CONHECIDOS, PROVADOS E GUIADOS POR DEUS

"Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno." (Salmo 139:24 – NVI)

Abra hoje o Salmo 139 e descubra por si mesmo por que ele é considerado um dos textos mais belos e profundos da Bíblia. Nele, Davi expressa a certeza de que Deus conhece cada detalhe de nossa vida. Antes mesmo que uma palavra chegue aos nossos lábios, o Senhor já a conhece. Antes que cada um de nossos dias se desenrole, Ele já os viu escritos em Seu livro. Essa verdade enche o nosso coração de reverência e gratidão.

No verso 16, Davi declara: "Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir." Isso nos mostra que Deus não apenas nos criou, mas também planejou cada detalhe dos nossos dias. Ele conhece o início, o meio e o fim da nossa história. Não vivemos por acaso ou por sorte. Há um propósito para cada etapa da nossa caminhada. Deus nos viu quando ainda não podíamos ser vistos. Ele escreveu sobre nós quando ainda não havia nada visível para se escrever. Você consegue compreender a profundidade disso?

Mas, ao chegar ao final do salmo, encontramos um pedido que chama a atenção. Davi ora: "Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno." Isso nos leva a refletir: se nossos dias foram planejados por Deus, como é possível que andemos em caminhos maus? A resposta está no fato de que, embora Deus tenha um plano perfeito para nós, Ele também nos deu liberdade para fazer escolhas. Temos responsabilidade diante Dele. Em nossa limitação e pecado, podemos nos afastar do propósito divino e trilhar caminhos que não agradam ao Senhor.

É como se o salmista estivesse dizendo: "Senhor, se já me apresentaste o bom, o novo e o vivo caminho, por favor, me mantenha nele e me conduza cada vez mais adiante."

Davi reconhecia essa possibilidade. Mesmo sendo chamado de um homem segundo o coração de Deus, ele sabia que seu próprio coração poderia ser enganoso. O profeta Jeremias confirma essa realidade ao declarar: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9 – NVI). Por isso, Davi clama para que o Senhor o sonde, examine suas intenções e revele se havia nele algum caminho mau. Essa é a postura de um coração humilde e sincero: não confiar em si mesmo, mas depender totalmente da luz de Deus para corrigir seus passos.

O "caminho mau" representa toda escolha, atitude ou pensamento que nos afasta do caráter e da vontade de Deus. Muitas vezes, podemos estar tão acostumados aos nossos próprios hábitos que não percebemos onde estamos errando. Por isso, é essencial pedir ao Senhor que revele aquilo que precisa ser transformado.

Mas Davi não para aí. Ele não quer apenas evitar o mal; ele deseja ser guiado no "caminho eterno". Este caminho é mais do que simplesmente fazer o que é certo. É andar em comunhão com Deus, com os olhos fixos na eternidade. É viver de modo que nossa vida tenha valor não apenas aqui, mas diante do trono de Deus.

Ser guiado no caminho eterno significa buscar a vontade de Deus em todas as áreas. Significa alinhar nossos sonhos, nossos relacionamentos, nossos projetos e nossos pensamentos com a Palavra do Senhor. Significa permitir que o Espírito Santo nos molde, dia após dia, para que sejamos mais parecidos com Cristo.

O Salmo 139, portanto, nos ensina duas grandes verdades. A primeira é que Deus é soberano. Nada escapa ao Seu controle. Ele conhece nossas limitações, nossas falhas e ainda assim nos ama profundamente – Ele escreveu a nossa história. 

A segunda é que nós somos responsáveis por nossa caminhada. Deus escreveu nossos dias, mas nos chama a viver cada um deles com consciência, buscando Sua direção e Seu propósito.

Viver debaixo do olhar amoroso de Deus é saber que não estamos sozinhos. É saber que há um caminho certo a seguir, e que, mesmo quando erramos, podemos pedir que Ele nos corrija e nos conduza de volta. É ter a coragem de abrir o coração e dizer: "Senhor, sonda-me. Mostra-me onde estou errando. E guia-me pelo Teu caminho eterno."

A vida é feita de escolhas. Nem todas serão fáceis. Mas uma coisa é certa: quando deixamos Deus nos guiar, encontramos sentido, paz e esperança. O caminho eterno não é apenas uma promessa para o futuro. É um estilo de vida que começa aqui e agora, enquanto caminhamos lado a lado com Aquele que nos conhece melhor do que nós mesmos.

Que hoje e todos os dias essa seja a nossa oração: que possamos, com sinceridade, dizer: "Senhor, sonda o meu coração e guia-me no Teu caminho eterno."

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

1º/mai/25

 

ACIMA DO SOL: ONDE A VIDA GANHA SENTIDO

Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é essencial para o homem.” (Eclesiastes 12:13 – NVI)

O livro de Eclesiastes é um dos mais desafiadores e profundos de toda a Bíblia. Escrito por Salomão, o homem mais sábio que já viveu, ele nos convida a refletir sobre as grandes questões da existência. Ao longo dos seus capítulos, o pregador descreve suas observações sobre a vida, a rotina humana e a busca por significado. A primeira impressão é que o livro é um tanto pessimista. De fato, ele começa com a afirmação: “Tudo é vaidade.” Mas, na verdade, Eclesiastes não é uma declaração de desespero — é um chamado à sabedoria.

Uma das declarações mais impactantes está logo no início: “Ninguém se lembra dos que viveram no passado, e aqueles que ainda virão tampouco serão lembrados pelos que vierem depois deles.” (Eclesiastes 1:11). Quando lemos isso, somos levados a encarar uma verdade que costuma nos deixar desconfortáveis. Quantos de nós sabemos o nome dos nossos bisavós ou tataravós? E será que nossos próprios bisnetos lembrarão de nós? Essa constatação nos obriga a pensar: se tudo o que fazemos será esquecido um dia, então qual é o sentido de tudo isso?

Salomão chama essa realidade de “vaidade”. Em hebraico, a palavra usada é “hevel”, que significa vapor, fumaça, algo que aparece e logo desaparece. A vida, se olhada apenas com os olhos humanos, parece ser assim: passageira, confusa, cansativa. O autor reconhece que, mesmo diante de tantas realizações e conquistas, tudo parece correr em círculos. O sol se levanta e se põe. Os rios correm para o mar, e o mar nunca se enche. As rotinas se repetem. O homem trabalha, se cansa, e nada parece mudar de verdade. No verso 8, ele chega a dizer que todas as coisas são tão cansativas que não dá nem para descrevê-las.

Mas Salomão não estava simplesmente reclamando da vida. Ele estava ensinando uma lição profunda: o problema não está na vida em si, mas na forma como olhamos para ela. Quando vivemos apenas com os olhos fixos no que está “debaixo do sol” — ou seja, nas coisas visíveis, materiais, passageiras —, inevitavelmente caímos em frustração. O mundo gira, mas a alma continua vazia. "Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com o qual se afadiga debaixo do sol?" (Eclesiastes 1:3 – NVI)

E isso não é algo que acontece só com quem tem pouco. Salomão teve tudo: riquezas incontáveis, poder absoluto, fama, sabedoria, prazeres de todos os tipos. E mesmo assim declarou: “Não encontrei satisfação em nada do que está debaixo do sol.” Isso nos mostra que o vazio não é preenchido com coisas. Nem com sucesso. Nem com aplausos. Só existe uma forma de encontrar sentido verdadeiro para a vida: olhando acima do sol. Trocando a perspectiva terrena pela visão eterna – olhar para a eternidade.

Quando olhamos para a vida com os olhos voltados para Deus, tudo muda. A rotina deixa de ser apenas repetição e passa a ser renovação. As manhãs, antes cinzentas, se tornam oportunidades para experimentar as misericórdias que se renovam a cada dia. O trabalho, antes cansativo, passa a ser uma forma de servir a Deus e cuidar daqueles que amamos. A existência, antes um sopro vazio, passa a ter peso eterno. Porque já não vivemos apenas para o agora, mas com os olhos no que é eterno.

Sem Cristo, a vida é apenas uma sequência de dias que se acumulam. Com Cristo, a vida é cheia de propósito. Como disse o apóstolo Paulo: “Para mim, o viver é Cristo.” Isso quer dizer que a vida só ganha cor e sentido quando é vivida em comunhão com Aquele que nos criou. Ser lembrado pelos homens pode até ser algo bom, mas ser conhecido e amado por Deus é o que realmente importa.

O livro de Eclesiastes não é uma mensagem de desespero. É uma mensagem de alerta. Ele nos chama a não nos perdermos em ilusões passageiras. Ele nos convida a parar de buscar sentido em coisas que não têm poder de nos preencher. E, por fim, ele nos aponta o caminho: temer a Deus e obedecer aos seus mandamentos. Isso é essencial. Isso é o que vale a pena. Isso é o que permanece.

A vida abaixo do sol pode parecer cansativa. Mas a vida acima do sol — na presença de Deus — é cheia de sentido, alegria e esperança. E é lá que nosso coração precisa morar. Porque, no fim das contas, viver encantado com o Criador é muito mais prazeroso do que viver encantado com a criação.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

30/qua/abr/25

ENTRE JANELAS E RESSURREIÇÕES: O CHAMADO PARA DESPERTAR

“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo resplandecerá sobre ti.”
(Efésios 5:14 – NVI)

Eutico era apenas um jovem presente numa reunião aparentemente comum. Mas o que acontece com ele naquela noite se transforma em uma mensagem viva para todos nós, especialmente para os tempos em que vivemos.

À primeira vista, Atos 20:7-12 parece apenas relatar um acidente trágico seguido de um milagre — a queda de um jovem e sua surpreendente ressurreição. Mas, quando lemos com atenção, percebemos que o texto carrega muito mais. Em meio aos detalhes, encontramos lições profundas sobre a maneira como Deus age e sobre o nosso papel como ouvintes atentos e participantes ativos da fé.

Era o primeiro dia da semana, o que marca não apenas o início de uma nova etapa, mas também nos remete ao dia em que Jesus ressuscitou. Esse detalhe nos lembra que a comunhão cristã não é baseada em um dia qualquer, mas na celebração da vida que venceu a morte. Pode ser que Eutico, como tantos jovens de seu tempo — e do nosso — tivesse vindo de dias cheios, talvez cansativos, com muitas atividades e pouco descanso. E ali, naquela reunião noturna, após um fim de semana movimentado, ele se senta para ouvir Paulo.

A mensagem naquela noite foi longa, porque Paulo sabia que talvez fosse sua última oportunidade de falar com aquele povo. Ele pregou até a meia-noite. Para alguns, poderia ser o último culto da vida. E esse detalhe não é por acaso. Na Bíblia, a meia-noite representa a última hora do dia — um momento de definição, de clímax.

Foi à meia-noite que, na parábola contada por Jesus, o noivo chegou — e apenas as virgens prudentes, que estavam preparadas, entraram com ele para as bodas. A meia-noite, nas Escrituras, simboliza vigilância, urgência e atenção ao tempo da visitação divina. É também uma figura da volta gloriosa de Jesus para buscar a sua Igreja. Enquanto muitos se encontram adormecidos, distraídos ou acomodados, os que permanecem despertos vivem com os olhos fixos na promessa, aguardando com fé o momento de se encontrar com o Senhor.

Mesmo com o local cheio de luzes, Eutico adormeceu. A Bíblia faz questão de registrar que o cenáculo estava bem iluminado, o que nos mostra que o problema não era a escuridão. A iluminação representa revelação, presença de Deus, Palavra viva — mas mesmo com tudo isso, o jovem caiu no sono. Ele estava assentado numa janela no terceiro andar.

A janela é um lugar de incerteza, de quem não decidiu completamente onde quer estar. Não é dentro, nem fora. De lá se enxerga tanto o que acontece no ambiente da comunhão quanto as distrações que vêm de fora. É uma posição perigosa para quem está cercado por vida e transformação, mas ainda não se entregou por completo. Muitos hoje vivem assim — sentados na janela da fé, com o coração dividido entre a presença de Deus e os apelos do mundo. Estão perto, mas não firmes; enxergam a luz, mas ainda se deixam atrair pelo lado de fora.

Eutico cai. E não apenas tropeça: ele morre. Isso é sério. Há pessoas que, espiritualmente, já caíram da janela, e nem percebem que estão mortas em sua fé, em sua esperança, em sua vida com Deus. Mas Paulo desce, abraça o jovem e declara: “Está vivo.” É um momento que aponta diretamente para Jesus, que também desceu, nos abraçou na morte, e nos deu vida nova.

Assim como Cristo ressuscitou ao terceiro dia, Eutico caiu do terceiro andar. Não é coincidência. A mensagem é clara: há ressurreição para os que caíram.

Após o milagre, eles sobem e partem o pão. Essa é a sequência da fé cristã: depois do toque da graça, vem a comunhão, o partir do pão, a renovação da vida em comunidade. Paulo continua falando até o amanhecer. A noite foi longa, mas a Palavra sustentou a todos. Eutico estava vivo, e essa notícia consolou a todos os presentes. A ressurreição de um só trouxe alegria para muitos — assim como a ressurreição de Cristo trouxe salvação para o mundo inteiro.

O que tudo isso nos ensina? Que é perigoso estar na janela. Que mesmo com luz, mesmo ouvindo a Palavra, é possível adormecer. Que a rotina, o cansaço, a distração nos colocam em risco espiritual. Mas também aprendemos que Deus ainda desce até onde caímos. Ele ainda abraça, ressuscita e nos convida a subir de novo para viver em comunhão.

Se você está cansado, distraído ou meio adormecido, desperte! Ainda é tempo. Ainda há luz. Ainda há Palavra. E ainda há um Deus que nos chama de volta à vida.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

29/ter/abr/25

 


 

 


 

OS CAMPOS DE BOAZ

"O Senhor retribua a você pelo que tem feito! Que você seja ricamente recompensada pelo Senhor, o Deus de Israel, sob cujas asas veio buscar refúgio."  (Rute 2:12 – NVI)

A história de Rute é cheia de detalhes bonitos e cheios de significado. Quando ela chegou ao campo de Boaz, parecia que era apenas uma coincidência. Mas, aos olhos de Deus, era um plano perfeito. Deus estava conduzindo os passos de Rute para um lugar onde ela encontraria provisão, acolhimento, honra e, acima de tudo, redenção. Os campos de Boaz não eram campos comuns — eram campos que revelavam o cuidado e o amor de Deus.

Os campos de Boaz eram campos de provisão. A terra era fértil, bem cuidada, e estava no tempo da colheita. Mesmo sendo estrangeira e viúva, Rute encontrou ali alimento suficiente para ela e para Noemi. A Palavra diz: “Assim ela foi e começou a recolher espigas atrás dos ceifeiros. Por acaso entrou justamente na parte da plantação que pertencia a Boaz...” (Rute 2:3 - NVI). Nada é por acaso quando estamos sob o cuidado de Deus. Ele abre portas e conduz nossos passos para lugares onde há sustento, mesmo em tempos difíceis.

Além disso, os campos de Boaz eram campos de acolhimento. Rute era uma mulher moabita, de fora, mas Boaz a tratou com respeito e carinho. Ele não a rejeitou, pelo contrário, protegeu e acolheu. “Disse então Boaz a Rute: ‘Ouça bem, minha filha. Não vá colher noutra lavoura, nem se afaste daqui. Fique com minhas servas... [...] tenho ordenado aos rapazes que não a toquem.” (Rute 2:8-9 - NVI) Esse ambiente seguro e respeitoso revela o coração generoso de Boaz. Ele criou um lugar onde os mais frágeis podiam se sentir protegidos.

Os campos de Boaz também eram campos de honra e generosidade. Ele não apenas permitiu que Rute colhesse o que restava. Ele mandou seus empregados deixarem espigas propositalmente para ela recolher com facilidade.  “Na hora da refeição Boaz lhe disse: ‘Venha cá. Pegue um pedaço de pão e molhe-o no vinagre.’ Quando ela se sentou com os ceifeiros, Boaz lhe ofereceu grãos tostados. Ela comeu até ficar satisfeita, e ainda sobrou.” (Rute 2:14 - NVI) Ele foi além do necessário. Agiu com bondade e respeito. Isso mostra que seus campos eram marcados por um espírito de generosidade e dignidade.

Havia também nos campos de Boaz um clima de justiça e temor a Deus. Desde a forma como ele tratava seus funcionários até as palavras que usava, Boaz demonstrava reverência a Deus. “Naquele exato momento, Boaz chegou de Belém e saudou os ceifeiros: ‘O Senhor esteja com vocês!’ Eles responderam: ‘O Senhor te abençoe!’” (Rute 2:4 - NVI) Essa simples saudação mostra que Deus era reconhecido ali. Era um lugar onde a fé não estava apenas nos lábios, mas fazia parte da rotina.

Mas talvez a parte mais linda da história seja que os campos de Boaz eram campos de propósito e de providência divina. Rute não sabia quem era Boaz. Ela não sabia que ele era parente de Noemi, alguém que podia exercer o papel de resgatador. Mas Deus sabia. E foi Ele quem levou Rute até aquele campo. O encontro com Boaz mudou sua vida. Ali começou uma nova história, não apenas para Rute, mas para toda sua descendência — da qual viria o rei Davi, e depois, o próprio Jesus. Os campos de Boaz eram, portanto, lugares de encontro com o plano perfeito de Deus.

Hoje, ao olharmos para essa história, vemos que Rute era moabita, uma estrangeira, e não fazia parte do povo de Israel. Ela não tinha direito à bênção da aliança. Mas foi acolhida, cuidada e redimida — tudo por graça. Assim também somos nós. Estávamos fora, sem acesso às promessas, mas Jesus, o nosso Boaz, nos acolheu. Ele nos supre, nos honra, nos protege, age com justiça e, acima de tudo, nos redime. Jesus é a Rocha firme, mas também é o campo onde encontramos abrigo, provisão e direção. Nos campos de Boaz, Rute encontrou pão, cuidado e um novo futuro. Nos braços de Jesus, encontramos tudo isso e muito mais.

Que o nosso coração também se encontre nos campos do Senhor. Que confiemos em Sua provisão, nos abriguemos em Sua graça e vivamos para o Seu propósito. Porque, quando estamos nos campos de Jesus, mesmo aquilo que parece simples — como recolher espigas — pode ser o início de algo grandioso.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

28/seg/abr/25

 

QUANDO DEUS ESCOLHE ESQUECER

 “Pois eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados.” (Jeremias 31:34 – NVI)

Estou escrevendo um livro para meus netinhos, pois quero contar a eles um pouco da minha história — minha infância, minha adolescência e minha juventude – são as minhas lembranças. Quero que conheçam melhor o avô que hoje veem com cabelos brancos, mas que um dia também foi menino, sonhador, às vezes arteiro, outras vezes pensativo, mas sempre acompanhado pela mão de Deus. Guardei muitas lembranças ao longo da vida. Algumas são engraçadas, outras me emocionam até hoje. Há histórias simples, mas cheias de significado. E é por isso que resolvi escrevê-las.

Todos nós carregamos lembranças. Algumas nos fazem sorrir. Outras, apertam o peito. Há memórias que nos fortalecem, e há aquelas que gostaríamos de apagar. Mas por que será que Deus nos deu a capacidade de lembrar, mesmo das coisas ruins? A resposta pode parecer simples, mas carrega um propósito profundo: a memória é uma ferramenta de Deus para a nossa transformação.

Deus nos criou com lembranças para que nos lembremos do Seu amor, aprendamos com os nossos erros e não repitamos os caminhos de dor. As boas lembranças aquecem o coração, nos fazem ser gratos. Já as más, quando entregues a Deus, se tornam degraus de crescimento. Até as feridas podem virar testemunhos.

Mas quando olhamos para Deus, encontramos algo diferente: Ele declara que não se lembra dos nossos pecados. Como pode isso? Deus não tem lapsos de memória. Ele é onisciente, sabe de tudo. Então, o que significa dizer que Ele “não se lembra”?

Essa é uma forma bíblica de expressar o perdão completo e definitivo. Quando Deus perdoa, Ele escolhe não mais levar aquilo em conta. Ele não ignora o pecado, mas o apaga da lista de cobranças porque o preço já foi pago por Jesus na cruz. Isso não é amnésia divina — é graça em ação.

A cruz é o lugar onde o juízo foi satisfeito. A justiça exigia pagamento, e Jesus ofereceu a Sua vida – o Seu sangue. Agora, o Pai olha para quem crê e vê o Filho em seu lugar. Por isso, pode dizer com verdade: “Não me lembrarei mais dos seus pecados.”

Isso é diferente da nossa maneira de perdoar. Muitas vezes dizemos que perdoamos, mas guardamos a mágoa, deixamos a lembrança viva. Deus não. Ele ensina um novo padrão: O perdão de Deus não deixa rastros de condenação.

Na prática, isso nos traz descanso. Se Deus escolheu esquecer, por que insistimos em lembrar o que Ele já apagou? Quantas vezes deixamos a culpa nos prender, mesmo depois do arrependimento sincero? Vivemos como se ainda estivéssemos devendo, quando na verdade a dívida foi cancelada no Calvário.

O profeta Miquéias expressou isso de forma linda: “Tornarás a ter compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar.” (Miquéias 7:19 – NVI). Deus não apenas perdoa. Ele joga os pecados no fundo do mar — e não mergulha para buscá-los de volta.

Agora pense: se Deus, o justo juiz, escolhe não se lembrar, por que deveríamos nós nos acusar ou acusar os outros?

Sim, há lembranças ruins em nossa história. Mas quando entregues ao Senhor, elas se tornam marcas de cura e não de culpa. Deus pode usar até aquilo que foi doloroso para gerar testemunhos e compaixão no nosso coração. E tem mais: a memória do perdão precisa ser maior do que a memória da queda. Lembrar que fomos perdoados, redimidos, aceitos, deve ser o que mais ocupa nossa mente.

Paulo, que tinha um passado marcado por perseguições à Igreja, disse algo que nos inspira: “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo...”  (Filipenses 3:13-14 – NVI). Não é que ele apagou da mente tudo o que viveu, mas escolheu não viver preso ao passado. A graça era maior do que a culpa.

Deus nos deu a memória como ponte para o crescimento e não como prisão do passado. Ele nos mostra que é possível lembrar com propósito e esquecer com graça.

Se o Senhor já decidiu não lembrar dos teus pecados, não viva como se eles ainda estivessem pesando sobre você. O sangue de Jesus é suficiente. O perdão é completo. A nova vida é real. Creia nisso. Viva isso. E quando a lembrança te visitar, que ela te leve ao louvor — não à culpa. “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1 – NVI)

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

27/dom/abr/25

 

UMA CASA QUE ACOLHE A PRESENÇA DE DEUS

“..._Todos esses foram descendentes de Obede-Edom; eles e seus filhos e parentes eram homens capazes e aptos para o serviço. Foram sessenta e dois ao todo, descendentes de Obede-Edom.”  (1 Crônicas 26:4-8 - NVI)

A história de Obede-Edom é uma das mais inspiradoras quando se trata de acolher a presença de Deus em casa. Tudo começa quando o rei Davi decide levar a arca da aliança para Jerusalém. No caminho, acontece algo muito sério: um homem chamado Uzá toca na arca e morre na hora. Isso deixa Davi com medo de continuar a viagem. Por isso, ele decide deixar a arca na casa de Obede-Edom, um homem aparentemente simples, mas com um coração preparado.

A arca era mais do que um objeto sagrado — ela representava a presença do próprio Deus. E o que acontece quando ela chega à casa de Obede-Edom? A Bíblia diz que o Senhor abençoou a sua casa e tudo o que ele possuía. Em apenas três meses, a diferença era tão visível que chegou aos ouvidos do próprio rei Davi. Essa bênção foi tão marcante que é mencionada não apenas em 2 Samuel 6:11, mas também em 1 Crônicas 13:14 e novamente em 1 Crônicas 26:4-8, onde vemos os frutos dessa entrega.

Mas o que havia de especial em Obede-Edom? Por que a bênção de Deus se derramou sobre ele e sua família? A resposta está em sua atitude. Mesmo sabendo dos riscos de abrigar a arca — especialmente depois do que aconteceu com Uzá —, ele não recusou. Pelo contrário, abriu as portas de sua casa e acolheu a presença do Senhor com temor e reverência. Ele não tratou a arca com descaso, mas com profundo respeito. Sua casa não apenas abrigou um objeto sagrado; ela se tornou um espaço de adoração.

A bênção que veio sobre Obede-Edom não foi sorte. Foi o resultado direto de uma escolha: ele decidiu dar lugar à presença de Deus em seu lar. E quando Deus encontra um lugar de honra, Ele responde com favor. A prosperidade que se espalhou pela casa de Obede-Edom não atingiu apenas sua vida pessoal. Alcançou sua esposa, seus filhos, sua família inteira — e continuou por gerações.

Em 1 Crônicas 26:4-8,15, vemos o reflexo dessa decisão. Seus filhos e netos se tornaram líderes, homens fortes, sábios e aptos para o serviço de Deus. Eles foram escolhidos para cuidar do templo, uma função de grande responsabilidade. A Bíblia os descreve como “homens capazes e valentes”, prontos para servir. Ao todo, foram 62 descendentes diretos de Obede-Edom envolvidos na obra do Senhor. “A Obede-Edom, a guarda do lado sul; e a seus filhos, a guarda da casa de depósitos.” (1 Crônicas: 26:15 – NAA)

Isso nos ensina algo precioso: quando escolhemos honrar a Deus em casa, essa decisão muda o rumo da nossa história. A escolha de um pai reverente se transformou em uma herança de fé e serviço para toda a sua linhagem. O impacto da presença de Deus foi geracional. E ainda hoje, isso continua sendo verdade.

Quando abrimos espaço para Deus em nosso lar — mesmo que isso custe alguns ajustes, mudanças de hábito ou prioridades — a bênção não se limita a nós. Ela alcança filhos, netos e até quem ainda vai nascer. Uma casa que honra a presença de Deus é como uma fonte de água viva que nunca seca.

Obede-Edom não rejeitou a arca. Ele a recebeu com respeito e fé. Nós também somos convidados a fazer o mesmo. Mesmo em tempos difíceis, com rotinas corridas e tantos desafios, precisamos decidir: vamos abrir espaço para Deus em nossos lares? Vamos criar um ambiente onde Ele seja bem-vindo, honrado e adorado?

Que nossas casas sejam como a de Obede-Edom: lugares onde Deus se sinta à vontade para habitar. Onde Sua presença seja prioridade. Onde a fé seja visível e as bênçãos, inevitáveis.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

26/sab/abr/25

 

O ANSEIO HUMANO POR RECONHECIMENTO

“Senhor, que é o homem para que com ele te importes?” (Salmo 8:4 – NVI)

Todo ser humano, em algum momento da vida, já desejou ser notado, valorizado ou reconhecido. Esse desejo é natural. Queremos que o que fazemos tenha sentido, que nosso esforço seja visto, que nossas palavras encontrem acolhimento. E não há nada de errado em querer ouvir um elogio sincero ou receber um gesto de carinho e reconhecimento. Isso faz parte da nossa natureza.

No entanto, mesmo quando fazemos tudo certo, mesmo quando obedecemos e servimos como devemos, a Bíblia nos ensina que ainda assim somos apenas servos. E é justamente nessa posição humilde que experimentamos algo maravilhoso: Deus nos vê com graça. Ele não nos valoriza apenas pelas nossas ações, mas porque somos Seus filhos. Como perguntou o salmista: “Quem somos nós, Senhor, para que te importes conosco?” Essa pergunta ecoa no coração de muitos, especialmente nos momentos em que nos sentimos pequenos ou esquecidos. "Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: ‘Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever’." (Lucas 17:10 – NVI)

A verdade é que todos nós queremos ser vistos — mas não apenas com os olhos do mundo. Desejamos ser vistos com os olhos do Pai. Porque os olhos do mundo são instáveis: hoje aplaudem, amanhã esquecem. Já os olhos de Deus são constantes. Ele nos vê mesmo quando ninguém mais vê.

Mas aqui está o cuidado: há um risco quando começamos a buscar valor apenas na aprovação dos outros. O desejo de ser "alguém além da multidão" pode se tornar uma armadilha. Isso acontece quando nossa identidade passa a depender da opinião dos outros e não do amor de Deus. A aprovação do mundo muda a todo momento. Já o amor do Senhor permanece firme. Ele não depende do nosso desempenho, mas está ligado à Sua fidelidade. Como escreveu o apóstolo Paulo: “Se eu ainda estivesse tentando agradar a homens, não seria servo de Cristo.” (Gálatas 1:10 – NVI)

Muitas vezes, vivemos fases da vida que parecem um deserto. São momentos em que ninguém nos reconhece, ninguém elogia, ninguém repara. Mas mesmo ali, Deus está presente. O deserto pode parecer um lugar de silêncio e solidão, mas também é onde a fé amadurece, onde a nossa relação com Deus se aprofunda. É no deserto que muitas vezes nasce uma nova canção — uma canção que brota da dor, da espera e da confiança. “Ele pôs um novo cântico em minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muitos verão isso, temerão e confiarão no Senhor.” (Salmo 40:3 – NVI)

Quantas pessoas vivem tempos assim, sentindo-se sozinhas, esquecidas, invisíveis? Mas Deus transforma o deserto em escola de esperança. Ele fala de perto quando tudo parece distante. Ele planta nova vida no solo seco do coração. Como diz a promessa: “Lhe darei ali, no deserto, um vale de esperança.” (Oséias 2:15 – NVI)

E quando entendemos que somos vistos por Deus, mesmo no silêncio, isso muda tudo. O consolo de saber que Deus nos vê e nos acolhe não tem preço. Em meio ao cansaço, podemos descansar sob os Seus olhos e nos abrigar em Seus braços. Esse é o lugar mais seguro do mundo. Quando o mundo não nos percebe, Deus nos chama pelo nome. Quando ninguém nos estende a mão, Ele nos acolhe com ternura.

Saiba de uma coisa: o valor que temos não vem do que fazemos ou do que conquistamos, mas do amor do Senhor por nós. Ele nos valoriza por quem somos nEle, e não por aquilo que conseguimos mostrar aos outros. Ser notado por Deus é o que realmente importa.

Por isso, descanse. Mesmo que ninguém aplauda, Ele vê. Mesmo que sua voz se perca na multidão, Ele ouve. Mesmo que você se sinta só no deserto, Ele está lá — preparando um novo cântico para brotar dos seus lábios. Não viva em busca do reconhecimento passageiro. Viva para o Pai, que vê em secreto e recompensa com amor eterno.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

25/sex/abr/25

 

MAIS DO QUE UM CARGO: SER AMIGO DO REI

Algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro amigo é mais chegado que um irmão.”  (Provérbios 18:24 – NTHL)

No capítulo 4 de 1 Reis, encontramos uma lista de nomes importantes: os oficiais que serviam no governo do rei Salomão. Cada um tinha uma função, uma responsabilidade, um cargo relevante na estrutura do reino. Eram homens com posição, influência e autoridade.

Mas entre tantos nomes, um se destaca por algo especial. Zabude, filho do profeta Natã, não é apenas citado como sacerdote e conselheiro do rei. Ele é chamado de “amigo do rei”. Isso não é um detalhe qualquer. Entre todos os que serviam, só ele recebe esse título. E isso nos ensina algo muito importante.

Nem todo servidor é amigo. Muitas pessoas podem estar a serviço do rei, fazendo o que é necessário, cumprindo tarefas importantes. Mas poucas desenvolvem um relacionamento íntimo, baseado na confiança e na proximidade. Zabude não estava apenas ao lado do trono — ele estava perto do coração do rei. Isso mostra que é possível estar envolvido com a obra do Reino e ainda assim não ter uma amizade verdadeira com o Rei.

Essa realidade nos leva a uma pergunta pessoal: como está o nosso relacionamento com Deus? Temos apenas servido a Ele, ou também parado para conhecê-Lo de verdade? Temos falado dEle, mas será que temos escutado o que Ele quer nos dizer? Deus não procura apenas pessoas ocupadas em Seu Reino, mas filhos e amigos que queiram estar com Ele por amor. "..._os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura." (João 4:23 – NVI)

Zabude nos mostra que Deus valoriza relacionamentos, não apenas funções. O Espírito Santo fez questão de registrar isso na Bíblia porque essa é uma verdade importante: Deus quer proximidade. Jesus disse aos seus discípulos: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos...” (João 15:15 – NVI). Isso mostra que Ele deseja amizade com aqueles que O seguem.

Outra lição que aprendemos é que a intimidade verdadeira é reconhecida pelo próprio Rei. Zabude não se chamou de amigo do rei. O texto sagrado é que lhe dá esse título. Da mesma forma, não é o que dizemos sobre nós mesmos que define nosso nível de comunhão com Deus, mas o que o próprio Deus vê no nosso coração. É no secreto, no dia a dia, que se constrói essa amizade.

E há recompensa para quem é amigo do Rei. Zabude era sacerdote, alguém que servia entre Deus e o povo. E também era amigo. Isso mostra que, quando andamos perto de Deus, recebemos mais do que uma função. Recebemos honra, revelação, sabedoria e direção. Deus compartilha Seus segredos com os que O temem.

Na Bíblia, poucas pessoas são chamadas de “amigos de Deus”, e isso torna essas histórias ainda mais especiais. Abraão é chamado de amigo de Deus em Isaías 41:8 e em Tiago 2:23. Ele foi considerado justo por confiar plenamente no Senhor. Moisés não recebeu esse título diretamente, mas a Bíblia diz que Deus falava com ele “como quem fala com um amigo” (Êxodo 33:11). Eles tinham um relacionamento próximo, baseado em comunhão e confiança.

No Novo Testamento, Jesus chama os discípulos de amigos. Eles deixaram de ser apenas servos para se tornarem íntimos. Ele compartilhou com eles tudo o que ouviu do Pai, mostrando que amizade, no Reino, é lugar de revelação. Não é sobre cargos — é sobre coração.

Ser amigo de Deus é algo raro e precioso. Os exemplos de Abraão, Moisés, os discípulos e Zabude mostram que essa amizade é feita de fé, intimidade, obediência e desejo de estar perto. Não se trata apenas de fazer algo por Deus, mas de ser alguém que O conhece e é conhecido por Ele. “O segredo do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.” (Salmo 25:14 – ARC)

Mais do que qualquer posição, mais do que visibilidade ou função, que o nosso maior desejo hoje seja estar perto do coração do Rei — como amigo.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

24/qui/abr/25

 

QUANDO JESUS FICA DO LADO DE FORA

“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” (Apocalipse 3:20 – NVI)

Nem sempre o problema está no que falta. Às vezes, o perigo está no que sobra: autossuficiência, orgulho, aparências. Foi isso que aconteceu com a igreja de Laodiceia. Quando Jesus escreve a essa comunidade, Ele revela algo chocante: Ele está do lado de fora daquela igreja.

A carta de Apocalipse 3:14-22 é dirigida à sétima igreja mencionada no livro — e talvez seja a que mais se parece com muitas igrejas e corações dos nossos dias. O cenário é triste: uma igreja que acha que está bem, mas que, aos olhos de Cristo, está longe dEle.

Jesus se apresenta como o "Amém", a "testemunha fiel e verdadeira" e o "princípio da criação de Deus". Isso significa que Ele é o autor da história, o começo e o fim, Aquele que sabe todas as coisas e tem autoridade para dizer a verdade. E a verdade é dura: “Conheço as suas obras; sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente!” (v.15)

Jesus vê um povo morno, indeciso, confortável demais com a vida que leva. E essa mornidão espiritual não é neutra — ela provoca náusea no Senhor. “Estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.” (v.16)

A igreja de Laodiceia se achava rica, bem-sucedida, segura. Ela dizia: “Estou rica, adquiri riquezas e não preciso de nada.” (v.17) Mas Jesus olha por dentro e vê algo muito diferente: um povo infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Eles achavam que tinham tudo, mas na verdade não tinham nada que realmente importava.

Então, Jesus faz um convite: “Compre de mim ouro refinado no fogo, para que se torne rico; roupas brancas, para vestir-se e cobrir a sua vergonhosa nudez; e colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar.” (v.18) Mas como comprar essas coisas, se tudo vem da graça? A resposta está no próprio texto: com arrependimento, fé e zelo. Como diz Isaías 55:1, Deus nos convida a comprar sem dinheiro aquilo que realmente tem valor eterno.  "Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo!" Isaías 55:1 – NVI

O ouro refinado representa o poder do Espírito Santo. As vestes brancas simbolizam a salvação em Cristo, que nos cobre de justiça. O colírio é o discernimento espiritual, a visão profética para enxergar além das aparências.

Em seguida, Jesus revela o motivo por trás de suas palavras duras: Ele ama. “Repreendo e disciplino aqueles que amo.” (v.19) O alvo da correção é sempre a restauração. Por isso, Ele diz: “Seja diligente e arrependa-se.”

E então vem um dos versículos mais conhecidos — e mais tristes, se olharmos com atenção: “Eis que estou à porta e bato.” (v.20)

Jesus está do lado de fora, batendo na porta da igreja. Isso mostra que, apesar de todo o culto, estrutura, reuniões e aparente religiosidade, Ele não estava no centro. Ele queria entrar, ter comunhão, cear com eles. Ele queria relacionamento, e não apenas rituais.

Esse quadro nos faz refletir: Jesus está dentro ou fora da nossa vida? Da nossa casa? Da nossa igreja? Temos nos tornado mornos, autossuficientes, cegos para o que realmente importa?

Mas há esperança. A carta termina com uma promessa poderosa: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono.” (v.21). Se há um vencedor, é porque existe uma batalha. E essa luta não é contra inimigos visíveis, mas contra tudo o que nos afasta da presença de Deus: o orgulho, a indiferença espiritual, a ilusão de que não precisamos de nada. A maior guerra não é travada com espadas, mas dentro do coração — é a luta contra a mornidão, contra a fé sem fervor, contra a cegueira espiritual que nos impede de perceber a nossa real condição diante de Deus.

Mas Jesus não apenas revela o problema — Ele oferece o caminho da vitória. A promessa é clara: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono.” (v.21). Isso não se destina aos perfeitos, mas àqueles que perseveram, que ouvem Sua voz, que abrem a porta e O recebem como Senhor. A vitória pertence aos que se rendem, não aos que se acham suficientes.

Jesus nos chama para mais do que religião. Ele nos convida a um relacionamento real — a intimidade da ceia, a restauração da comunhão e o triunfo da graça. Se Ele está à porta, batendo, não é porque Ele precisa de nós — é porque nós precisamos urgentemente dEle. Abrir essa porta é o início de uma vida transformada e cheia de propósito.

Que hoje seja o dia em que, com humildade, abramos a porta do coração, da casa, da igreja — e deixemos Jesus entrar para ficar, reinar e transformar tudo.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

23/qua/abr/25

 

CUIDADO COM AS JANELAS ABERTAS

 “A morte subiu pelas nossas janelas e entrou em nossas fortalezas; eliminou das ruas as crianças e das praças os jovens.”  (Jeremias 9:21 – NVI)

Esse também é um assunto recorrente e por demais triste e preocupante em nossos dias. Como diz a Palavra de Deus, vivemos dias difíceis. A dor de tantas famílias que têm perdido seus filhos, muitas vezes dentro de casa, diante de uma tela, deveria nos acordar para uma realidade que não pode mais ser ignorada. 

O inimigo não tem mais precisado arrombar portas — ele tem entrado sorrateiramente pelas janelas digitais, encontrando espaço onde deveria haver proteção, diálogo e presença. É sobre isso que precisamos refletir, com urgência e com o coração aberto.

O versículo que nos serve de base para a reflexão de hoje descreve uma cena triste e profundamente perturbadora: a morte entrando pelas janelas das casas e atingindo justamente os mais vulneráveis — crianças e jovens. É como se o inimigo tivesse encontrado livre acesso para invadir aquilo que deveria ser nosso lugar mais seguro: o lar. O impressionante é que essa palavra foi escrita há tantos séculos, e, ainda assim, nunca pareceu tão atual quanto agora.

Essa advertência parece muito distante até que a realidade nos sacode. Recentemente, o Brasil se entristeceu com a morte de Sarah Raíssa, uma menina de apenas 8 anos, que perdeu a vida após participar de um desafio viral da internet. Ela foi encontrada desacordada ao lado de um frasco de desodorante e do celular. A suspeita é que tenha seguido um vídeo de redes sociais, achando que era apenas uma brincadeira. Mas o que parecia inofensivo acabou se tornando fatal.

Esse caso nos faz lembrar de Jeremias 9:21. A morte entrou pelas janelas. Só que, hoje, as janelas têm outro formato: são os celulares, tablets, computadores e redes sociais. A tecnologia entrou nas casas, mas também abriu portas para que conteúdos perigosos alcancem nossos filhos. Nem sempre conseguimos ver o que eles estão assistindo, ouvindo ou seguindo — e é aí que mora o perigo.

A Bíblia nos orienta claramente: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” (Provérbios 22:6 – ARC)

E esse detalhe é muito importante: ensinar no caminho, e não apenas sobre o caminho. Ensinar no caminho significa caminhar junto, acompanhar de perto, dar exemplo. Não adianta apenas apontar o que é certo — é preciso viver o certo ao lado deles. Muitas crianças estão crescendo sem esse acompanhamento. Elas aprendem a usar o celular antes mesmo de aprender a orar. Aprendem a seguir influenciadores antes de conhecer a Palavra de Deus.

Infelizmente, muitos pais têm terceirizado essa missão. Deixam que a escola, a internet, os amigos e os influenciadores digitais eduquem seus filhos. Mas a responsabilidade de ensinar no caminho é da família. E não se trata de controlar tudo, mas de criar um ambiente onde a criança se sinta segura para falar, perguntar e ser orientada com amor e firmeza.

A morte entrou pelas janelas da casa de Jeremias. E tem entrado pelas telas nas casas de hoje. Não podemos ignorar isso. Precisamos fechar as brechas, vigiar o que entra e proteger o que Deus nos confiou.

No passado, Deus orientou o povo a marcar as portas com o sangue do cordeiro, para que o anjo da morte não tocasse suas casas. Hoje, não usamos mais sangue literal, mas precisamos cobrir nossa casa com oração, com vigilância e com a presença de Deus. O sangue de Jesus ainda nos protege. Mas é preciso agir com sabedoria e responsabilidade.

A maior proteção que podemos oferecer aos nossos filhos não é um celular novo ou uma senha de segurança. É estar presente. É sentar à mesa, conversar, orar com eles, ensinar a Palavra e mostrar, com a vida, o que significa andar com Deus.

Sarah se foi cedo demais. Que essa dor não passe em vão. Que desperte pais, mães e líderes. Que nos leve a fechar as janelas por onde o mal tem entrado e a abrir o coração dos nossos filhos para o que realmente importa.  Não podemos proteger nossos filhos de tudo, mas podemos ensiná-los a discernir o certo do errado, a buscar a Deus, a confiar em Jesus e a dizer "não" ao que destrói.

Na tarde de ontem, depois de tirar um cochilo com meu netinho de apenas um ano e nove meses, vivi um daqueles momentos que misturam graça e revelação. Ele acordou, sentou-se na cama, e na penumbra do quarto me olhou e disse com a voz ainda meio sonolenta: “Vovô.” Respondi: “Oi, Léo.” Então, com aquela fala infantil e doce, completou: “Fui lavado no sangue do Cordeiro.” — o estribilho de um louvor que ele aprendeu na igreja e, certamente, ficou gravado em sua mente e no seu coração. Na hora, foi engraçado e espontâneo — difícil conter o riso diante de uma cena tão inusitada. Mas, logo depois, fiquei em silêncio, tomado por uma profunda reflexão: nossos filhos e netos estão, de fato, lavados, guardados e protegidos pelo sangue do Cordeiro Jesus?

Que cada lar se transforme em uma fortaleza espiritual. Que cada pai e mãe se levantem como guardiões do seu lar. E que cada criança cresça no caminho, com pais que não apenas apontam a direção, mas caminham junto com elas — sob a proteção poderosa do sangue do Cordeiro sobre os nossos amados.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

22/ter/abr/25

 

O TÚMULO VAZIO: QUANDO A DOR SE TRANSFORMA EM ESPERANÇA

“Disse-lhe Jesus: ‘Maria!’ Ela voltou-se para ele e exclamou: ‘Rabôni!’ (que significa Mestre).”
(João 20:16 – NVI)

Hoje é domingo. Chegamos ao fim desta caminhada de reflexões sobre a Páscoa. E não há forma melhor de encerrar do que lembrando o dia que mudou tudo: o dia da ressurreição. Foi no primeiro dia da semana, ainda de madrugada, que Jesus venceu a morte e deixou o túmulo vazio. “Depois do sábado, tendo começado o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.” (Mateus 28:1 – NVI)

Maria Madalena e outras mulheres foram ao sepulcro para cuidar do corpo de Jesus. Mas, chegando lá, perceberam que a pedra havia sido removida. Assustadas, correram para contar aos discípulos. Pedro e João foram correndo ao túmulo. João chegou primeiro, mas foi Pedro quem entrou. Eles viram os panos de linho e o lenço que cobria o rosto de Jesus, dobrado à parte — tudo em ordem, nada parecia forçado. Então João escreve: “Ele viu e creu.” (João 20:8). Foi naquele momento, diante do túmulo vazio, que nasceu a fé na ressurreição. O túmulo não era o fim. Era o começo de algo novo. Jesus estava vivo.

Pedro e João voltaram para casa. Mas Maria ficou ali. Chorando, sem entender. Ela olhou novamente para dentro do túmulo e viu dois anjos sentados onde o corpo havia estado. Eles perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?” E ela respondeu: “Levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram.”

Nesse instante, Jesus apareceu, mas Maria não o reconheceu. A dor, as lágrimas e a confusão ofuscaram sua visão. Até que Jesus a chamou pelo nome: “Maria!”

E tudo mudou. Ela se virou e disse: “Rabôni!” — que significa Mestre.

Aquela cena é linda e tocante. Maria estava sofrendo, buscando, chorando... mas foi surpreendida pela graça. Ela não viu Jesus de imediato, mas Jesus a viu — e a chamou pelo nome. Isso nos ensina algo muito importante: Jesus nos conhece. Ele conhece o nosso nome. Ele sabe onde estamos, como estamos e o que sentimos. E, no momento certo, Ele se revela e nos enche de esperança.

A ressurreição de Jesus é o centro da nossa fé. Não é um detalhe. É a prova de que tudo o que Ele prometeu é verdade. O anjo disse às mulheres: “Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito!” (Mateus 28:6). Jesus venceu o pecado, o inferno e a morte. O que parecia o fim virou o começo de uma nova vida. O túmulo vazio mudou a história da humanidade — e também pode mudar a sua história.

Maria não foi deixada de lado. Jesus a escolheu para ser a primeira testemunha da ressurreição. Ele poderia ter aparecido a Pedro, João ou a algum líder. Mas escolheu uma mulher simples, fiel e de coração sincero. Isso mostra que Jesus se revela a quem o busca com verdade, mesmo que esteja em pranto ou confuso.

Hoje, Ele ainda nos chama pelo nome. Ele nos vê quando choramos. Ele se aproxima quando achamos que tudo está perdido. A ressurreição não é só uma lembrança bonita do passado. Ela tem valor eterno e poder para hoje. O túmulo está vazio — mas o trono está ocupado. Jesus vive. Ele reina.

Na tradição judaica antiga, especialmente à mesa de refeição, havia um costume entre o mestre e o servo: quando o mestre terminava a refeição, ele amassava o guardanapo e o deixava sobre a mesa — sinal de que realmente estava indo embora. Mas se o mestre dobrava cuidadosamente o guardanapo e o deixava à parte, isso era um sinal para o servo: “Eu ainda vou voltar.” O lenço dobrado no túmulo é mais que um detalhe: é uma promessa silenciosa, porém poderosa. Jesus ressuscitou, mas não se despediu para sempre. Ele deixou um sinal: Ele voltará.

Assim como Ele chamou Maria pelo nome, Ele continua chamando cada um de nós. Ele nos vê quando choramos. Ele se aproxima quando achamos que tudo está perdido. E um dia — em breve — Ele virá nos buscar, como prometeu.

A ressurreição não é apenas uma lembrança bonita do passado. Ela é o alicerce da nossa esperança no presente, e a garantia viva do futuro que nos aguarda. O túmulo está vazio — mas o trono está ocupado. Jesus vive. Ele reina. E Ele voltará.

Você tem escutado a voz dEle? Assim como Ele disse: “Maria!”, talvez hoje Ele esteja dizendo: “Meu filho, minha filha… estou aqui.”

Creia. Ele está vivo. E porque Ele vive, nós também podemos viver com esperança — hoje, amanhã e para sempre. E podemos aguardar com alegria o dia em que Ele voltará para nos levar para o lar eterno.

Como diz o louvor:

“Porque Ele vive, posso crer no amanhã;

Por que Ele vive, temor não há;

Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida

Está nas mãos de meu Jesus que vivo está”


Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça, paz e esperança até aquele glorioso dia.

Pr. Décio Fonseca

20/dom/abr/25

 

ESTA É A PÁSCOA DO SENHOR

“Portanto, guardai isto por estatuto para vós e para vossos filhos para sempre.”  (Êxodo 12:24-28 -ARC)

Comemoramos nesta semana a Páscoa. Os mercados e lojas estão enfeitados, os shoppings decorados, e a criançada corre de um lado para o outro encantada com ovos de chocolate. Para muitos, essa é a Páscoa — uma data para doces, coelhos e promoções. Mas… e a nossa Páscoa?

Como povo de Deus, precisamos ir além do que o comércio oferece. A verdadeira Páscoa não está no chocolate, mas no sangue do Cordeiro. Não está em um coelho que corre, mas em um Salvador que morreu e ressuscitou por nós. Qual é o nosso entendimento sobre essa festa que o mundo cristão celebra?

Vamos olhar para a Bíblia e entender o que, de fato, é a Páscoa do Senhor — o que ela significa, o que ela anuncia, e como ela nos prepara para a maior libertação de todas: a saída da Igreja deste mundo.

A Páscoa foi criada por Deus como um momento especial. Ela lembrava ao povo de Israel que Deus os livrou da escravidão no Egito. Mas não era só uma lembrança — era também um culto ao Senhor, que deveria ser ensinado aos filhos e mantido por todas as gerações.

Quando os filhos perguntassem: “Que culto é este?”, os pais deveriam responder: “É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou pelas casas dos israelitas e os livrou da morte.” (Êxodo 12:27 - ARC)

Hoje, assim como naquela época, também estamos vivendo um tempo de saída. Não do Egito, mas deste mundo. Jesus, o nosso Cordeiro Pascal, voltará. A Igreja está se preparando para partir. E a mensagem da Páscoa continua viva: Deus salva, liberta e nos chama a estarmos prontos.

Antes de Israel sair do Egito, Deus enviou sinais fortes. As pragas foram um aviso de que algo grande estava para acontecer. Hoje, também vemos sinais por toda parte: doenças, guerras, confusão espiritual, valores sendo invertidos. Tudo isso mostra que a volta de Jesus está perto.

A Bíblia diz em Apocalipse 12:10-11 que o povo de Deus vence o inimigo “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho”. Ou seja, o que nos protege e nos dá vitória hoje é o mesmo que livrou o povo no passado: o sangue do Cordeiro e a fidelidade a Deus. A Igreja precisa estar atenta. Os sinais estão aí. É tempo de se posicionar com fé e firmeza.

No Egito, cada família precisava escolher um cordeiro sem defeito, matar ao entardecer e colocar seu sangue em ambas as ombreiras, e na verga da porta. Quando o anjo do juízo passasse, onde houvesse sangue, haveria livramento.

Isso apontava diretamente para Jesus. Ele é o nosso Cordeiro perfeito. Seu sangue derramado na cruz é o que nos livra da morte eterna. Apocalipse 15:3 diz que no céu haverá um cântico especial: o cântico do Cordeiro. É a celebração da salvação que só Ele pode dar.

A Páscoa é, acima de tudo, sobre Jesus. Só Ele pode nos proteger e nos salvar. Só o sangue dEle livra.

A Páscoa era um culto de despedida. O povo comia apressadamente, com os pés calçados e prontos para partir. Eles sabiam que a hora da libertação estava chegando.

Hoje, a Igreja também celebra o culto da última hora. Estamos de passagem por este mundo. O tempo está acabando. Como disse Jesus em Mateus 24:42-44, precisamos vigiar, pois não sabemos o momento exato em que Ele voltará.

Essa é a mensagem da Páscoa: este mundo não é o nosso lar definitivo. Precisamos viver prontos para partir.

A maior saída da história ainda vai acontecer. A Bíblia diz em 1 Tessalonicenses 4:16-17 que Jesus voltará, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, os que estiverem vivos e firmes serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares. Essa é a esperança que nos move. Essa é a nossa Páscoa. Não esperamos apenas dias melhores aqui — esperamos o reencontro com Jesus. A Igreja está com os olhos voltados para o céu.

A voz do Senhor ainda chama. Hebreus 3:15 diz: “Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.”                            

A porta ainda está aberta. O sangue ainda está disponível. O Cordeiro ainda pode ser recebido. Essa é a chance de fazer parte do povo que está se preparando para sair.

Receba o Cordeiro. Participe deste culto. Viva pronto. A verdadeira Páscoa está próxima. Maranata!

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

19/sab/abr/25

 

OS ÚLTIMOS PASSOS DE JESUS

“Dirigiu-se resolutamente a Jerusalém.”   (Lucas 9:51 – NVI)

Na sexta-feira da Páscoa, Jesus enfrentou seu dia mais sombrio. Traído por um amigo, foi preso injustamente e julgado de forma acelerada. Recebeu zombarias, bofetadas e foi cruelmente açoitado. Carregou uma pesada cruz até o Gólgota, onde foi crucificado entre dois criminosos. Mesmo em meio à dor, perdoou seus algozes e entregou sua vida com amor. A escuridão cobriu a terra, e o véu do templo se rasgou, sinalizando que algo eterno havia acontecido. Foi um dia de dor para Ele, mas de esperança para nós.

Os últimos passos de Jesus não foram por acaso. Desde o início de seu ministério, Ele sabia qual seria o seu destino. Jesus não foi pego de surpresa pelos acontecimentos da cruz. Ele caminhou com firmeza, com propósito e com amor até o Calvário.

Em Lucas 9:51, lemos que Jesus “decidiu firmemente ir para Jerusalém”. Ele sabia que lá enfrentaria traição, sofrimento e morte. Mas foi assim mesmo. Com o coração cheio de compaixão, Jesus escolheu o caminho do sacrifício. Não porque gostasse da dor, mas porque amava a mim e a você.

Quando chegou a hora, Ele entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, sendo aclamado pela multidão: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor!” Mas Ele sabia que aqueles mesmos lábios, poucos dias depois, gritariam: “Crucifica-o!”

Nos últimos dias, Jesus ensinou no templo, confrontou os religiosos, lavou os pés dos discípulos, partiu o pão, orou no Getsêmani. Cada passo, cada gesto, cada palavra era carregada de significado. Ele não apenas caminhava para a cruz — Ele carregava o mundo consigo.

No cenáculo, Jesus compartilhou a última ceia. Ele tomou o pão e disse: “Este é o meu corpo, que é dado por vocês.” Depois, o cálice: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado por vocês.” Com essas palavras, Jesus nos mostrou que a salvação estava prestes a ser conquistada — não por força, mas por amor sacrificial.

Em seguida, no Jardim do Getsêmani, Jesus orou com angústia. A Bíblia diz que seu suor era como gotas de sangue. Ali, Ele abriu o coração diante do Pai: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua.” (Lucas 22:42). Foi nesse momento que Jesus venceu a batalha mais profunda: a entrega total à vontade de Deus.

Logo depois, veio a traição de Judas, a prisão injusta, os julgamentos cheios de mentira, as agressões, os escárnios. Jesus foi abandonado, humilhado e espancado. E mesmo assim, não abriu a boca para se defender. Como cordeiro levado ao matadouro, Ele se entregou em silêncio, com dignidade e com fé.

Os últimos passos de Jesus O levaram ao Gólgota, lugar de morte e vergonha. Ali, Ele foi pregado em uma cruz entre dois criminosos. A multidão zombava, os soldados o feriam, e os discípulos estavam quase todos escondidos. Mas Jesus, mesmo em meio à dor, continuava revelando graça.

Ele olhou para os que o crucificavam e disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” Olhou para o ladrão arrependido e prometeu: “Hoje estarás comigo no paraíso.” Olhou para Maria e João e os uniu em amor: “Eis aí tua mãe... eis aí teu filho.” Por fim, Ele gritou: “Está consumado!” E, entregando o espírito, morreu. Não derrotado, mas vitorioso. Não vencido, mas triunfante.

Os últimos passos de Jesus foram passos de amor, de obediência e de redenção. Ele caminhou para a cruz para nos alcançar. Cada passo dEle abriu caminho para que nós tivéssemos vida.

Você já reconheceu o valor desses passos? Já se curvou diante do Cordeiro que caminhou até o fim por você?

Hoje é tempo de lembrar. Mas também é tempo de responder. Jesus foi até a cruz por você.
Agora é a sua vez de dar um passo em direção a Ele.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

18/sex/abr/25

 

 

A CRUZ: ESPERANÇA DE GLÓRIA

“Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.”   (Hebreus 12:2 – NVI)

Era uma noite de quinta-feira. Jesus tinha visto o sol se pôr pela última vez. Em cerca de quinze horas, Ele estaria pendurado na cruz. Em menos de vinte e quatro horas, estaria morto e sepultado — e Ele sabia disso. Mesmo assim, o mais impressionante é que Jesus ainda falava sobre Sua missão como algo que estava por vir, não como algo que já tinha terminado.” (Stott John. A cruz de Cristo, p. 67)

A Páscoa é uma das celebrações mais significativas da fé cristã. No Antigo Testamento, ela é mencionada cerca de 49 vezes e simboliza a redenção física do povo de Israel, marcado pela libertação do Egito e pelo sangue do cordeiro nas portas. No Novo Testamento, a Páscoa encontra sua plena realização em Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ela é citada aproximadamente 27 vezes, agora não mais como sombra, mas como realidade viva na morte e ressurreição de Cristo.

Essa grande festa nos convida a lembrar que Jesus morreu em nosso lugar e, ao terceiro dia, ressuscitou. É tempo de refletir sobre a cruz e o túmulo vazio — sobre a dor que Ele suportou e a vitória que Ele conquistou por amor a nós.

A cruz nos mostra que Jesus pagou pelos nossos pecados. A ressurreição nos garante que Ele venceu a morte e continua vivo. Por isso, a Páscoa não é só um tempo de tristeza. É um tempo de esperança e de alegria.

A cruz não foi o fim da história. Foi o começo de algo novo — o caminho que nos leva à vida eterna. Jesus enfrentou tudo aquilo com os olhos em algo maior: a glória que viria depois. E é isso que Ele quer que a gente também entenda.

O texto de Hebreus 12:2 diz que Jesus suportou a cruz por causa da alegria que viria depois. Ele sabia que estava obedecendo ao plano de Deus e salvando muitas vidas. Ele via lá na frente — via o propósito cumprido, via a glória, via você e eu sendo alcançados. Jesus sofreu, mas olhou para a glória. E agora, Ele quer que olhemos também para essa mesma direção. É essa esperança na glória que nos ajuda a suportar os tempos difíceis. Não estamos falando de prêmios terrenos ou conquistas pessoais. A maior recompensa que podemos receber é ver Cristo glorificado e sermos parecidos com Ele.

A Bíblia diz em 1 João 3:2: “Seremos semelhantes a Ele, pois o veremos como Ele é.” Essa é a promessa que nos sustenta. A cruz nos transforma. Ela não serve para nos dar status ou glória humana. Ela nos faz mais parecidos com Jesus.

Não é a ausência da dor que nos fortalece, mas a certeza de que a dor não é o fim da história. O sofrimento pode até nos abalar, mas, se mantivermos os olhos fixos em Cristo, ele também nos transforma: nos amadurece, nos molda e nos aproxima d’Ele. Tomar a nossa cruz e seguir a Jesus — como Ele mesmo nos ensinou — é exatamente isso: confiar que mesmo nos caminhos mais difíceis, Ele caminha conosco e faz brotar vida onde só havia dor.

O apóstolo Paulo entendeu isso profundamente. Ele escreveu em Romanos 8:18:
“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” Ou seja, a glória futura vale muito mais do que qualquer dor que possamos enfrentar agora.

A cruz foi pesada. A dor foi real. Mas a glória que veio depois foi muito maior. Jesus enfrentou tudo porque sabia o que viria. E Ele nos convida a fazer o mesmo: olhar além das dificuldades e seguir com fé. Se a gente só olha para os problemas do presente, acabamos desanimando. Mas quando olhamos para Jesus — aquele que começou e vai terminar a nossa jornada de fé — ganhamos força para continuar.

A cruz, então, não é só lembrança de dor. Ela é símbolo de esperança. Ela nos lembra que, mesmo em meio ao sofrimento, Deus está fazendo algo maior. E que o nosso destino final não é o sofrimento, mas a glória de estar com Cristo e ser como Ele é.

Nesta Páscoa, não pare na cruz. Olhe além dela. Jesus enfrentou a dor pensando na alegria que viria depois. Ele quer que você faça o mesmo. Não se prenda só às dificuldades que está  passando agora. Levante os olhos. Fixe o olhar em Jesus.

A cruz nos levou à esperança. E essa esperança vai nos levar à glória. E quando O virmos, seremos como Ele é. Aleluia!

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

17/qui/abr/25

 

A HORA DE JESUS — QUE HORA É ESSA?

“Tendo chegado a hora, Jesus olhou para o céu e disse: ‘Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique’.”  (João 17:1 – NVI)

Falar sobre a Páscoa é falar sobre a hora de Jesus. Não apenas sobre a cruz, mas sobre o momento exato em que o plano de Deus se cumpriria plenamente. Era a hora da entrega, da glória, do retorno ao Pai. Mas que hora é essa?

A Bíblia fala muitas vezes sobre essa "hora". No evangelho de João, ela aparece como um tema que atravessa toda a história de Jesus. Desde o começo do ministério dEle, essa hora ainda não tinha chegado. Tudo acontecia no tempo certo, de acordo com a vontade do Pai. Nada fugia do plano de Deus.

No primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná, quando sua mãe o chama para resolver a falta de vinho, Ele responde: “Disse Jesus: ‘Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou’.” (João 2:4 - NVI). Maria e os discípulos não entenderam. Mas João queria que nós entendêssemos: Jesus já tinha consciência de que sua missão apontava para um momento muito específico, onde Ele se revelaria plenamente — na cruz.

Mais adiante, enquanto o povo se admirava com seus sinais e palavras, os líderes religiosos tentavam prendê-lo. Mas João registra: “Procuravam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora.” (João 7:30 - NVI). Tudo estava no tempo certo. A hora de Jesus não era determinada pelos homens, mas pelo Pai. Ele caminhava com segurança até o momento exato.

E então, algo surpreendente acontece: alguns gregos — estrangeiros que tinham ido adorar em Jerusalém — procuram os discípulos e dizem: “Queremos ver Jesus.” (João 12:21 - NVI).  Ao saber disso, Jesus declara: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem.” (João 12:23 - NVI).

Agora sim, a hora havia chegado.

Mas... que hora era essa? A hora de ser exaltado? De ser aclamado? De mostrar poder?
Não. Era a hora da cruz. A hora da entrega. A hora de revelar o amor do Pai. Era a hora em que o Cordeiro seria morto para tirar o pecado do mundo. A hora que mudaria a história da humanidade.

Embora Jesus tenha morrido por causa dos nossos pecados, Ele não foi um mártir. Ele não foi pego de surpresa nem forçado. Pelo contrário, foi para a cruz por vontade própria. Desde o começo do seu ministério, Ele já sabia qual seria o seu destino e se entregou a ele com consciência e decisão.

Quando Jesus ora ao Pai antes de ser preso, Ele diz com clareza: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique.” (João 17:1 - NVI).  Essa hora é o centro de tudo. É o momento da obediência máxima, do sacrifício mais profundo e da expressão mais intensa do amor de Deus.

Essa hora também era esperada nas Escrituras. Isaías 53 já apontava que o Servo do Senhor seria rejeitado, humilhado e morto. Jesus sabia disso. Sabia que nasceria para essa hora. Ele mesmo disse: “Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai.” (João 10:18 - NVI)
Ou seja, essa hora não foi imposta — foi escolhida.

Quem entregou Jesus para morrer? Não foi Judas, por causa do dinheiro. Não foi Pilatos, por medo. Nem foram os judeus, por inveja. Foi o próprio Pai — por amor. (Murray, John, Romanos, v.1, p. 324)

Na cruz, Jesus não foi vencido. Ele venceu. Ele tomou o nosso lugar e carregou o peso do nosso pecado. Essa hora, que parecia ser de escuridão, foi na verdade a hora mais gloriosa da história. Porque naquela cruz, o céu tocou a terra. E o caminho da salvação foi aberto.

O apóstolo Paulo confirma isso ao dizer: “De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios.” (Romanos 5:6 - NVI). Sim, a hora de Jesus foi também a nossa hora de recomeçar. A partir dali, tudo mudou.

E você? Já reconheceu que essa hora também é para você? A Páscoa nos convida a entender que a cruz não foi uma derrota, mas uma escolha de amor. Jesus enfrentou a sua hora por você. Agora é a sua hora de responder.

Não deixe essa Páscoa ser apenas uma lembrança bonita. Receba Jesus, o Cordeiro. Viva a hora da graça. Viva a hora da redenção. A hora é agora.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.

Pr. Décio Fonseca

16/qua/abr/25

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