NÃO FOMOS DEIXADOS
SOZINHOS
“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize
para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por
meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’.” (Romanos 8:15, NVI).
O sentimento de vazio e carência pode ser profundo e
devastador, deixando muitos em uma sensação de desolação. Ele surge
frequentemente de perdas, laços rompidos ou expectativas frustradas, criando
uma saudade que parece insaciável. Tentativas de preenchê-lo com coisas
passageiras muitas vezes agravam a solidão. Entretanto, mesmo na dor, há espaço
para refletir, buscar significado e encontrar um propósito mais profundo. Em
tempos de desconexão, muitos enfrentam esse desafio.
Quando esse vazio se mistura com a condição de separação
espiritual – a distância do homem em relação a Deus devido ao pecado –, o
cenário se agrava. A Bíblia nos diz que “todos pecaram e estão destituídos
da glória de Deus” (Romanos 3:23). Essa verdade revela um abismo que não
pode ser superado por esforços humanos ou por boas obras. O distanciamento de
Deus, o Criador, traz uma sensação de desorientação e desamparo, como alguém
que tenta encontrar sentido em meio ao caos sem ter um ponto de apoio. O espírito
inquieto e cansado vagueia em busca de respostas, de cura, mas permanece
perdido. Entretanto, nesse cenário sombrio, há uma esperança viva: a adoção
divina. "Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus
é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:23, NVI).
O apóstolo Paulo, ao escrever aos Romanos, nos encoraja com
a verdade de que não somos deixados sozinhos em nossa luta. Ele nos lembra que
não recebemos um espírito de escravidão que nos mantivesse presos ao medo e à
insegurança. Pelo contrário, recebemos o Espírito de adoção, através do qual
clamamos: “Aba, Pai” (Romanos 8:15). Esse termo afetuoso e íntimo mostra
que somos acolhidos por Deus como filhos. Não somos mais órfãos espirituais,
mas membros de uma nova família, a família de Deus, com todos os direitos e
privilégios que essa condição traz. "E, porque vocês são filhos, Deus
enviou o Espírito de seu Filho ao coração de vocês, o qual clama: ‘Aba, Pai’.
Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o
tornou herdeiro." (Gálatas 4:6-7, NVI).
Essa adoção transforma nossa condição fundamental. De
escravos, passamos a ser filhos amados, herdeiros de Deus e coerdeiros com
Cristo (Romanos 8:17). Mesmo em meio às dores e ao vazio, somos chamados a um
relacionamento que transcende qualquer carência terrena. Não precisamos mais
viver em medo ou solidão, pois temos um Pai amoroso que nos ouve, que responde
ao nosso clamor e que nos transforma com Seu amor.
Essa transformação começa com o arrependimento e a aceitação
do chamado de Deus. Ele nos convida a deixar para trás o pecado e a escravidão,
oferecendo-nos uma nova vida em Cristo. Esse renascimento não é apenas um
reparo em nossa antiga vida; é um renascimento completo. Tornamo-nos novas
criaturas, libertos das correntes do passado e capacitados a viver uma vida de
plenitude em Deus. "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação.
As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!" (2
Coríntios 5:17, NVI).
Jesus prometeu que veio para nos dar vida, e vida em
abundância (João 10:10). Essa vida abundante não é definida por posses
materiais ou status temporários. Trata-se de um relacionamento com Deus que
preenche, que traz paz e que nos dá propósito. É a certeza de que, mesmo em
meio aos desafios, estamos nas mãos do Pai, conduzidos pelo Espírito Santo.
Ao sermos regenerados, passamos de uma condição de morte
para a vida. Efésios 2:1 nos lembra que estávamos mortos em nossas
transgressões, mas Deus, em Sua infinita graça, nos trouxe de volta à vida.
Assim, somos felizes por termos sido encontrados quando estávamos perdidos.
Deus, como um pastor que busca a ovelha perdida ou um pai que aguarda
ansiosamente pelo filho pródigo, nos resgatou, nos restaurou e nos chamou para
uma nova vida com Ele. "Pois este meu filho estava morto e voltou à
vida; estava perdido e foi achado. E começaram a festejar." (Lucas
15:24, NVI).
Viver como filhos de Deus significa reconhecer nossa nova
identidade e caminhar em gratidão, esperança e humildade. Somos convidados a
refletir o amor e a graça de Deus ao mundo, vivendo como testemunhas de Sua
compaixão e poder de transformação. Que possamos, com alegria, abraçar nossa
nova posição como filhos adotados, seguros no amor de um Pai que nunca nos
abandona. Amém!
Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça
e paz.
Pr. Décio Fonseca