A FÉ QUE RECUSA — UMA VERDADE IGNORADA EM HEBREUS 11
"Pela fé
Moisés, já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó."
Hebreus 11:24 (NAA)
Esse texto não é de
minha autoria. É uma porção adaptada de uma reflexão intitulada “A verdade
ignorada em Hebreus 11”, escrita por Charles Spurgeon. Ouvi recentemente e
fui profundamente tocado. Por isso, resolvi reapresentá-lo — se assim posso
dizer — ajustando apenas sua forma, para compartilhá-lo aqui com vocês, no
nosso grupo. Trata-se de uma reflexão rica, sensível e repleta de verdades que
merecem nossa atenção e meditação.
“No coração de
Hebreus 11 surge um nome que carrega poder, privilégio e prestígio: Moisés,
filho adotivo da filha de Faraó. Criado no palácio mais rico do mundo, educado
com o melhor que o Egito oferecia, preparado para o trono — condenado ao
conforto. Mas algo aconteceu dentro dele. Algo invisível, profundo, que nenhum
ouro pôde calar. Uma inquietação espiritual o fez enxergar que tudo aquilo —
poder, posição, prazer — era apenas pó. “Pela fé Moisés, já grande, recusou
ser chamado filho da filha de Faraó.” (Hebreus 11:24)
Recusou. Essa
é uma das palavras mais fortes da fé. A fé verdadeira não é apenas aceitar o
que Deus oferece — é também recusar o que o mundo entrega. Moisés recusou o
título que todos sonhavam. Recusou o palácio. Recusou o conforto. Recusou o
direito de viver como rei para sofrer como escravo. Isso é fé. A fé que o céu
honra. A fé que diz “não” ao mundo quando todos dizem “sim”. A fé
que abre mão da fama, da riqueza, da reputação — porque viu algo maior. “Escolhendo
antes ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o
gozo do pecado.” (Hebreus 11:25)
Moisés entendeu o
que esta geração tem ignorado: o prazer do pecado é real — mas passageiro. E a
eternidade é longa demais para ser trocada por alguns poucos anos de prazer. O
pecado é doce por um instante, mas amargo na eternidade. A fé de Moisés o fez enxergar
além do presente. Ele sabia que cada prazer terreno tem um preço, e que a
recompensa do céu vale cada renúncia. “Tendo por maiores riquezas o
vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito, porque contemplava a
recompensa.” (Hebreus 11:26)
Moisés fez uma
conta que poucos hoje sabem fazer. Ele comparou os tesouros do Egito com a
vergonha de ser fiel a Deus — e decidiu que a vergonha valia mais. O mundo
talvez o tenha chamado de louco. Os príncipes do Egito o tenham chamado de
ingrato. Mas o céu o chamou de herói da fé.
Isso nos mostra que
a fé verdadeira é uma fé de perdas, de escolhas difíceis, de renúncia
consciente. Não é uma fé que acumula, mas uma fé que abandona. E talvez, o que
mais nos falte hoje, não seja fé para receber, mas fé para recusar.
Quantos hoje
recusariam o trono para abraçar o deserto? Quantos deixariam o palácio por amor
ao povo de Deus? Quantos aceitariam o vitupério de Cristo — a vergonha, a
rejeição, o escárnio — em vez da aprovação popular?
Talvez você esteja
num dilema: entre o que o mundo oferece e o que Deus exige. Entre o prazer
do Egito e a dor do deserto. E Hebreus 11 nos diz claramente: os heróis da
fé foram aqueles que recusaram o que parecia seguro, porque desejavam o que era
eterno.
A fé de Moisés não
o levou direto ao trono — o levou ao confronto com Faraó, à perseguição, à
rejeição, ao deserto. Mas também o levou ao monte Sinai, à glória de Deus, à
redenção de um povo e a um testemunho eterno registrado nas Escrituras. Não se
engane: a fé que o mundo elogia, Deus despreza. Mas a fé que o mundo
despreza, o céu eterniza.
Por isso, se hoje
você tiver que escolher entre parecer tolo diante dos homens ou fiel diante de
Deus — escolha a fé que renuncia. Porque aquele que recusa o mundo por amor a
Cristo, receberá do próprio Cristo aquilo que o mundo jamais poderá dar.”
Que Deus, nosso
Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.
Pr. Décio Fonseca
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