvez tudo pareça gritar por justiça, por reação, por encerramento. Mas o Espírito Santo convida você a algo mais alto: a viver a longanimidade.

Ore por isso. Peça ao Senhor esse fruto. A maturidade espiritual não se mede por dons espetaculares, mas por um coração que ama com paciência e que permanece com graça.

Que o Senhor te conceda ânimo longo, coração firme e amor duradouro — para que o mundo veja, em sua vida, o reflexo da paciência d’Aquele que nunca desiste de nós.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

04/sex/abr/25

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